Carta Pastoral de Dom Josafá Menezes da Silva sobre o significado do 40º Aniversário da Criação da Diocese de Barreiras

Dom Josafá Menezes da Silva escreve uma Carta Pastoral sobre o significado do 40º Aniversário da criação da Diocese de Barreiras no dia 21 de Maio de 2019, e convida todo o povo de Deus para a programação do dia 23 de Maio 2019, que é um dia de Ação de Graças em todas as paróquias e comunidades da Diocese de Barreiras.

 

 

“CARTA PASTORAL”

 

 

POR OCASIÃO DA CELEBRAÇÃO DOS 40º ANIVERSÁRIO DE CRIAÇÃO DA DIOCESE DE BARREIRAS

 

 

Queridos irmãos e irmãs, padres, diáconos, religiosas, seminaristas, ministros, líderes das comunidades, pastorais, movimentos, serviços e todos os membros do povo de Deus desta Diocese de Barreiras

O dia 21 de maio de 2019 é uma data importante para a Igreja de Deus que está em Barreiras, porque comemoramos o 40º aniversário do Decreto que erigiu a Diocese de Barreiras e o que nomeou o seu primeiro bispo, Dom Ricardo Weberberger, OSB.

Em nome de São João Paulo II, assinaram o Cardeal, Secretário de Estado, Agostinho Casaroli e o Cardeal Prefeito da Congregação para os Bispos, Sebastião Baggio, a Bula “IN HAC SUPREMA” – as primeiras palavras em latim, que traduzimos por “Nesta suprema cátedra” – e o mesmo Cardeal, Secretário de Estado, a nomeação de Dom Ricardo.

As decisões principais foram duas:

Primeiro: “Separamos integralmente da Diocese de Barra, como está circunscrita na atual lei civil, os municípios que, em língua portuguesa se chamam: Angical, Baianópolis, Barreiras, Brejolândia, Catolândia, Cotegipe, Cristópolis, Formosa do Rio Preto, Riachão das Neves, Santa Rita de Cássia, São Desidério, Tabocas do Brejo Velho e destes formamos a nova Diocese, que se chama Barreiras, dentro dos limites aqui indicados, que, como se disse, formam estes municípios” (Bula IN HAC SUPREMA).

Segundo. “Para que a Igreja de Barreiras, que foi elevada à Diocese no mesmo dia com a Bula “In hac suprema” não fique sem pastor, achamos por bem confiar a ti, nosso querido filho [Ricardo José Weberberger] o seu pastoreio (Bula de Nomeação).

Estava oficialmente criada a Diocese de Barreiras, coroando os esforços dos Bispos da Diocese da Barra, de modo especial, Dom Orlando Octacílio Dotti, OFMCap., 5º Bispo Diocesano, que conduziu, com êxito a última etapa do processo, entregando a documentação na sede da Nunciatura em 27 de julho de 1977. O Núncio Apostólico, Dom Carmine Rocco, fez os encaminhamentos para os órgãos da Santa Sé, especialmente ao Papa, São Paulo VI, a quem “Compete exclusivamente à suprema autoridade da Igreja erigir Igrejas Particulares” (Cânon 373 do CIC).

Em Barreiras, “cidade florescente e uma paróquia que realiza um trabalho pastoral organizado” (Dom Orlando Dotti), estavam prontas as estruturas físicas mínimas, Residência do Bispo e a Cúria Episcopal, e as espirituais necessárias para o início da nova aventura eclesial.

Esperava-se que Roma se pronunciasse em 1978, mas aquele foi um ano atípico: na sede de São Pedro se sucederam três papas. Em 06 de agosto de 1978, morre o Papa, São Paulo VI. Em 26 de agosto de 1978, é eleito João Paulo I, que no dia 28 de setembro do mesmo ano, deixa vacante a sede petrina com apenas 33 dias de pontificado. Eleito Papa em 26 de outubro de 1978, coube a São João Paulo II criar a Diocese de Barreiras.

“Diocese” é uma palavra que vem do grego – “dia” + “oikos”, que contém a ideia de “casa”. Em latim, “dioecesis” quer dizer distrito de uma província administrativa. Criar uma Diocese significa, então, constituir um território autônomo entregue à direção de um bispo.

“A diocese é a porção do povo de Deus que é confiada ao Bispo para ser apascentada com a cooperação do presbitério, de tal modo que, aderindo ao seu pastor e por este, congregada no Espírito Santo, mediante o Evangelho e a Eucaristia, constitua a Igreja particular, onde verdadeiramente se encontra e atua Igreja de Cristo una, santa, católica e apostólica” (Cânon 369 do CIC).

Portanto, há quarenta anos atrás, nascia a nova realidade eclesial, com sede na Cidade de Barreiras, e se anunciava também o seu primeiro Bispo, Dom Ricardo Webeberger, até então, pároco da Paróquia São João Batista.

Não é justo que este aniversário aconteça sem que elevemos a Deus um agradecimento pelos imensos benefícios que Dele recebemos durante esses anos. “Te Deum Laudamus” – “A ti, ó Deus, louvamos”.

Certo, e como temos feito nos vários aniversários da Diocese de Barreiras, homenageamos os vários personagens, bispos, padres, diáconos permanentes, religiosas, leigos e leigas que construíram a bela e vitoriosa trajetória diocesana. Mas não perdemos de vista o que diz o Salmo 115: “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por teu amor e tua verdade”.

Na Igreja, não celebramos nós mesmos, mas o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

O Pai de Bondade, no seu desígnio de amor pelo povo desta região, quis reunir em Cristo Jesus, Redentor do Homem e no Divino Espírito, uma multidão de fiéis; constituir um rebanho; plantar uma lavoura; construir um edifício espiritual; formar uma família; edificar uma cidade celeste e se unir fielmente a uma esposa, cumulando-a para sempre de dons celestes para ser distribuídos entre todos os homens e mulheres, membros da humanidade (cf. LG n. 6)[1]

A criação de uma nova Diocese acontece, então, para que as populações da região possam ser melhor evangelizadas, considerando-se a vasta extensão territorial da Diocese da Barra, o incremento populacional e o desenvolvimento sócio e religioso, desta parte do Oeste da Bahia.[2]

Foram muitos os frutos bem concretos que recebemos nesses anos de história: “Irmãos e irmãs,  olhando para passado e para o presente, podemos fazer uma lista longa até: de homens e mulheres, bispos, sacerdotes, religiosas, diáconos, agentes pastorais, líderes de movimentos e associações, pais e mães de famílias, políticos e simples cidadãos, jovens e adultos, agricultores e comerciantes, brasileiros e estrangeiros – entre eles austríacos -, que encontraram recursos e condições materiais, humanas e institucionais; com os quais foram construídas: Residência do Bispo, Cúria Diocesana, Casa de Retiro de São Bento, igrejas, santuários, capelas rurais e urbanas, casas paroquiais, centros comunitários e paroquiais, creches, abrigos de idosos, casas de passagem, escolas urbanas e agrícolas; rádios comunitárias, sede de sindicatos rurais e de associações, casas populares, estruturas de proteção para menores, adolescentes e jovens em situação risco e outras realidades, onde o povo se reuniu como “comunidade de comunidades” para compreender e viver a sua vocação missionária a serviço da vida digna. A todas essas pessoas somos devedores reconhecidos e a elas nos unimos para dar novos passos. Por essas edificações e pelas pastorais sociais e instituições coordenadas pela Caritas Diocesana; podemos entender que a Diocese de Barreiras desenvolveu uma função evangelizadora que sem descuidar das questões estritamente espirituais, incidiu profundamente nos campos da reforma agrária, educação, saúde, ocupação urbana, do crescimento sustentável e dos outros desafios e angústias desta imensa região” (Dom Josafá, Homilia da Missa dos 35 anos da Diocese de Barreiras).

Como o dia 21 de maio é uma terça-feira e no 23 de maio de 1979, aconteceu a publicação da notícia no Observatório Romano, sendo uma quinta-feira, um dia normalmente eucarístico, convocamos todos os padres, diáconos permanentes, religiosas, seminaristas, leigos e leigos, membros do povo de Deus e os homens e mulheres de boa vontade para um dia de Ação de Graças, em cada paróquia, cujo programa apresentamos oportunamente.

Rezando neste dia 23 de maio e nos outros momentos deste ano de 2019, queremos reforçar a consciência que devemos continuar a missão, que somos discípulos missionários, que a Diocese de Barreiras é uma Igreja em estado permanente de missão, em “saída” como diz Papa Francisco: “Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo! […] Se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a nossa consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida” (Papa Francisco, Evangelii Gaudium, n. 49).

As celebrações dos quarenta anos se constituem, assim, uma ocasião para continuarmos a redescobrir a nossa genuína vocação de Povo da Aliança, chamado a um renovado caminho de evangelização e uma maior vitalidade das nossas paróquias e comunidades, pastorais, movimentos, associações e serviços, que estão sob o impulso dos leigos e leigas, sujeitos eclesiais e fermento de vida plena na sociedade tão marcada por tantas injustiças.

Que a Igreja que está em Barreiras seja lugar de comunhão e santificação entre Cristo e a humanidade, sinal do Reino de Deus, visível e humildemente presente no mundo. Habitada pelo Espírito, como em Pentecostes, seja como um templo vivo para a glória de Cristo (cf. 1 Cor 3, 16; 6, 19). Guida pela verdade (cf. Gv 16, 13) e enriquecida pelos dons hierárquicos e carismáticos, seja ornada de frutos para a vida eterna (cf. Ef 4, 11-12; 1 Cor 12, 4; Gal 5, 22).

Nesta hora tão solene, retomo as palavras que disse quando aqui cheguei. “As terras do território da diocese de Barreiras reproduzem, então, o mistério do semeador do Evangelho. A semente nasceu, cresceu, espigou, amadureceu […] Foi feito cem por um. Temos esperanças de que sua fertilidade não se findará!” (Dom Josafá, 26.02.2011).

Maria, Mãe do Evangelho Vivente, rogai por nós!

A São João Batista e todos os nossos padroeiros e titulares, confiamos a programação dos 40 anos e o futuro desta Igreja tão amada por Deus em Cristo Jesus, Redentor do Mundo, a quem devemos constantemente anunciar!

Deus os abençoe!

Dom Josafá Menezes da Silva
Bispo da Diocese de Barreiras

 

Barreiras, 1º de maio de 2019

Memória de São José Operário

 

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[1] Considerando somente o benefício de graça da administração dos sacramentos, os livros paroquiais e diocesanos registram de 1979 até o início de 2019: Batizados – 213.702; crismas – 80.958; Matrimônios – 28.726; Ordenação Presbiteral – 25 e Ordenação Episcopal: 2.

[2] Quando foi criada a Diocese da Barra o seu território era de aproximadamente 246.214 km2. Depois dos desmembramentos das Dioceses de Bom Jesus da Lapa, Juazeiro, Barreiras e Irecê com o Bispo da Barra permaneceu o território de 43.701 km2.

 

 

 

 

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