19 de junho de 2016 – 12° Domingo Ano C

 

1ª Leitura: Zc 12,10-11;13,1

A profecia de Zacarias foi escolhida como primeira leitura em vista do Evaneglho em que Jesus anuncia a morte do messias na cruz, cf. Zc 12,11: “Contemplarão aquele a quem transpassaram”. Zacarias atuou entre 520 e 518, motivando, como Ageu, a reconstrução do templo após a volta do exílio. Mas os caps. 9 a 14 são de redatores posteriores (cf. Mt 27,9 que atribuiu Zc 11,12s a outro autor, Jeremias).

A Bíblia Pastoral comenta na introdução: A segunda parte, formada dos capítulos 9 a 14, foi escrita no período em que os gregos dominavam a Palestina, depois da grande campanha de Alexandre Magno (333 a.C.). O autor olha para o futuro do povo de Deus. Anuncia também o aparecimento do Messias com três características: rei (9,9-10), bom pastor (11,4-17 e 13,7-9) e «transpassado» (12,9-14). Ao ler esta segunda parte, é impossível não lembrar Jesus entrando em Jerusalém montado num jumentinho (rei-messias), ou quando afirma: «Eu sou o bom pastor»; ou ainda sofrendo a paixão e morte na cruz.

Assim diz o Senhor:

Nossa liturgia tirou esta expressão de 12,1, onde introduz uma nova parte (como em 9,1; diferente das expressões dos caps. 1-8), uma luta eschatologica (do fim dos tempos), guiada por Javé Deus (cf. Ez 38-39; Ap 20,7-10).

Derramarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de graça e de oração; eles olharão para mim. Ao que eles feriram de morte, hão de chorá-lo, como se chora a perda de um filho único, e hão de sentir por ele a dor que se sente pela morte de um primogênito (v. 10).

Diferente da efusão do espírito de Javé Deus em Jl 3,1s (citado em At 2,17-21) onde é derramado o espírito para transformar a comunidade antes do julgamento das nações, aqui acontece após a batalha que salvará de Jerusalém, um ”espírito de graça e de oração” (cf. Ez 11,19; 36,26; 39,29; com outros verbos Is 42,1; Ez 37,5) que transformará os judeus a uma atitude de confiança e abertura a Deus (”oração”) e de “misericórdia” (pode ser traduzir em vez de “graça”). Misericórdia e compaixão para com quem?

O povo, ao contemplar a vítima da sua fúria insensata, discerne os fatos e começa um processo de arrependimento. O caminho custa carro, com a morte de um inocente. A Tradução Ecumênica de Bíblia (p. 989s) comenta: Numa linguagem realista, Deus se declara a si próprio atingido pela morte infligida ao seu enviado. A continuação da frase distingue de novo Deus e o misterioso personagem evocado.

Ha variação de textos: O texto hebraico masorético marca mais claramente o corte depois de “olharão para mim”. A versão grega de Teodocião compreendeu: “olharão para aquele que eles feriram de morte (lit. traspassaram)”, e esta leitura foi retomada por Jo 19,37 como uma profecia da paixão de Cristo.

Aqui em Zc, o enigmático “transpassado” parece referir-se a um mártir inocente e anônimo, de cuja morte o povo é responsável. A Bíblia de Jerusalém (p. 1817) comenta: A morte do Traspassado situa-se em um contexto escatológico: levantamento do cerco de Jerusalém, luto nacional e abertura de uma fonte salutar. Haverá, pois, um sofrimento e uma morte misteriosos que terão lugar na realização da salvação. É um paralelo, mais nacionalizado e reduzido, da figura do Servo de Is 52,13-53,12 (cf. tb. Sl 69,27…).

Naquele dia, haverá um grande pranto em Jerusalém, como foi o de Adadremon, no campo de Magedo (v. 11).

A figura deste transpassado é um personagem extrordinário, porque sua morte causa um “grande pranto” como penitência e expiação de todos as classes sociais e gêneros (cf. vv. 12-14, omitidos pela nossa liturgia), o luto se compara “como se chora a perda de um filho único… de um primogênito”, que garantaria um futuro feliz (Am 8,10; Jr 6,26).

Como exemplo se alega o grande pranto com que os cananeus lamentavam a morte do seu deus “Adadremon” (Hadad-Rimon, identificado também com Baal e Tamuz, cf. 2Rs 5,18; Ez 8,14). Acreditava-se que este deus da vegetação morria no fim das colheitas, para reviver no retorno das chuvas. O culto devia tomar uma importância particular em Magedo (ou Meguido), na fértil planície de Jezreel.

A identidade do transpassado é muito discutida. Alguns aplicam o texto ao rei Josias, da casa davídica morto na batalha em Magedo em 609 a.C. (cf. 2Rs 23,29s). Mas a figura do transpassado neste contexto escatologico aponta para um messias do futuro. Como em Zc a “casa de Davi” tem importância iminente (cf. 12,8.10-12; 13,1), a interpretação messiânica parece a mais certa e mostra que no judaísmo a figura de um messias sofredor não era totalmente alheia.

Durante o exílio, Deutero-Isaías já apresentou o “Servo do Senhor” (os judeus veem nele o próprio povo, mas parece mais uma figura individual), que também é “traspassado” (Is 53,5), causa luto e conversão no seu povo e sua morte salvará “os muitos” dos seus pecados (Is 53,11s; cf. Mt 26,28). Zc só não fala ainda da ressurreição (cf. Is 53,10-12 com outras palavras), mas na época da redação, o judaísmo já começou refletir sobre o destino do “justo” e dos mártires (cf. Dn 12,2s; 2Mc 7; Sb 2-3).

Naquele dia, haverá uma fonte acessível à casa de Davi e aos habitantes de Jerusalém, para ablução e purificação (13,1).

A morte do transpassado torna-se símbolo do sofrimento purificador da vida do povo (cf. Nm 25,8.13: Fineas expia a comunidade traspassando um israelita com sua esposa estrangeira).

Essa purificação “acessível à casa de Davi e aos habitantes de Jerusalém” é consequência da morte violenta infligida ao misterioso traspassado. O pranto se completa com um rito lustral (Ez 36,25-27). Este manancial não deve ser confundido com a “água viva” fecunda de 14,8; substitui antes o depósito das abluções, oferecendo água corrente “para ablução e purificação” (lit.: “para o pecado e a mancha”). Sobre a fonte e nascente que regará a Jerusalém da era messiânica (cf. Is 12,3; Ez 47,1s).

Zc juntou o tema da luta final (escatológica, apocalíptica) com o do Servo de Deus de Is 53. Assim vemos que a libertação no judaísmo naõ significava apenas libertação dos povos inimigos, mas também remissaõ da culpa, redenção que o Servo de Deus, o messias traspassado transmite pela sua morte.

 

2ª Leitura: Gl 3,26-29

Na leitura de hoje ouvimos afirmações revolucionárias de Paulo que antecipam de certo modo o lema da revolução francesa no ano de 1789, “liberdade, fraternidade, igualdade”. Para Paulo, estes valores são uma consequência de sermos filhos de Deus na fé e no batismo.

Paulo tinha que se defender contra judaizantes que exigiam a circuncisão e o cumprimento da lei de Moisés também dos novo cristãos que vieram do paganismo (cf. At 15,1). Ele não nega a importância da Lei, chamando-a um “pedagogo” (na época um escravo que conduzia as crianças à disciplina): “Assim, a Lei foi como um pedagogo que nos conduziu até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé. Mas, uma vez inaugurado o regime da fé, já não estamos na dependência desse pedagogo” (vv. 24-25).

A Bíblia do Peregrino (p. 2797) comenta: Na família, o menino pequeno era confiado a escravos, que podiam ser cultos e amáveis, e também incultos e cruéis. Quando chegava a data da maioridade, decidida pelo pai, o filho se emancipava e adquiria todos os direitos, como filho e como herdeiro. A lei foi um tutor durante a menoridade do povo. Deus marca uma data na historia e envia seu Filho; e nós, unidos a ele (o singular se torna coletivo), somos filhos e herdeiros (Jo 1,12; Rm 13,14). O Espírito no-lo faz sentir e nos ensina a invocação filial primeira “Abba” (= papai), que contém tudo em germe; maturidade depois da infância, consciência depois da ignorância, liberdade depois da escravidão, esperança de uma herança transcendente.

Com efeito, vós todos sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo. Vós todos que fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo (vv. 26-27).

“Vós todos”; Paulo quer dizer, todos, não somente “nós”, judeus, mas também “vós”, gentios.

A Tradução Ecumênica da Bíblia (p. 2257) comenta: Os vv. 26 e 27 devem se comparados com 2,20. Este v. permite dar o verdadeiro sentido da imagem da vestimenta. Ela não sugere entre o Cristo e o batizado uma relação que permaneceria exterior; significa a influência do Cristo, que é total e transforma o batizado à sua imagem (cf. Cl 3,10).

Fé e batismo, longe de se oporem, incluem-se reciprocamente (cf. Rm 6,4-11).

O que vale não é mais ser judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um só, em Jesus Cristo (v. 28).

Todas as diferenças entre os homens cessam de ser separações; pois o Cristo une totalmente os que comungam em sua vida (cf. Cl 3,11). Variação de texto: “pois todos vós sois de Cristo Jesus”.

A Bíblia do Peregrino (p. 2797) comenta: O enunciado tem um sentido básico: todos iguais perante Deus, sem distinção. Tem ademais uma realização social, comunitária: em virtude da fé, judeus e gregos (pagãos) partilhavam uma mesa (At 10); escravos e senhores são irmãos (Fm), homens e mulheres falam e profetizam (2Cor 11,11-12; cf. Fl 4,2-3). Comparar com a profecia de Jl 3,1-4: o dom do Espírito não faz distinção de sexo, idade ou condição social. 

Sendo de Cristo, sois então descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa (v. 29).

Paulo volta falar da descendência de Abraão (vv. 6-9; cf. leitura de ontem), doravante constituída pelos filhos de Deus, que creem em Cristo e lhe pertencem, não mais por uma posteridade segundo a carne (cf. Fl 3,3), mas segundo o Espírito (cf. 4,6s; Rm 8,12-17).

A Nova Bíblia Pastoral (p. 1422) comenta os vv. 26-29: Este é o texto central da carta. Nele está a convicção básica de Paulo, segundo a qual não há mais barreiras entre as pessoas e os povos. Esse antigo hino batismal é aproveitado por Paulo, para dizer que Jesus decretou a unidade dos filhos de Deus. Através do batismo, as pessoas se revestem de Cristo, como quem passa a usar uma nova vestimenta. Em Cristo, todas as barreiras são superadas. Caem os limites étnicos que separavam os povos, pois agora não há mais judeu nem grego. Rompem-se as divisões sociais discriminatórias, pois não há mais escravo nem livre. Acaba o machismo que subjugava a mulher, pois não há mais homem nem mulher. Realiza-se o sonho de uma nova humanidade (Cl 3,11).

 

Evangelho: Lc 9,18-24

O evangelho de hoje é uma peça-chave no evangelho mais antigo de Marcos (Mc 8,27-31): o primeiro dos discípulos, Pedro, professa sua fé em Jesus “Messias” (Cristo), mas para evitar uma interpretação triunfalista, Jesus anuncia sua morte pela primeira vez. Lucas copia isso de Mc, mas a morte de Jesus já foi profetizada de modo enigmático no templo por Simeão na história da infância (Lc 2,34, cf. a tentativa de homicídio em Nazaré em 4,28-30)

Jesus estava rezando num lugar retirado, e os discípulos estavam com ele (v. 18a).

Comparando com os outros sinóticos (Mc 8,27-33; Mt 16,13-23), a versão lucana chama atenção por sua brevidade e também pelo contexto de oração em que se coloca. Em Lc, Jesus sempre reza diante de momentos decisivos (3,21; 5,16; 6,12; 9,18,29s; 11,1; 22,41p). Aqui talvez para indicar que além da confissão dos apóstolos por meio de Pedro se esconde uma profundidade insondável.

Segundo Mt 16,13 e Mc 8,27, a cena se passa na região de Cesareia de Filipe (Jo 6,59 situa cena semelhante em Cafarnaum). Lc se limita a notar o isolamento de Jesus com seus discípulos (“num lugar retirado”). Em Lc e Mc, como em Jo 6,67-71, este episódio decisivo se segue à multiplicação dos pães com cinco pães; em Mc e Mt, um pouco depois da segunda de sete pães para 4000 pagãos. Mc 6,45-8,26 e Mt 14,22-16,12 inserem, entre as duas multiplicações, uma viagem bastante longa em território pagão. Mas Lc concebe dois volumes, o Evangelho e os Atos dos Apóstolos, por isso omite esta viagem e reserva o anúncio do Evangelho aos pagãos para o segundo volume (cf. At 1,8).

Então Jesus perguntou-lhes: “Quem diz o povo que eu sou?”(v. 18b).

Jesus pergunta numa espécie de resumo de sua atividade até agora apresentando o futuro. Propõe a pergunta fundamental, “quem sou eu”, em dois tempos, para que a resposta dos discípulos se destaque sobre as opiniões do povo (v. 20). A pergunta é desafiadora (não simples curiosidade ou inquietação, como a de Herodes; cf. 9,7-9, o evangelho de ontem), e se dirige a todos.

Eles responderam: “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou.” Mas Jesus perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “O Cristo de Deus” (vv. 19-20).

Cada um tem de dar sua resposta. O povo, com todo seu entusiasmo, não ultrapassa o nível profético ou de João Batista. Jesus repete a pergunta, agora a opinião dos discípulos é exigida. A eles foi dado conhecer o segredo do reinado de Deus (cf. 8,10p). Pedro responde como cabeça de todos os discípulos: “O Cristo de Deus”; a palavra grega Cristo (de crisma) significa “Ungido” (em aramaico: messias): primeiro título de Saul, rei ungido de Israel, depois de Davi e dos monarcas descendente dele (Sl 2,2.6; 18,51; 132,17; Lm 4,20). Na boca de Pedro, significa o Messias esperado e anunciado pelos profetas.

Lc repetirá esse título “Cristo de Deus” em 23,35. Ele já mostrou Jesus proclamado “Cristo” pelos anjos (1,32-33; 2,11), por Simeão (2,26.30) e pelos demônios (4,41), mas Pedro é o primeiro dos discípulos a dar este título a Jesus.

Mesmo sem o acréscimo de Mt (“Filho de Deus vivo”, Mt 16,16), essa confissão de Pedro é de grande importância e assinala uma guinada decisiva na carreira terrestre de Jesus. Enquanto a multidão se desvia em suas cogitações a respeito dele e se afasta cada vez mais, seus discípulos reconhecem pela primeira vez, de maneira explícita, que ele é o Messias (cf. 2,26). Daí por diante, Jesus vai consagrar seus esforços a formar esse pequeno núcleo dos primeiros crentes e a purificar sua fé.

Mas Jesus proibiu-lhes severamenteque contassem isso a alguém. E acrescentou: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia” (vv. 21-22).

Como o segredo de messias em Mc, Lc liga estreitamente o silêncio que Jesus impõe aos seus discípulos sobre a sua dignidade messiânica ao anúncio de seu sofrimento e morte próxima. Só quando Jesus tiver ressuscitado, os Doze o proclamarão publicamente como Messias (At 2,36; cf. Mc 9,9p). Por ora, não deve divulgá-lo, para evitar interpretações equivocadas (por ex. um messias nacionalista contra os romanos, guerreiro como Davi).

Não basta declarar e aceitar que Jesus é o messias; é preciso rever a idéia a respeito do messias, o qual, para construir a nova história, enfrenta os que não querem transformações. Por isso, ele “deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes e doutores da Lei.” Estas três categorias são as três ordens que constituem o Sinédrio, o supremo conselho e tribunal dos judeus, que condenará Jesus a morte. Sua ressurreição será a sua vitória.

Lc não relata a intervenção de Pedro para afastar Jesus da morte (Mc 8,32-33; Mt 16,22-23), mas ele insistirá em 9,45 e 18,34 sobre o fato de que os discípulos não compreenderam esse anúncio (cf. 24,19-24). Esse anúncio será seguido de vários outros (9,44; 12,50; 17,25; 18,31-33; cf. 24,7.25-27).

Depois Jesus disse a todos: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me” (v. 23).

E quem quiser acompanhar Jesus na sua ação messiânica e participar da sua vitória, terá que percorrer caminho semelhante: renunciar a si mesmo e às glórias do poder e da riqueza.

Ao falar de “renunciar a si mesmo”, os evangelistas não pensam num ideal de ascese ou masoquismo que se opõe à idéia de que felicidade é ser livre do sofrimento, mas é seguir Jesus e orientar-se nele em vez dos próprios interesses ao ponto de custar a vida no martírio. “Renunciar” quer “dizer não, negar”, está ligado à profissão da fé (no batismo) ou negar Jesus como depois Pedro em 22,54-62p. Renunciar a si mesmo não significa suicídio porque neste a própria vontade ainda se sobrepõe à vontade de Deus.

Aqui se usa pela primeria vez a palavra “cruz”. Assim se esclarece a maneira como Jesus “deve ser morto” (v. 22). A condenação à morte de cruz era reservada a criminosos e subversivos. Quem quer seguir a Jesus esteja disposto a se tornar marginalizado por uma sociedade injusta (“perder a vida”) e mais, a sofrer o mesmo destino de Jesus: morrer como subversivo (“tomar a cruz”). Lc, porém,acrescenta  “de cada dia”, transformando a decisão radical de naõ fugir da condenação romana (cruz) numa espiritualidade de perseverança e testemunho de vida.

Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará (v. 24).

Atrás disso está a experiência que se pode ganhar o mundo, mas perder a si mesmo (v. 25). Pode se ganhar rios de dinheiro, mas morrer de repente (cf. a parábola em 12,16-21 e Eclo 11,18s; Jó 2,4; Sl 49,8s). Pode-se perder a chance de ganhar a vida eterna, não renunciando a seus bens materiais (cf. 16,19-31; 18,18-27p; 19,1-10).

Quem vive buscando bens e riquezas, nunca ficará satisfeito. Quem se doa aos outros, esquece de si mesmo e sente uma grande felicidade (cf. At 20,35). A cruz, então, não é só um sacrifício. É o único modo para não perder a própria vida, não dissipá-la em coisas superficiais que não conduzem à felicidade. Diferente da sabedoria grega, não é a “vida” (em grego: zoé) na terra o bem maior, mas a “vida” transcendente (Mc usa a palavra grega psyqué) que depende do juízo final.

O site da CNBB comenta: Jesus não é simplesmente um personagem histórico ou um mero objeto da razão humana, é uma pessoa viva, e uma pessoa só pode ser verdadeiramente conhecida através do encontro e do relacionamento. Só conhece verdadeiramente Jesus quem realiza na sua própria vida a experiência do Ressuscitado presente e atuante na sua história pessoal e comunitária, quem descobre que Cristo não é o sobrenome de Jesus, mas quem ele é verdadeiramente: o Messias, o Ungido de Deus, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o Deus Encarnado, o Redentor de toda a humanidade. Mas é preciso que a descoberta de tudo isso seja de forma existencial, de modo que essas verdades não sejam um conjunto de palavras teóricas e vazias, mas manifestam o que Jesus significa nas nossas vidas.

 

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