25 de abril de 2016 – Páscoa 5ª semana 2ª feira dia de São Marcos

Antes de comentar as leituras, umas observações a respeito do santo de hoje:

São Marcos certamente não foi um discípulo direto de Jesus e, provavelmente, nem conheceu o mestre de Nazaré. Seu nome aparece na libertação de Pedro da prisão em Jerusalém: Pedro fugiu para a casa de “Maria, mãe de João chamado Marcos”. Esta casa de família servia de ponto de encontro para a comunidade cristã de Jerusalém (At 12,12-27). Na carta que lemos hoje, Pedro chama Marcos “o meu filho”, talvez por ter batizado o jovem (cf. Fm 10).

João Marcos era primo de Barnabé (Cl 4,10) e quando foram a Antioquia, Paulo e Barnabé o levaram consigo (At 12,25). Antioquia era centro missionário de onde os três partiram para a ilha de Chipre (terra natal de Barnabé, cf. At 4,36) na primeira viagem missionária (At 13,1-5). Na Ásia Menor, mais precisamente em Perge (na Panfília), “João se separou deles e voltou para Jerusalém“ (At 13,13). Por causa dessa sua desistência, Paulo recusou-se a levá-lo na segunda viagem e o substituiu por Silas, separou-se de Barnabé que ficou com Marcos indo para Chipre outra vez (At 15,37-40).

Mais tarde houve uma reconciliação. Uma carta autêntica de Paulo (Fm 24) e posteriormente as cartas Deutero- ou Tritopaulinas (consideradas escritas na segunda e terceira geração por discípulos de Paulo em nome dele) mostram este conflito resolvido: em Fm 24 e Cl 4,14, Marcos está ao lado de Paulo, e em 2Tm 4,10, o apóstolo estava precisando de Marcos. É provável que ele tenha chegado a tempo para presenciar o martírio de Paulo em Roma e ficar com Pedro.

A tradição diz que ele escreveu o evangelho escutando a narração de Pedro. Talvez por isso se explique porque os fatos e as palavras de Jesus neste evangelho são vivas e vibrantes, quase que reproduz o que aconteceu naquele tempo. Alguns exegetas querem identificar o próprio evangelista com o jovem medroso que fugiu nu em Mc 14,51s (ou com o homem de Mc 14,13 que carrega água para o cenáculo).

Mas não temos certeza de que “João Marcos, filho de Maria” e “Marcos, primo de Barnabé”, são mesma pessoa (no século III d.C., Hipólito distingue os dois). Nem se sabe quem escreveu o evangelho, poderia ser uma terceira pessoa, porque todos os quatro evangelhos são obras anônimas (só posteriormente procurava-se pessoas do âmbito apostólico a quem se poderia atribuir um ou outro evangelho). Fato é que o evangelho segundo Marcos (Mc) é o mais antigo porque Mateus (Mt) e Lucas (Lc) já o usaram como modelo e melhoraram o estilo primitivo. Mt e Lc, porém, usaram também uma segunda fonte (os exegetas alemães a chamaram Q: Quelle = fonte) que pode ser reconstruída a partir de Mt e Lc (uma coleção de palavras: o cerne do sermão da montanha, parábolas de Jesus etc.), mas se perdeu na história, não foi mais transmitida, foi absorvida por Mt e Lc. Mas porque foi preservado o evangelho de Mc, cujo conteúdo também entrou nas narrações de Mt e Lc? Talvez Mc tenha sido preservado justamente por ser o evangelho mais antigo e ligado à tradição e autoridade de Pedro.

Nenhum evangelho tem uma assinatura, são obras anônimas às quais a tradição posterior deu nomes de apóstolos ou de discípulos deles. O cap. 13 de Mc reflete o fim da Guerra Judaica com a destruição de Jerusalém em 70 d.C., data provável da redação deste evangelho. Portanto podemos concluir que o evangelista não conheceu Jesus pessoalmente e escreveu só depois da morte dos apóstolos (Pedro e Paulo morreram na perseguição de César Nero entre 64 e 67 d.C) quando era necessário colocar por escrito os relatos dos apóstolos, para que não fossem esquecidos nem distorcidos ou falsificados (por falsos apóstolos e heresias).

A tradição diz ainda que Marcos foi martirizado em Alexandria, onde tinha fundado a Igreja e foi seu primeiro bispo. É venerado como primeiro patriarca pela Igreja copta do Egito que diz que Mc nasceu em Cirene (cf. Mc 15,21: o narrador conhece a família de Simão de Cirene). Os pagãos da cidade ficaram ressentidos com os seus esforços para converter os alexandrinos da religião tradicional helênica. Conta esta tradição que eles colocaram uma corda à volta de seu pescoço e o arrastaram pelas ruas até que estivesse morto. Era 25 de abril de 68 ou 72. Conta-se que os judeus e os pagãos queriam queimar o seu corpo, mas um vendaval violento os dispersou, permitindo que alguns cristãos recuperassem o seu corpo e o sepultasse numa gruta. Em 828 d.C., relíquias que se acreditava serem de São Marcos foram roubadas em Alexandria por dois mercadores venezianos e levadas para Veneza onde se construiu a famosa Basílica de São Marcos. Há um mosaico nela mostrando os marinheiros cobrindo as relíquias com carne de porco para que os muçulmanos, senhores de Alexandria, impedidos de tocar nela, não inspecionassem a carga.

 

Leitura: 1Pd 5,5b-14

A leitura faz referência à tradição de Marcos como companheiro e intérprete de Pedro em Roma. Ouvimos o final desta carta, escrita em grego excelente, talvez não por Pedro, mas por um discípulo dele, Silvano (v. 12). O autor dá uma série de conselhos breves, válidos para o conjunto da comunidade. Percebe-se que o apóstolo é alimentado tanto pela espiritualidade dos salmos como formado pela palavra do mestre.

Revesti-vos todos de humildade no relacionamento mútuo, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes. Rebaixai-vos, pois, humildemente, sob a poderosa mão de Deus, para que, na hora oportuna, ele vos exalte. Lançai sobre ele toda a vossa preocupação, pois é ele quem cuida de vós (vv. 5b-7).

“Revesti-vos todos de humildade” (cf. Fl 2,3s); o grego fala concretamente de uma peça equivalente a um avental. Por qual motivo o autor a escolheu esse termo? Talvez por seu significado do serviço e talvez lembrando-se de Jesus lavando os pés (Jo 13,4s). 1Pd faz diversas referências ao Servo de Javé (Is 52,13-53,12, citado em 1Pd 2,22-24).

“Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes”. É citação da versão grega de Pr 3,34; cf. Tg 4,6.10). A elevação dos humildes é um tema constante na Bíblia (cf. Sl 75,8; 1Sm 2,7; Lc 1,52; 14,11; 18,14; Mt 23,12), como também a confiança na divina providência: “Lançai sobre ele toda a vossa preocupação, pois é ele quem cuida de vós” (cf. Sl 55,23; Mt 7,25-30p).

A Nova Bíblia Pastoral (pág. 1492) comenta: Espera-se para breve a salvação. Essa expectativa dá sentido ao sofrimento injustamente sofrido. É preciso resistir, e não ceder às ciladas com que o tempo presente coloca em risco a vivência autêntica da fé. A certeza da salvação não deve fazer que se perca a humildade, atitude básica dos membros da comunidade.

Sede sóbrios e vigilantes. O vosso adversário, o diabo, rodeia como um leão a rugir, procurando a quem devorar. Resisti-lhe, firmes na fé, certos de que iguais sofrimentos atingem também os vossos irmãos pelo mundo afora (vv. 8-9).

“Sede sóbrios e vigilantes”. Também Paulo escreveu contra bebedeiras (Gl 5,21; Ef 5,18; 1Ts 5,6-8; cf. Pr 23,31-35). Tb 4,15 fala apenas contra embriaguez. 1Tm 5,23 recomenda “um pouco de vinho”. Em Jo 2,1-11, o vinho que Jesus providencia é o melhor. “Vigiar” é a atitude do cristão que espera pela vinda do Senhor (Mc 13,33-37p; Mt 25,1-13; 1Ts 5,1-11; cf. Sl 130,6; Ez 3,16s).

“O vosso adversário (ou: acusador), o diabo, rodeia como um leão a rugir”, segundo a etimologia que corresponde ao papel de “parte adversa”, desempenhada aqui pelo diabo (cf. 3,22; Mt 4,1-11). O termo hebraico satan, que significa o rival ou o fiscal (Zc 3,1s), desdobra-se em dois termos gregos (adversário, diabo) que significam rival num julgamento e acusador ou caluniador; voltam a unir-se fundidos na designação do adversário por excelência.  Compara-se a um “leão” segundo abundante tradição bíblica (cf. Sl 22,14, o salmo por excelência da paixão; cf. 2Tm 4,17; Tg 4,7). O sofrimento é suportado em união com Cristo e com a Igreja (Fl 1,29s).

A solidariedade com os outros cristãos faz suportar o próprio sofrimento. “Os vossos irmãos” (lit. a vossa fraternidade) pelo mundo afora”; todos os cristãos, dispersos pelo mundo, formam uma só família.

Depois de terdes sofrido um pouco, o Deus de toda a graça, que vos chamou para a sua glória eterna, em Cristo, vos restabelecerá e vos tornará firmes, fortes e seguros. A ele pertence o poder, pelos séculos dos séculos. Amém (vv. 10-11).

O final, de entonação retórica, com acúmulo de verbos rimados é uma fórmula de voto litúrgico que recorda os temas da benção inicial (1,3-5).

Por meio de Silvano, que considero um irmão fiel junto de vós, envio-vos esta breve carta, para vos exortar e para atestar que esta é a verdadeira graça de Deus, na qual estais firmes. A Igreja que está em Babilônia, eleita como vós, vos saúda, como também, Marcos, o meu filho (vv. 12-13).

Na despedida, o autor recorre à lembrança de Marcos, companheiro de Pedro e Paulo (cf. introdução); recorda também Silvano. É a forma de reforçar os laços com líderes importantes da primeira geração cristã e mantê-los presentes na memória.

Silvano ou Silas (At 15,22.32.40; 16,19-40; 17,4-15; 18,5) acompanhou Paulo em algumas viagens e lhe assinou algumas cartas (1Ts 1,1; 2Ts 1,1). Ele pode ser não apenas secretário, mas o autor desta carta, porque o estilo excelente em grego não combina com um simples pescador da Galileia.

“Para vos exortar e para atestar que esta é a verdadeira graça de Deus, na qual estais firmes.” Este frase define o conteúdo e o escopo de toda a carta: encorajamento na fé e exortação a se manterem firmes, apesar das provações, na certeza de que Deus realiza seu desígnio de graça.

O termo traduzido por “Igreja… eleita como vós” só se encontra aqui em todo o NT. Mas o tema da eleição volta à tona muitas vezes na carta (cf. 1,1; 2,9). O título de “eleita” (cf. 2Jo 1,13) designa a Igreja dos eleitos (1,1-2; 2,9) com alusão possível ao exílio temporário (1,1). Daí a referência à Babilônia que mostra o autor compartilhando com os destinatários o viver em condição adversa de opressão social e idolatria religiosa.

“Babilônia” é nome codificado de Roma (Ap 14,8; 16,19 e os caps. 17-18: as “sete colinas” de Ap 17,9 não existem na antiga Babilônia, são as de Roma); Babilônia é símbolo do lugar de desterro, de paganismo, hostil a Deus (cf. Gn 11,1-9).

Saudai-vos uns aos outros com o abraço do amor fraterno. A paz esteja com todos vós que estais em Cristo (v. 14).

A saudação final, mais uma vez, apela para a fraternidade e o sentido comunitário. “Saudai-vos … com o abraço do amor fraterno” (lit. beijo fraterno); alusão ao ósculo da paz litúrgico (Rm 16,16; 1Cor 16,20). A tradução latina (Vulgata) acrescenta “… Jesus. Amém”.

 

Evangelho: Mc 16,15-20

A Igreja Copta (Ortodoxa do Egito) mantém a tradição de que Marcos, o evangelista, foi um dos setenta discípulos enviados por Cristo (Lc 10,1), o que é confirmado pela lista de Hipólito. Ela acredita que foi o futuro evangelista que recebeu os discípulos em sua casa após a morte de Jesus, a mesma onde apareceu Jesus ressuscitado (Lc 24,12.33-49; Jo 20,19-29) e onde também o Espírito Santo desceu nos discípulos no Pentecostes (At 2).

Mas o final do Evangelho de Marcos (vv. 9-20) não é mais do evangelista Mc, é um anexo posterior (como existe também em Jo 21). O estilo e o vocabulário são diferentes do resto do evangelho. O que motivou este anexo no século II foi o término mais antigo do evangelho As mulheres fugiram do túmulo e “não disseram nada a ninguém por medo” (16,8). Ponto final. Um final brusco e absurdo, ao que parecia.

O leitor pergunta-se: Como, então, podemos saber da ressurreição de Jesus, se as mulheres não disseram nada da mensagem do anjo (16,6s)? O porquê deste final original é um enigma: Perdeu-se a última página do evangelho original? Ou Mc queria provocar o leitor assim mesmo com a inversão do segredo messiânico (característica do seu evangelho): muitas vezes, Jesus ordena silencio, não queria divulgar seus milagres para não ser mal entendido como messias guerreiro. Só depois da cruz e da ressurreição é que se deve falar em vez de se calar (cf. 9,9; 16,7), mas “não disseram nada a ninguém por medo” (v. 8). Assim o final absurdo que inquieta o leitor torna-se um envio indireto para falar e anunciar a boa nova (evangelho) da ressurreição, sem medo, mas com fé e coragem

Posteriormente se acrescentou um resumo das aparições de Jesus dos outros evangelhos (vv. 9-14) e as últimas palavras antes da ascensão, hoje apresentadas.

(Naquele tempo, Jesus se manifestou aos onze discípulos), e disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado (vv. 15-16).

O evangelho de hoje começa com o envio dos discípulos pelo mundo e a ordem de anunciar o evangelho a “toda criatura” (v. 15; cf. Mt 28,19-20; Mc 13,10; Cl 1,23). Jesus ressuscitado continua demonstrando grande amor pelos discípulos. Ele conhece muito bem os apóstolos. Viu como foram fracos durante a paixão e que são lentos em acreditar (v. 14). Mas apesar das dificuldades e da incredulidade deles, Jesus os envia “pelo mundo inteiro” (Mt 28,19; Lc 24,47-48; At 1,8) mandando-lhes anunciar “o evangelho a toda criatura” (v. 15; cf. Mc 13,10; Cl 1,23).

Uma frase própria salienta a importância do batismo (v. 16). A frase em Jo 3,4 (“Quem não nascer da água e do Espírito, não entrará no reino de Deus”) podia levar a conclusão de que todos os não-batizados não serão salvos. Stº. Agostinho pensava na existência de um limbus (antessala do céu onde ficam as crianças não-batizadas; ideia oficialmente abandonada por Bento XVI). Mas nossa leitura diz somente: “Quem não crer, será condenado” (v. 16b). Quem crer vai solicitar o batismo (para si e sua família, cf. At 16,15.30-33) e “será salvo” (v. 16a). Nas perseguições, porém, havia catecúmenos (pessoas preparando-se para o batismo) que foram presos por crerem em Jesus, torturados e mortos antes se realizar seu batismo. Estes mártires foram salvos por sua fé, receberam o “batismo de sangue”. Mas o que dizer sobre tantas pessoas que receberam o batismo, mas perderam a fé (numa perseguição ou no cotidiano) ou não a praticam?

O apóstolo Paulo sempre salientou a primazia da fé para salvação (cf. Rm 1,16-17; 3,21-36 etc.). O Concílio Vaticano II considerou também a salvação daqueles que não têm oportunidade de conhecer o Evangelho, mas vivem segundo sua consciência fazendo o bem (cf. Mt 25,31-46).

Apesar da pouca fé, os discípulos são enviados. Acontece também com cada um de nós. A misericórdia de Deus utiliza pessoas simples e ainda em estado de imperfeição, para anunciar o evangelho (cf. Lc 5,8). Muitas vezes queremos ver já a perfeição realizada, quando a perfeição é um caminho, uma busca. A perfeição poderá vir, depois de um “encontro pessoal com Jesus”, como diz a Conferência de Aparecida em 2007. Devemos levar as pessoas que frequentam as nossas celebrações e os jovens e crianças da catequese para um encontro profundo com Jesus ressuscitado que transforma suas vidas.

O site da CNBB comenta: Para que possamos conhecer verdadeiramente Jesus, duas coisas são necessárias. A primeira é a atuação da graça divina que nos revela quem é Jesus na sua divindade e na sua atuação messiânica e a segunda é a nossa abertura a essa graça para que possamos acolher a atuação divina em nós. A partir desses dois elementos, podemos compreender melhor qual é o papel do evangelizador e qual a essência da nossa missão. Movidos pelo grande protagonista da missão que é o Espírito Santo, somos chamados a ser canais de graça na vida das pessoas e ao mesmo tempo a preparar os corações das pessoas para que sejam terreno fértil para o evangelho e acolham a Cristo em suas vidas.

Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados” (vv. 17-18).

O evangelho de hoje ainda fala de “sinais que acompanharão aqueles que creem…” e que podemos encontrar todos na vida de Paulo (At 14,8-10; 16,16-18; 19,11; 28,3-6; 2Cor 14,18-19).

Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus. Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio dos sinais que a acompanhavam (vv. 19-20).

O final resume novamente: a ascensão (sem os 40 dias e a nuvem de At 1,1-11, mas no mesmo domingo da ressurreição como em Lc 24,50s) e pregação dos apóstolos (sem o Pentecostes em At 2; sem mencionar o Espírito, cf. Jo 20,21s).

No centro do evangelho de Mc estava sempre Jesus e sempre em movimento, andava como se quisesse chegar a cada homem, que por sua vez, está sempre procurando a verdadeira identidade de Jesus. Agora Jesus chegou a seu destino e se sentou, enquanto os discípulos “saíram e pregaram por toda parte”. Ele “foi levado ao céu” (Lc 24,50) e “sentou-se a direita de Deus” (como anunciou no sinédrio em 14,62; cf. At 2,33; Mc 12,36 citando  Sl 110,1), mas continua com sua presença (cf. Mt 28,20), ajudando e confirmando a “sua palavra” (evangelização) “por meio de sinais” (cf. Atos dos Apóstolos).

Dom Josafá de Menezes comenta: “Depois de ter falado com os discípulos, o Senhor foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus. Os seus discípulos então saíram e pregaram por toda a parte”. Terminava a história de Jesus e começava a história dos cristãos. A humanidade estava elevada ao céu, enquanto a divindade continuava a permanecer sobre a terra: “O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio dos sinais que a acompanhavam”. Jesus os deixava, mas não os abandonava, os responsabilizava; colocava nas mãos dos discípulos o imenso tesouro da verdade divina e da salvação. Talvez por isso Jesus não escreveu as suas palavras como o fizeram os antigos profetas. Ele revelou de ‘viva voz’ e confiou que os discípulos, instruídos pelo Espírito, falariam de sua verdade. Marcos, à escola de Pedro, será o primeiro a escrever uma síntese do “evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” como itinerário de fé.

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