29 de Novembro de 2018, Quinta-feira: E um anjo me disse: “Escreve: Felizes são os convidados para o banquete das núpcias do Cordeiro” (19,9a).

Leitura: Ap 18,1-2.21-23; 19,1-3.9a

No cap. 17, João descreveu a grande cidade de Babilônia como “prostituta” (em contraste a Jerusalém celeste que será a “noiva” do Cordeiro, cf. 19,9; 21,2). Nos profetas do AT, a idolatria já era chamada de prostituição. A figura da prostituta simboliza frequentemente um povo ou uma cidade idólatra (cf. Is 1,21; 23,16-18; Ez 16,15-63; Os 2; 5.3; Na 3,4). Em Ap 17 trata-se da Roma imperial, centro do paganismo idólatra e da potência perseguidora (17,6), estabelecida à beira das águas (17,1) e montada numa besta com sete cabeças, que segundo o 17,9 designam sete colinas – as sete colinas de Roma de onde sai a perseguição dos cristãos que se negam à idolatria e não adoram o imperador Domiciano como foi exigido no ano 94-95 d.C.

Inspirado em Ez 27-28 (a queda de Tiro) e com reminiscências de outros profetas, o cap. 18 é um poema sobre a queda da Babilônia opressora (cf. Is 47), mas em especial exorta fortemente os membros das comunidades a não manterem vínculo nenhum com esse império construído sobre a injustiça, império que tratou de seduzir os povos com seu luxo e arrogância, construindo sua riqueza e poder com o sangue de tanta gente.

(Eu, João,) vi outro anjo descendo do céu. Tinha grande poder, e a terra ficou toda iluminada com a sua glória. Ele gritou com voz poderosa: “Caiu! Caiu Babilônia, a grande! Tornou-se morada de demônios, abrigo de todos os espíritos maus, abrigo de aves impuras e nojentas” (18, 1-2).

Um anjo desce com um esplendor celestial, ou seja, a “glória” que pertence a Deus (Ez 43,2s). Ele dá a notícia a todo o mundo, antecipando o que Is 21,9 reservava para o final: “Caiu! Caiu Babilônia” (cf. 14,8). João quer dizer que a futura queda de Roma é tal certa que já pode ser anunciada agora. A capital orgulhosa (cf. Dn 4,27) só servirá como “morada de demônios” (Is 13,21; Jr 50,39; Is 34,11-14: Edom; Jr 9,10: Jerusalém); pode referir-se aos ídolos.

Nossa liturgia saltou os vv. 3-20. O castigo anunciado (cap. 17) agora é iminente (18,1-3). Ele se realizará depois que os fiéis estiverem separados dos pecadores (v. 4; cf. 3,10). Os reis da terra, os comerciantes e os marinheiros lamentam a queda da grande cidade, porque com ela perderam seu poder (vv. 9-20; cf. o gênero das lamentações funerais em Ez 26s). Em contraste, o céu exulta (v. 20). A alegria se justifica, porque a derrota de Babilônia é definitiva. Ela construiu seu poder na concentração das riquezas, seduzindo tantas nações que se colocaram a serviço, e através da violência extrema sobre os povos dominados. Por isso, não escapa do julgamento de Deus.

Nessa hora, um anjo poderoso levantou uma pedra do tamanho de uma grande pedra de moinho e atirou-a ao mar, dizendo: “Com esta força será lançada Babilônia, a Grande Cidade, e nunca mais será encontrada. E o canto de harpistas e músicos, de flautistas e tocadores de trombeta, em ti nunca mais se ouvirá; e nenhum artista de arte alguma em ti jamais se encontrará; e o canto do moinho em ti nunca mais se ouvirá; e a luz da lâmpada em ti nunca mais brilhará; e a voz do esposo e da esposa em ti nunca mais se ouvirá, porque os teus comerciantes eram os grandes da terra, e com magia tu enfeitiçaste todas as nações” (18,21-23).

Repete-se o rito simbólico de Jr 51,63-64: “Logo que acabares de ler este livro, atarás a ele uma pedra e o lançarás no meio do rio Eufrates! Dirás então: ‘Assim afunde Babilônia e não se levante mais, por causa da desgraça que eu fiz cair sobre ela’”. Depois tudo emudece (Is 24,8), as festas com música e arte (cf. Ez 26,13; Is 24,8), em particular “a voz dos noivos” que expressa a alegria do amor e a fecundidade (Jr 16,9; 25,10; 33,11); lâmpada e moinho não evocam mais a alegria e paz da vida doméstica.

A culpa da cidade é lembrada mais uma vez em vv. 23b-24. Os comerciantes são caracterizados como “os grandes da terra” (cf. Jr 27,35; 32,15 LXX). A magia sedutora é a propaganda para a idolatria, em particular ao culto do imperador (cf. Na 3,4). A atividade comercial é relacionada à idolatria (cf. Is 23,17s). Pelo sucesso comercial, Roma atraia as nações a si de modo que adotassem o culto imperial. Hoje em dia, o neoliberalismo não quer a intervenção do estado na economia e fala da “mão invisível do mercado” que levaria para prosperidade de todos. As crises recentes do sistema financeiro desmentem esta ideologia atual como idolatria (cf. Mt 6,24; Lc 16,13).

Em v. 21d foi declarado o fim definitivo desta cidade que “nunca mais será encontrada” (v. 21d; cf. Ez 26,21). A sequência do v. 21 está no v. 24: “e nela foi encontrado sangue de profetas e santos, e de todos que foram imolados sobre a terra”. Não se encontrava mais nada na cidade a não ser o sangue dos mártires do qual Deus se lembra porque clama ao céu (cf. Gn 4,10; Ez 24,7). Esta cena completa os vv. 1-3: Babilônia (Roma) será destruída por causa de sua idolatria (cf. 17,4) e por suas perseguições contra os cristãos.

Obs.: Neste ponto, a profecia do Ap errou e não errou. Roma não foi destruída para sempre. Perdeu seu status de capital do Império para Constantinopla e foi invadido pelos vândalos e saqueada várias vezes. Mas desde o edito de Milão em 313, deixou de perseguir os cristãos e tornou-se a capital da fé com a sede do Papa. A besta-fera (imperador idolatra e perseguidor) não existe mais, o Cordeiro (Jesus) venceu em Roma. Mas como o Papa assumiu uns títulos e funções do imperador (“pontífice romano”), para uns protestantes o papa continua ser a “besta-fera”. De fato, houve umas perseguições e condenações (ex. Giordano Bruno e Galileo Galilei no séc. 16 e 17), mas a inquisição em Roma foi mais cuidadosa e mansa do que em muitos outros lugares, também os papas protegiam os judeus dos excessos do antissemitismo na Europa.

Depois disso, ouvi um forte rumor, de uma grande multidão no céu, que clamava: “Aleluia! A salvação, a glória e o poder pertencem ao nosso Deus, porque seus julgamentos são verdadeiros e justos. Sim, Deus julgou a grande prostituta que corrompeu a terra com sua prostituição, e vingou nela o sangue dos seus servos”. E repetiram: “Aleluia! A fumaça dela fica subindo para toda a eternidade!” (19,1-3).

Nossa liturgia imitiu 18,24, mas logo continua com o cap. 19, cantos de júbilo ligados a 18,20 e em vivo contraste com as lamentações fúnebres de cap. 18.

A palavra “Aleluia” significa “louvai a Javé (Deus)” e se usa com frequência na aclamação litúrgica do culto israelita (Sl 104,35; 105,45; 106,1.48; 111,1; o hallel: Sl 113-118; etc.). No NT, é empregada apenas em Ap 19,1.3.4.6, aqui não só como fórmula, mas como convite ao louvor proclamando a vitória de Deus (v. 1; cf. 11,5; 12,10) que se justifica em v. 2: “seus julgamentos são verdadeiros e justos” (cf. 15,3s; 16,7). Deus merece o hino de louvor, porque fez justiça, destruindo aquela “prostituta” (Babilônia=Roma) que marcou a terra com a corrupção, idolatria e a violência. Deus destruiu a Roma perseguidora e “vingou nela o sangue dos seus servos” (cf. Sl 79,10; Dt 32,43); corresponde ao próximo 18,24 e ao clamor dos assassinados de 6,10.

Em v. 3, os cristãos salvos confirmam o primeiro louvor e afirmam o fim definitivo de Babilônia (Roma): “A fumaça dela fica subindo para toda a eternidade” (14,11; cf. Is 34,10).

E um anjo me disse: “Escreve: Felizes são os convidados para o banquete das núpcias do Cordeiro” (19,9a).

Lit. “e ele me disse”. O v. 10 e seu paralelo (22,8) mostram claramente que se trata de um anjo que interpreta o próprio Jesus (cf. 1,1s). A mensagem deste convite para o casamento é tão importante que precisa ser escrita.

As núpcias são imagem da comunhão feliz entre Deus e seu povo de Israel (cf. Jr 2,2; Ez 16,1-63; Is 50,1; 54,5s; 62,4). Os cristãos a aplicam para Cristo e a Igreja (cf. Mc 2,19p; Mt 22,1-10p; 25,1-13; Jo 2,1-11; 3,29; 2Cor 11,2; Ef 5,22-32).

A Bíblia do Peregrino (p. 2970) comenta: O símbolo matrimonial do Senhor (Yhwh) com Jerusalém (=comunidade) é frequente no AT. Dois textos nos interessam especialmente, porque cantam o casamento de um rei vencedor por amor: Is 62,1-9 e Sl 45: é o esquema que o autor segue. Mt 22,1 propõe a parábola de um “rei que celebrava o casamento de seu filho”; Lc 14,15 chama bem-aventurados os convidados ao banquete do Reino… A introdução (vv. 5-6) volta a tomar dados de Ez 1,24 e Sl 115,13. Depois que o rei, o Senhor Deus Todo-poderoso, sentou-se no trono, anuncia-se concisamente o casamento (do Filho). Embora a noiva “esteja preparada” e vestida (cf. Is 61,10), a cerimônia fica em suspenso até o cap. 21. Em substituição, escutamos uma das sete bem-aventuranças do livro, esta última dirigida aos convidados para o clássico banquete. As sete bem-aventuranças se encontram em 1,3; 14,13; 19,9; 20,6; 22,7; 22,14 (adensam-se no final).

Em v. 7 se fala da noiva (“esposa”), em v. 9 dos “convidados”. A esposa é a Igreja que está protegida como a mulher em 12,13-17. Os cristãos são os convidados (pelo batismo), mas precisam ser comprovados e passam por tribulações. O convite corresponde ao selo (a marca em 7,3; 14,1-5). Os cristãos são chamados à comunhão com Deus, mas depende de cada um, se seguir ao convite.

A Nova Bíblia Pastoral (p. 1524) comenta: A eliminação de Babilônia torna possível, uma vez mais, firmar a aliança aqui expressa no casamento do Cordeiro com a humanidade libertada: é a vida em plenitude na comunhão com o Deus libertador. A dor de todos os que apostaram na Babilônia contrasta com o louvor festivo que se ouve no céu. Louvor que se expressará aqui na terra mediante a fidelidade ao testemunho de Jesus.

 

Evangelho: Lc 21,20-28

Continuamos ouvindo o discurso apocalíptico de Lc 21. Enquanto Mc escreveu no meio da guerra Judaica (66 a 73 d.C.); para Lc a destruição de Jerusalém (em 70 d.C.), anunciada por Jesus, já é fato consumado, passado. Em vez de medos apocalípticos gerais (Mc 13,19: “uma tribulação como nunca houve”), Lc resume os horrores da guerra acontecidos. O escritor contemporâneo Flávio Josefo mencionou 1.100.000 mortos pela espada e 97.000 levados para escravidão.

Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, ficai sabendo que a sua destruição está próxima (v. 20).

Lc sabe que Jerusalém estava “cercada de exércitos” (cf. 19,43s). Foi o assédio pelas tropas romanas de Tito no ano 70 d.C.. Nos tempos de Jeremias e Ezequiel foram as tropas da Babilônia (587/586 a.C.), agora foram as legiões romanas.

A Bíblia do Peregrino (p. 2526) comenta: Na base se encontra a teimosia pecadora da cidade, não somente um jogo político humano. Já Isaias anunciara um assédio frustrado (cf. Is 29,1-3; 2Rs 25,1). A tragédia passada se repetiu e as predições proféticas, como se não tivessem esgotado seu sentido, recuperam atualidade.

Por volta do ano 80 d.C., Lc escreve como historiador eliminando do texto de Mc (que lhe serve de modelo) a indefinida “abominação de desolação” (Mc 13,14p; refere-se a uma pessoa ou uma imagem de Zeus-Júpiter no templo de Jerusalém, cf. Dn 9,27; 11,31; 1Mc 1,54; 2Mc 6,2) e omitindo a oração “para não acontecer no inverno” (Mc 13,18) e o desejo de “abreviar esses dias”, porque a história já passou.

Então, os que estiverem na Judéia, devem fugir para as montanhas; os que estiverem no meio da cidade, devem afastar-se; os que estiverem no campo, não entrem na cidade (v. 21).

A Bíblia do Peregrino (p. 2526) comenta: A cidade amuralhada já não oferece segurança; os montes oferecem mais segurança, guaridas recônditas (1Mc 2; Sl 11,1), como na primeira fuga de Matatias (1Mc 2). Em tais circunstancias o deserto inóspito pode oferecer refúgio (Sl 55,7-9; Jr 50,8; 51,45).

Lc mantém o apelo para fugir da cidade, ou por fidelidade à sua fonte Mc, ou porque os cristãos de Jerusalém haviam fugido de fato da Judeia e da cidade de Jerusalém para Pela, cidade no outro lado do Jordão (não querendo a guerra eram considerados traidores pelos judeus, enquanto para os romanos continuavam sendo inimigos sendo da mesma raça dos judeus).

Pois esses dias são de vingança, para que se cumpra tudo o que dizem as Escrituras (v. 22).

Lc reinterpreta a destruição da cidade e o incêndio do templo como castigo de Deus, como já tinham feito os profetas, porque Jerusalém não reconheceu o tempo de visitação da paz (19,41-44): “dias de vingança” (cf. Dt 32,35; Os 9,7) ou de justiça vindicativa, dia de ira ou de sentença de condenação conforme as Escrituras (cf. Jr 46,10; 51,6; Sl 79,10; Ex 25,14-17; Is 34,8; 61,2; 63,4; ou alusão a Dn 9,26s?).

Infelizes das mulheres grávidas e daquelas que estiverem amamentando naqueles dias, pois haverá uma grande calamidade na terra e ira contra este povo (v. 23).

As “grávidas e as que amamentam” não podem fugir e estão expostas à brutalidade da tropa inimiga (2Rs 8,12; 15,16; Os 14,1; Am 1,13). Em Lc, Jesus, no caminho ao calvário, não lamenta a própria sorte, mas a das mulheres de Jerusalém (cf. 22,27-31).

Serão mortos pela espada e levados presos para todas as nações e Jerusalém será pisada pelos infiéis, até que o tempo dos pagãos se complete (v. 24).

Com realismo, Lc escreve que “Jerusalém será pisada pelos infiéis” (lit. “pisada por pagãos”, cf. Lm 1,10). A Bíblia do Peregrino (p. 2526) comenta o “tempo dos pagãos”: a) com valor positivo, a etapa em que vão se convertendo, segundo a teologia de Paulo (Rm 11,25-26), apoiados no plural grego “tempos, estações” (kairoi); b) com valor negativo, até que chegou a hora deles (Lm 1,21-22; Sl 75,3; Jr 51,33). A nota temporal indica pausa longa, depois da qual chegará o fim.

O que interessa Lc é este novo prazo “até que se cumpram os tempos dos pagãos”. A salvação foi oferecida primeiramente a Israel, agora passa para outros povos, aos pagãos a serem evangelizados (cf. At 18,6; Rm 11,25). Podem ser lembrados os setenta anos de Jr 25,11; 29,10; 2 Cr 36,20-21; Dn 9,1-2, retomados na profecia das setenta semanas de anos de Dn 9,24-27: são cifras simbólicas e misteriosas do tempo concedido por Deus às nações pagãs para castigar a Israel culpado, mas depois este receberá a libertação (cf. Rm 9-11).

De fato, o templo nunca mais foi reconstruído; um santuário muçulmano está no seu lugar (só ficou o muro de lamentação pra os judeus), e Jerusalém até hoje, não está em paz, é disputada como capital pelos israelenses e pelos palestinos.

Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho do mar e das ondas. Os homens vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas (vv. 25-26).

Depois da historiografia em termos bíblicos, Lc passa para “apocalipse”, ou seja, “revelação” do que vai acontecer (nos fins dos tempos). O drama interno dos judeus (guerra etc.) já é insignificante.

Informar sobre uma possível data da vinda do reino de Deus, Jesus já se negou em 17,20. Lc não se detém muito em detalhes cósmicos: “Sinais no sol, na lua, e nas estrelas” iniciam a confusão, a angustia, o medo dos homens e das nações, porque o mundo com suas forças não oferece mais segurança.

Tradicionalmente, o cenário cósmico é dividido em três esferas: céu, terra e mar. Nas três sucederão portentos e agitações dispondo o cenário da parusia (volta gloriosa de Cristo).

A Bíblia do Peregrino (p. 2526) comenta: No céu sol, lua e astros, trio clássico (Is 13,9-20; 34, 4-5; Ez 32,7-8); na terra, que Deus “formou habitável” (Is 45,18) e que distribuiu entre as nações (Dt 32,8), acontece a “angustia” dos povos que já não acham segura sua moradia (Is 34,7-8). No mar acontece o retorno à sua condição primordial violenta (Sl 18,5-6.16; Dn 7,2). Os astros seriam as potências que regem a ordem do mundo (Ag 2,6.21).

Então eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória. Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima (vv. 27-28).

Para os cristãos chegará a “libertação” (ou “redenção”, termo paulino, cf. Rm 3,24 etc.), eles não precisam “desmaiar de medo” (v. 26), mas podem “erguer a cabeça e levantar-se” (cf. Sl 3,4; 27,6; 110;7), porque ”verão o Filho do Homem vindo numa nuvem com grande poder e glória.” Lucas contempla a parusia como acontecimento alegre e libertação definitiva.

A origem deste conceito de um “filho do homem vindo nas nuvens” para inaugurar o reino de Deus está num texto chave de Dn 7,13-14 (no ano impar, será a leitura de amanhã) o qual anuncia o seguinte: um “filho do homem”, uma figura humana (não já o quinto animal, cf. Dn 7,2-8) é elevada numa nuvem (não desce) e levada à presença do Ancião, do qual recebe o poder; esta figura humana é, segundo o texto Dn 7,18, a comunidade dos “santos do Altíssimo, que receberão o reino e o possuirão pelos séculos dos séculos”. Na leitura do evangelho, o Filho do homem é indivíduo: o Messias, Jesus, em sua humanidade arquetípica, recebeu de Deus o poder (depois de ascender ao céu) e agora “desce numa nuvem” para “libertar” os seus (cf. 1Ts 4,16s).

O site da CNBB comenta: A libertação verdadeira da pessoa humana é fruto de dois elementos importantes: o primeiro é o seu compromisso pessoal e comunitário com o Reino de Deus e com a comunidade à qual pertence, de modo que a sua vida passa a ser uma constante luta histórica de transformação da realidade tendo como critério os valores do Evangelho; o segundo é a confiança inabalável da presença atuante de Deus na sua vida e na história dos homens como o grande parceiro que está ao lado dos que assumem a luta por um mundo novo. Somente a união entre esses dois elementos pode garantir um processo histórico verdadeiramente libertador.

 

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