23 de julho de 2016 – 16ª semana Sábado

Evangelho: Mt 13,24-30

Esta parábola o joio só se encontra em Mt. Ela fica no lugar onde em Mc 4,26-30 havia uma parábola de um agricultor que planta e depois vai dormir aguardando o amadurecimento da semente. O que era para Mc um exemplo de confiança e paciência, tornou-se para Mt (e para Lc que a omitiu) uma parábola ambígua, já que o cristão não se deve acomodar e dormir (cf. Mc 13,36; 1Ts 5,6), mas vigiar (Mt 24,42; 25,13; cf. 26,38.40), porque “seu adversário, o diabo, vos rodeia como um leão a rugir” (1Pd 5,8).

Jesus contou outra parábola à multidão: (v. 24a)

No lugar daquela parábola ambígua, Mt apresenta outra e, igual à primeira parábola da semente (do semeador, vv. 1-9.18-23), oferece uma explicação para os discípulos à parte (vv. 36-43; evangelho da próxima terça-feira). Ainda falando a seus discípulos (cf. v.10) ou “à multidão” (cf. 34), Jesus propôs a segunda parábola neste terceiro discurso em Mt.

“O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora (vv. 24b-25).

O joio que se encontrava no Antigo Oriente todo, era considerado uma aberração ou forma enfeitiçada do trigo. Seu veneno vem de um fungo.

Quando o trigo cresceu e as espigas começaram a se formar, apareceu também o joio. Os empregados foram procurar o dono e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio?’ O dono respondeu: ‘Foi algum inimigo que fez isso’ (vv. 26-28a).

Aparecem os empregados que não são os mesmos que farão a colheita depois (v. 30). Muita coisa nesta parábola não corresponde à prática comum da agricultura, mas os ouvintes já estão sensibilizados em reconhecer metáforas (cf. 22,28-43: dono – Deus; dar frutos – boas obras; cf. v. 39: inimigo – diabo; cf. 1Pd 5,8; colheita – juízo final, cf. 9,36-38; ceifadores – anjos)

 Os empregados lhe perguntaram: ‘Queres que vamos arrancar o joio?’ 29O dono respondeu: ‘Não! Pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis também o trigo. 30Deixai crescer um e outro até a colheita! E, no tempo da colheita, direi aos que cortam o trigo: arrancai primeiro o joio e o amarrai em feixes para ser queimado! Recolhei, porém, o trigo no meu celeiro!’” (vv. 28b-30)

A pergunta dos empregados corresponde à prática comum: de arrancar primeiro a erva daninha e depois colher o trigo e guardar no celeiro. Só no final queima-se o joio que ainda sobrou no campo. Mas a resposta é contrária. Israel comparava a si como o trigo e os pagãos como o joio. Para Mt, a interpretação tem que ser outra, porque o Messias já veio. Então, por que o Reino ainda não se instalou definitivamente? Resposta de Jesus: Isso não se deve à imperfeição natural dos homens, mas a uma sabotagem premeditada, feita por aquele que quer usurpar a autoridade de Deus no mundo. Não cabe aos homens fazer a separação entre bons e maus, pois só Deus pode fazer o julgamento (cf. 7,1-5). Para a comunidade cristã talvez o joio seja a parte de Israel que rejeita o messias Jesus, para Mt pode ser uma parte dentro da própria comunidade cristã. A explicação nos vv. 36-43 trará mais clareza.

O site da CNBB comenta: A contradição faz parte da vida de todos nós porque, se por um lado temos a presença da graça em nossas vidas e o chamado à santidade, por outro conhecemos a realidade do pecado como consequência da tendência para o mal, que é a concupiscência, que ficou na natureza humana como uma marca deixada pelo pecado original. Isso significa que a parábola do trigo e do joio nos mostra não apenas a realidade do mundo em que vivemos e as suas contradições, mas também a nossa própria vida, na qual sempre vemos o bem que queremos e algumas vezes praticamos o mal que não queremos. Isso não significa que é legítimo ceder ao joio que marca a nossa vida, mas que devemos estar sempre atentos a ele para não cairmos em tentação.

 

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