08 de Outubro de 2018, Segunda-feira: Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?” (v. 29).

Leitura: Gl 1,6-12

Nos próximos dias ouvimos trechos da carta de Paulo aos Gálatas, chamada “manifesto da liberdade cristã”. Seus temas, a justificação pela fé e a liberdade em Cristo, serão retomados pela carta aos Romanos de maneira mais calma e refletida. Em Gl, Paulo mostra seu caráter forte e apaixonado.

A Galácia não era uma cidade, mas uma região da Ásia Menor (ao redor da atual capital da Turquia, Ancara). Na segunda viagem missionária, Paulo atravessou “a Frígia e a região da Galácia” (At 16,6), e aí fundou comunidades, depois visitadas (At 18,23) durante a terceira viagem (53-57 d.C.). Provavelmente no fim da sua longa estadia em Éfeso (At 19,1-21,1), em 56-57, Paulo escreveu esta carta aos cristãos gálatas que estavam em perigo de perder sua liberdade cristã (cf. 1,4; 5,1.13). Ora, essa população tinha origem diversificada, e não conhecia a religião judaica. Alguns pregadores, denominados “judaizantes”, ensinavam que era necessário observar a Lei de Moisés, como a circuncisão (cf. Gn 17), mesmo depois de aderir a Cristo. Além disso, ridicularizavam Paulo, negando a sua autoridade de apóstolo, porque ele não pertencia ao grupo dos Doze. Diziam também que a doutrina sobre a caducidade da Lei era invenção de Paulo, e não correspondia ao pensamento da igreja de Jerusalém (cf. At 15).

Na saudação, Paulo destaca o título “apóstolo – não da parte dos homens nem por intermédio de um homem, mas por Jesus Cristo” (1,1) e a libertação obtida pela morte de Cristo (v. 4). Em seguida começa logo com uma exortação, e não com uma ação de graças como era de esperar (cf. Rm 1,8; 1Cor 1,4; 2Cor 2,11; Fl 1,3; Ef 1,16; Cl 1,3; 1Ts 1,2; 2Ts 1,3; 1Tm 1,12; 2Tm 2,3; Fm 1,4). O ataque se deve ao fato de os gálatas estarem se desviando para outro evangelho, que os levaria à escravidão.

Admiro-me de terdes abandonado tão depressa aquele que vos chamou, na graça de Cristo, e de terdes passado para um outro evangelho. Não que haja outro evangelho, mas algumas pessoas vos estão perturbando e querendo mudar o evangelho de Cristo (vv. 6-7).

A costumeira ação de graças é substituída aqui por uma apóstrofe irônica e veemente. O único Evangelho é o anúncio da vida nova, dada unicamente pelo Cristo. “Aquele que vos chamou, na graça de Cristo”, poder-se-ia também traduzir: “aquele que vos chamou por graça, o Cristo” (cf. Rm 1,6). Uma mensagem que compromete a novidade e a gratuidade da salvação não é mais o Evangelho, como diz Paulo logo no v. 7. Os judaizantes tentam falsificar o evangelho autêntico. Não é “outro”, porque não eliminam a Cristo, mas ao deformar substancialmente sua mensagem libertadora, “passam” a outro (At 15,24). Compare-se com os israelitas da aliança: prestando culto ao verdadeiro Deus, que os libertou da escravidão do Egito, só que adorando em imagem de touro (“bezerro de ouro”, Ex 32) voltaram aos costumes do Egito.

A Bíblia de Jerusalém (p. 2188) comenta:

Há um só evangelho (vv. 6-8; 2Cor 11,4), pregado por todos os apóstolos (1Cor 15,11), para cujo serviço Deus destacou o apóstolo Paulo (Rm 1,1; 1Cor 1,17; cf. Gl 1,15-16). Como nos evangelhos (Mc 1,1) e nos Atos (At 5,42) de viva voz e escutada. Seu conteúdo é a revelação do Filho Jesus Cristo (Rm 1,1-4), ressuscitado dentre os mortos (1Cor 15,1-5; 2Tm 1,10), após sua crucificação (1Cor 2,2), o qual, em favor de todos os pecadores, quer judeus quer gentios (Rm 3,22-24), instaurou a economia da justiça (Rm 1,16) e da salvação (Ef 1,13), anunciada pelos profetas (Rm 16,25-26; 1Pd 1,10). Frequentemente, a palavra “evangelho” exprime ao mesmo tempo a atividade do apóstolo e a mensagem que ele anuncia (2Cor 2,12; 8,18; Fl 1,5.12; 4,3.15; Fm 13; 1Ts 3,2). A eficácia desta proclamação é devida ao poder de Deus (1Ts 1,3; cf. 2,13): palavra da verdade que manifesta a graça de Deus (Cl 1,5-6; Ef 1,13; 2Cor 6,1; At 14,3; 20,24.32), ela produz a salvação em quem a acolhe pela fé (Rm 1,16-17; 3,22; 10,14-15; Fl 1,28) e lhe obedece (Rm 1,5; 10,16; 2Ts 1,8); ela frutifica e se desenvolve (Cl 1,6) e por ela o ministério do apóstolo que a “realiza” (Rm 15,19) torna-se a fonte primeira de toda a esperança cristã (Cl 1,23).

Pois bem, mesmo que nós ou um anjo vindo do céu vos pregasse um evangelho diferente daquele que vos pregamos, seja excomungado. Como já dissemos e agora repito: Se alguém vos pregar um evangelho diferente daquele que recebestes, seja excomungado (vv. 8-9).

Paulo lança dupla maldição sobre quem anunciar esse evangelho diferente (2Cor 11,4). É quase uma apostasia (abandonar a fé) a favor de uma suposta “boa noticia” (evangelho significa Boa Nova) que não é boa. Em v. 8, o condicional irreal reforça a afirmação; “anjo do céu” ou enviado celeste ou enviado de Deus (cf. o profeta Miquéias ben Yimla e o falso profeta em 1Rs 22,19-23).

O evangelho que Paulo prega não admite alternativa; quem tenta suplantá-lo merece a condenação sagrada do anátema (seja excomungado”), é execrável objeto de maldição (cf. Dt 7,26; 1Cor 5,5). O termo corresponde ao hérem hebraico, que sugere excomunhão, designando o castigo que excluía um homem do povo de Deus. Paulo o evoca paradoxalmente a propósito da volta às prescrições da lei judaica. Tal volta seria uma perversão do Evangelho pela qual a pessoa se excluiria da graça divina.

Será que eu estou buscando a aprovação dos homens ou a aprovação de Deus? Ou estou procurando agradar aos homens? Se eu ainda estivesse preocupado em agradar aos homens, não seria servo de Cristo (v. 10).

Na retórica clássica procurava-se agradar ao auditório (captatio benevolentiae). Paulo renuncia a isso para manter sua liberdade de denúncia. Para agradar ao ouvinte escraviza-se ao gosto alheio e trai a mensagem: “eu o odeio porque não me profetiza o bem”, dizia o rei de Israel acerca do profeta Miquéias, filho de Jemla (1Rs 22,8; cf. também no Testamento de Isaías, Is 30,10). Paulo parece-se mais com os profetas do AT (Jr 15,19; Mq 3,8) do que com os pregadores helenistas.

Certamente os judaizantes acusavam Paulo de não obrigar os gentios (não-judeus) à circuncisão para mais facilmente os conquistar; mas desta vez sua linguagem de modo algum pode ser tachada de oportunismo. Ele não tem medo de lançar o anátema; se o apóstolo liberta os pagãos das observâncias legais, não é para agradar aos pagãos, mas unicamente por fidelidade ao Evangelho. “Se eu ainda estivesse preocupado em agradar aos homens” seria como outrora, antes de sua conversão, quando Paulo pregava a circuncisão (cf. vv. 13-14).

 

Irmãos, asseguro-vos que o evangelho pregado por mim não é conforme a critérios humanos. Com efeito, não o recebi nem aprendi de homem algum, mas por revelação de Jesus Cristo (vv. 11-12).

Os vv. 11-12 dão-nos aproximadamente e em ordem inversa a composição da carta. O evangelho de Paulo não procede de homens (pará anthrópou 1,13-2,21), não é segundo os homens (katá anthrópon 3,1-6,10); irá comprová-lo com dois argumentos da Escritura tomados do ciclo de Abraão (segunda a escritura: katá graphen 3,6-9 e 4,21-31).

“Conforme a critérios humanos”, lit. segundo o homem. O Evangelho não vem do homem, e é por isso que, longe de se acomodar às inclinações do homem, dá à existência humana uma orientação nova.

A pregação de Paulo não é de mero caráter humano, não é um humanismo nem uma doutrina ou escola filosófica entre outras da época. Tampouco é de tradição rabínica, diz Paulo que era discípulo do mestre Gamaliel (At 5,34-39; 22,3). Tampouco é a da tradição sapiencial, mas de estirpe profética, “por revelação” (cf. Is 50,4), “por revelação de Jesus Cristo”.

A revelação direta a Paulo tem por autor Jesus Cristo; o Crucificado manifestou-se a ele como Ressuscitado (v. 16; At 9,4s). No vv. 15-16, ao evocar a vocação de Jeremias (Jr 1,5) e a do Servo de Javé em Is 49,1, ele se lembra de que a sua vocação era receber esta revelação para anunciá-la aos pagãos, uma revelação da qual Jesus Cristo foi ao mesmo tempo autor e objeto (v. 16). Não significa necessariamente que Paulo tenha aprendido tudo por revelação direta, muito menos tudo de uma vez, no caminho de Damasco (At 9). Aqui ele se refere à doutrina da salvação pela fé, sem as obras da Lei, que era o único ponto de litígio.

A Nova Bíblia Pastoral (p. 1419) comenta os vv. seguintes:

Para explicar o que é o seu evangelho, Paulo começa pela sua experiência pessoal, testemunhando o que causou essa invasão do Cristo ressuscitado em sua vida. Apela para seu passado: a vivência zelosa no judaísmo e a perseguição à igreja de Deus. Destaca sua vocação: separado desde o seio materno e chamado a evangelizar os gentios, na esteira dos profetas Isaías e Jeremias (v. 15; Jr 1,5). Em toda essa autodefesa inicial, o destaque é dado à revelação divina, frisando sempre que não foi por influência humana, nem a mando dos apóstolos, que começou a atuar. Sua vocação e missão dependem exclusivamente de Deus. Os dados que recordam sua vocação podem ser confrontados com as narrativas de Lucas, em At 9,1-18; 22,5-16; 26,9-18.

 

Evangelho: Lc 10,25-37

Ouvimos hoje a questão do maior mandamento. Enquanto Mc e Mt relatam este episódio durante os últimos dias de Jesus em Jerusalém, Lc o insere no começo da viagem de Jesus a Jerusalém, encabeçando os ensinamentos dados aos discípulos. Ele completa a lição acrescentando-lhe uma parábola própria, a do bom Samaritano que demonstra como o discípulo deve ser o “próximo” de todos.

Um mestre da Lei se levantou e, querendo pôr Jesus em dificuldade, perguntou: “Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” Jesus lhe disse: “O que está escrito na Lei? Como lês?” Ele então respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e ao teu próximo como a ti mesmo!” Jesus lhe disse: “Tu respondeste corretamente. Faze isso e viverás” (vv. 25-28).

Antes de analisar o texto de Lc, devemos compará-lo com Mc 12,28-24 que Lc copiou, mas modificou. Em Mc, era um “escriba” e sua pergunta era diferente: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?” No AT, precisamente na Lei de Moises (Torá, ou Pentateuco, os primeiros cinco livros) existem 613 leis ou mandamentos. As repostas dos rabinos geralmente citaram um mandamento do decálogo (1º ou 3º ou 4º ou 5º mandamento). Jesus, porém, responde citando nenhuma lei do decálogo, mas duas frases distintas de dois livros do Pentateuco: Dt 6,4-5 e Lv 19,18. A resposta resume as duas tábuas do decálogo: amor a Deus (1º a 3º mandamento) e ao próximo (4º a 10º mandamento), mais ainda, resume a essência e o espírito da vida humana num ato único com duas faces inseparáveis: “Amar a Deus” com entrega total (“coração, alma, força e inteligência”) de si mesmo, porque o Deus verdadeiro e absoluto “é um só” (Dt 6,4) e, entregando-se a Deus, o homem desabsolutiza a si mesmo, o próximo e as coisas. “Amar ao próximo” como a si mesmo, isto é, a relação num espírito de fraternidade e não de opressão ou de submissão. O dinamismo da vida é o amor que tece as relações entre os homens, levando todos os encontros, confrontos e conflitos que geram uma sociedade cada vez mais justa e mais próxima do Reino de Deus.

Em Mt 22,36 e Mc 12,38, a pergunta refere-se, à maneira judaica, ao “maior” (Mt) ou ao “primeiro” (Mc) mandamento. Lc prefere uma formulação mais significativa para os seus leitores gregos e romanos, não interessados numa disputa entre rabinos sobre a lei mosaica (Mt sim), por isso o “mestre da Lei” (legista) lança uma pergunta mais ampla sobre a salvação ou seja “ganhar a vida eterna” (cf. 18,18p). Em Lc, porém, Jesus responde com outra pergunta (cf. 20,3). Assim, ele obriga o seu interlocutor a tomar por si mesmo uma posição.

Em Mc 12,34, Jesus reconheceu que o escriba “não está longe do Reino de Deus”. Em Mt 22,35, um dos legistas fariseus arma uma cilada a Jesus. Em Lc, o escriba quer “pôr Jesus em dificuldade”, no entanto, Jesus encontra nele um interlocutor bem-disposto (vv. 27s.37): Aqui é o mestre da Lei quem acha a resposta certa, enquanto em Mt 22,37 e Mc 12.29 é Jesus quem a dá. Na realidade, os rabinos da época poderiam ter citado ambos os textos, um depois do outro: mas é duvidoso que eles atribuíssem a mesma importância ao segundo e ao primeiro. Lc quer mostra aqui como a mensagem de Jesus estava preparada pelo AT.

O teólogo (mestre da Lei) sabe que o amor total a Deus e ao próximo é que leva à vida (Lc 10,28; cf. Lv 18,5). Mas, não basta saber. É preciso amar concretamente.

Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?” (v. 29).

Para justificar sua pergunta inicial, ou antes, querendo mostrar a seriedade da sua indagação, o legista pergunta: “Quem é o meu próximo?”

No AT, a questão quase não se põe: o próximo é todo membro do povo de Israel, excluindo os estrangeiros (Ex 20,16s; 21,14. 18,35; Lv 19.11.13.15-18…). Lc introduz essa pergunta para apresentar a ampliação, por Jesus, da noção tradicional. Na época de Jesus, a maioria dos judeus já vivia fora do pais, enquanto muitos pagãos residiam no pais. Então havia respostas diferentes. Para os fariseus, o “próximo” era aquele que guardava a Lei de Moisés. Na comunidade de Qumran, só os próprios membros daquela seita se consideravam “próximos”. Para os zelotas, o “próximo” era aquele que se dispôs para a luta contra os romanos.

Jesus respondeu: “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de assaltantes. Estes arrancaram-lhe tudo, espancaram-no, e foram-se embora deixando-o quase morto (vv. 30).

Jesus responde com uma parábola, como em 7,40-43; 14,16-24; 15,3-32. Esta não é uma historinha de comparação (o reino de Deus é como…), mas de um exemplo que apresenta uma atitude a imitar ou evitar (cf. 12.16-21; 14,28-32; 16,1-8; 18.9-14); ela vai conduzir o legista a ultrapassar a sua estreita perspectiva (vv. 36-37).

Um homem “descia de Jerusalém” (capital da Judéia) “para Jericó” (antiguíssima cidade perto da foz do rio Jordão, famosa por suas palmeiras, onde Herodes construiu sua residência de inverno, cf. Js 6; Lc 18,35-19,28). Era um judeu, como se pode concluir do contexto e do lugar. A estrada de Jericó para Jerusalém, de aproximadamente vinte e cinco quilômetros, atravessa o deserto de Judá, e era, naquela época, infestada de bandidos.

Por acaso, um sacerdote estava descendo por aquele caminho. Quando viu o homem, seguiu adiante, pelo outro lado. O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu o homem e seguiu adiante, pelo outro lado. Mas um samaritano que estava viajando, chegou perto dele, viu e sentiu compaixão. Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal e levou-o a uma pensão, onde cuidou dele. No dia seguinte, pegou duas moedas de prata e entregou-as ao dono da pensão, recomendando: “Toma conta dele! Quando eu voltar, vou pagar o que tiveres gasto a mais” (vv. 31-35).

Segundo um uso corrente nas parábolas, aqui aparecem três personagens (cf. Lc 14,18-20; 19,16-24p; 20,10-12). Dois são representantes de Israel, um “sacerdote” e um “levita” (ajudante no templo). De ambos esperava-se que ajudassem seu conterrâneo assaltado, mas passaram adiante.

O sacerdote “estava descendo” de Jerusalém e, em vez de ajudar, “seguiu adiante, pelo outro lado. O mesmo aconteceu com um levita”.  Os dois não queriam se contaminar com o “quase morto” (os mortos eram considerados impuros, cf. Lv 21,1.11; Nm 6,9; 19,11-13; 31,19; Ag 2,13; Ez 44,25-27; Is 65,4)? Mas eles não subiram para um serviço religioso no templo de Jerusalém (800m acima do nível do mar), mas “desceram” em direção à cidade das palmeiras, Jericó (200m abaixo do nível do mar), foram ao descanso na chácara?

Inútil conjeturar sobre os seus motivos: eles não passam de um contraste destinado a valorizar a terceira pessoa. Espera-se agora um judeu comum que não tem obrigações cultuais. Mas vem o “samaritano”, o outro, o estrangeiro e o herege, do qual não se esperava normalmente senão ódio.

Os judeus evitaram as relações com samaritanos, a quem odiavam por causa de suas origens bastardas e divergências religiosas (2Rs 17; Esd 4; Eclo 50,25-26; Jo 4,9; 8,48). Jesus rompe com essas querelas (9,51-56; 10,33-37; 17,16-19; At 8,5-25; cf. Jo 4,4-42). Os samaritanos serão os primeiros a acolher o Evangelho fora de Israel (At 1,8; 8,4-8).

O inimigo/estrangeiro faz o que os amigos/conterrâneos deviam ter feito. Ajuda em tudo quanto pode. A medicina desse tempo utilizava o azeite para acalmar a dor (Is 1,6) e o vinho para desinfetar as feridas.

(E Jesus perguntou:) ”Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele.” Então Jesus lhe disse: “Vai e faze a mesma coisa” (vv. 36-37).

A parábola do samaritano mostra que o próximo é quem se aproxima do outro para lhe dar uma resposta às necessidades. Nessa tarefa prática, o amor não leva em conta barreiras de raça, religião, nação, ou classe social. O próximo é aquele que eu encontro no meu caminho. O mestre da Lei estabeleceu limites para o amor: “Quem é o meu próximo?” Jesus muda a pergunta: “O que você faz para se tornar próximo do outro?” Jesus lhe sugere através desta parábola: o próximo é todo homem que se aproxima dos outros com amor, mesmo quando são estrangeiros ou hereges. Ninguém mais deve perguntar como o legista: Quem é o meu próximo? Mas: Como serei eu o próximo de todo homem? O velho particularismo de Israel, bem como o judaísmo dos doutores, estilhaça-se diante do evangelho. O orgulho de Israel ser o povo eleito deu lugar ao universalismo da Igreja, que Lc narrará no seu segundo volume (cf. At 10,34s).

O site da CNBB comenta: O maior mandamento que Jesus nos deu foi a Lei do Amor. Mas infelizmente, a palavra amor tem inúmeras conotações no dia de hoje, a maioria delas contrária ao espírito do Evangelho e aos valores do Reino, daí a importância da parábola do Bom Samaritano que nos mostra que amor de verdade é gesto concreto, é sair do próprio comodismo e ir ao encontro do outro, seja ele ou ela quem for, ser capaz de perceber todos os seus problemas e todas as suas necessidades, deixar-se mover pelo sentimento de compaixão e, cheio de misericórdia, fazer tudo o que estiver ao alcance para que a vida seja melhor para todos.

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