8 de Novembro de 2020, Domingo: Portanto, ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia, nem a hora”.

32º Domingo do Tempo Comum 

1ª Leitura: Sb 6,12-16

A 1ª leitura relaciona-se com o evangelho de hoje (Mt 25,1-13) pelo tema da vigilância e da sabedoria “resplandecente” que aparece na parábola das virgens prudentes e imprudentes do evangelho.

O livro de Sabedoria é sem dúvida o livro mais novo do Antigo Testamento (AT). O título «Sabedoria de Salomão» é fictício, pois seu autor, um judeu anônimo de Alexandria, escreveu o livro cerca de 50-30 a.C. na língua grega (por isso não entrou na Bíblia hebraica dos judeus e nem na dos protestantes). A cultura grega com suas filosofias (filo-sofia quer dizer “amor pela sabedoria”), costumes e cultos pagãs de uma parte, e com a hostilidade e, às vezes, perseguição aberta de outra (cf. 1-2Mc), constituía uma ameaça constante à fé e à cultura do povo judeu que habitava no Egito. O autor quer mostrar que a fé judaica é sabedoria que garante imortalidade.

Alexandria no Egito (fundada por Alexandre Magno) era a capital do helenismo (cultura grega depois da época clássica), importante centro político e cultural que abrigava a maior biblioteca da antiguidade. Segundo o filósofo judeu Fílon de Alexandria (10 a.C. – 40 d.C.), dos 500.000 habitantes desta cidade, 200.000 eram migrantes judeus, na maioria pobres e escravos. Para estes foi necessário traduzir os livros do AT (Antigo Testamento): do hebraico, que eles não falavam mais, para o grego, sua língua corrente. Esta tradução, chamada “LXX”, “Tradução dos Setenta (sábios)”, começou por volta do ano 300 a.C., mas produziu também livros próprios em grego (como Sb, Tb, Jt, …).

No sínodo de Jâmnia (90 d.C.), os judeus da Palestina se reestruturaram depois da Guerra Judaica (que resultou na destruição do templo em Jerusalém em 70 d.C.) e definiram seu cânone (regra, norma) das Sagradas Escrituras reconhecendo apenas os livros em hebraico como Escritura Sagrada (Bíblia Hebraica). Mas os apóstolos e evangelistas já usavam a tradução grega do AT como também os sete livros em grego, portanto, o AT grego e os sete livros também fazem parte da Bíblia católica. Estes sete livros são chamados “deuterocanônicos” (pelos católicos) ou “apócrifos” (pelos protestantes que os deixaram fora): Tb, Jt, 1 e 2Mc, Sb, Eclo e Br.

No livro de Sb, o autor fictício, o rei sábio Salomão, fala aos governantes e reis (1,1; cf. Pr 8,15). Depois da primeira seção que identificou a sabedoria com a justiça (1,1-5,21), o autor dirige-se novamente aos reis e soberanos (2,1s.9) e começa a segunda seção, o elogia da sabedoria (6,12-9,18).

A Bíblia do Peregrino (p. 1537) comenta 2,12-20: Esses versículos descrevem o encontro da Sabedoria com o homem, numa série de movimentos correlativos. Ela começa manifestando-se, “irradiando”; antecipa-se, busca, aborda, vai ao encontro; finalmente conduz ou eleva. Os movimentos do homem são em parte espirituais: amam, buscam, desejam, madrugam, vigiam… Predica-se da sabedoria o que se dizia de Deus em 1,2. No que se segue, são frequentemente as referências ou ressonâncias de Pr 8; Eclo 4; 6; 14.

A Sabedoria é resplandecente e sempre viçosa. Ela é facilmente contemplada por aqueles que a amam, e é encontrada por aqueles que a procuram. Ela até se antecipa, dando-se a conhecer aos que a desejam (vv. 12-13).

Em nossa leitura, a Sabedoria não se identifica simplesmente com um corpo de doutrina (v. 9), mas também a verdade divina que brilha através dela e apela para o interior do ser humano (v. 13; cf. Jo 6,44; Fl 2,13; 1Jo 4,19). Ela designa, sobretudo, o próprio Deus (1,1) que se antecipa e solicita o ser humano, quer ser procurado (cf. Mt 7,7-11) e conhecido por aqueles que a “procuram”, “desejam”, “amam” (Jo 14,21; cf. Eclo 4,17 que descreve outra etapa).

A tradição cristã fala da luz do Espírito Santo (cf. At 2) cujo primeiro dom é a sabedoria (Is 11,2).

Quem por ela madruga não se cansará, pois a encontrará sentada à sua porta. Meditar sobre ela é a perfeição da prudência; e quem ficar acordado por causa dela em breve há de viver despreocupado (vv. 14-15).

Madrugar pela sabedoria é motivo conhecido e leva a vida (Pr 8,17.34; cf. Eclo 6,36; 39,5). A “prudência” é uma das quatro virtudes cardeais da filosofia grega (citadas em que 8,7), por si já e participação da sabedoria, embora não seja posse plena.

Pois ela mesma sai à procura dos que a merecem, cheia de bondade, aparece-lhes nas estradas e vai ao seu encontro em todos os seus projetos (v. 16).

“Vai a seu encontro em todos os seus projetos”, outras traduções: “… por toda sorte de invenções”, “a cada pensamento”. A Bíblia do Peregrino (p. 1538) comenta: A conduta e os pensamentos do homem são o lugar do encontro, pois quando o homem pensa e medita nela, já acontece um encontro, e a mesma coisa quando o homem caminha como exige a sabedoria.

A saída da Sabedoria personificada (como mãe, cf. Eclo 15,2) e seu convite afora são motivos conhecidos da literatura sapiencial (Pr 1,20s; 8,2-4; cf. Is 65,1s.24; 1Jo 4,10). Podemos relacionar nossa leitura com os termos eclesiais: “Encontro pessoal com Cristo” e “Igreja em saída”?

2ª Leitura: 1Ts 4,13-18

Continuamos na Primeira Carta aos Tessalonicenses que é a primeira carta preservada de Paulo e o documento mais antigo do NT, escrito em Corinto por volta de 50 d.C. Na leitura de hoje, o apóstolo aborda o problema fundamental da carta, a ressurreição dos mortos e a manifestação final, a segunda vinda (parusia) de Cristo “do céu” (1,10). Paulo mostra que no fim da história, tanto os mortos como os vivos estarão reunidos para viverem sempre com Cristo ressuscitado. A esperança é para todos, e todos participarão da vitória de Cristo sobre o mal e sobre a morte.

Quando Paulo escreve esta carta, ainda não se escreveu o primeiro evangelho (Mc cerca de 70 d.C.); mas já se cristalizavam muitas tradições orais que os evangelhos vão retomar e elaborar. É, portanto, legitimo e útil ilustrar a presente passagem com os textos apocalípticos ou escatológicos (por ex. Mc 13; Mt 24-25).

Na sua pregação pública (que dura só um ano nos evangelhos sinóticos de Mc, Mt e Lc), Jesus anunciou sua vinda gloriosa e triunfal (Mt 26,64; Mc 14,62; At 1,11). Morreu e ressuscitou (provavelmente em 30 d.C.). Os cristãos eram convidados a receber o triunfador para associar-se a sua glória e alegria. Cerca de vinte anos depois da ressurreição de Jesus, os cristãos em Tessalônica e outros lugares vivem aguardando o dia da sua vinda (parusia), ou seja, o “dia do Senhor”. Mas o que será dos cristãos que morreram nessas duas décadas? Segundo a doutrina do AT (Antigo Testamento), “os mortos não vivem” (Is 26,14), não participam das festas da comunidade (cf. Sl 30). O Sl 88,11 questiona: “As sombras se levantarão para te louvar?”; Paulo responde que esses mortos “se levantarão”, ressuscitarão (Is 26,19; Dn 12,1) para participar do triunfo de Cristo. O apóstolo afirma que não será importante estar entre os mortos ou entre os vivos. A ressurreição de Cristo é promessa e garantia da ressurreição dos mortos (cf. 1Cor 15).

Irmãos, não queremos deixar-vos na incerteza a respeito dos mortos, para que não fiqueis tristes como os outros, que não têm esperança. Se Jesus morreu e ressuscitou – e esta é nossa fé – de modo semelhante Deus trará de volta, com Cristo, os que através dele entraram no sono da morte (vv. 13-14).

Paulo anuncia o tema e a finalidade da exposição. Há os que “não têm esperança” (v. 13) em outra vida: entre os judeus, os saduceus em Jerusalém (Mc 12,18p; At 23,8); entre os pagãos, os filósofos gregos em Atenas (At 17,32) e outras cidades gregas como Tessalônica. Os de fora não podem ter esperança, mas dos cristãos, Paulo espera que tenham fé, caridade e esperança (1,3).

Paulo recorda o Credo (“nossa fé”; lit. “cremos”; cf. o credo ampliado em 1Cor 15,3-7) e suas implicações. “A respeito dos mortos”, lit. “aqueles que jazem adormecidos”: o eufemismo, muito natural, é frequente no AT (Sl 13,4 LXX etc.) e também no NT (cf. 5,10; 1Cor 15,20; Jo 11,11-14), bem como entre os gregos. Do mesmo modo a ressurreição é um “levantar” (v. 14) ou “despertar” (cf. 5,10). Outra tradução possível do final do v. 14: “aqueles que adormeceram; por Jesus, Deus os levará com ele”. Paulo pensa nos mortos cristãos (“em Cristo”, v. 16).

O objeto da esperança é “estar com Deus” (v. 14) e “com o Senhor” (v. 17); já no AT aparece esta ideia: “Tu me encherás de alegria em tua presença, de delícias perpétuas à tua direita” (Sl 16,11); “quanto a mim, estarei sempre contigo” (Sl 73,23).

Isto vos declaramos, segundo a palavra do Senhor: nós que formos deixados com vida para a vinda do Senhor não levaremos vantagem em relação aos que morreram (v. 15).

Não sabemos a qual “palavra do Senhor” Paulo se refere exatamente (v. 15); poderia ser uma palavra não escrita no NT (cf. At 20,35) ou talvez Mc 13p (Mt 24,30, comparando com os vv. 15-17). Talvez haja aqui apenas uma lembrança da autoridade do Senhor (cf. Dn 7,1.13.16) ou uma referência ao profetismo cristão (vv. 16s).

Paulo supõe que a “vinda” (parusia) de Cristo vá acontecer logo (expectativa iminente); o próprio apóstolo esperava fazer parte dos que veriam em vida (cf. 1Cor 15,51s)? Assim parece, embora alguns pensem que o “nós” tenha alcance potencial, “seja quem for”, ou seja, aqueles que ainda estiverem “vivos” no dia da vinda, entre os quais Paulo se coloca aqui, por hipótese exprimindo uma esperança e não uma certeza (cf. 5,1s).

Pois o Senhor mesmo, quando for dada a ordem, à voz do arcanjo e ao som da trombeta, descerá do céu e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Em seguida, nós que formos deixados com vida seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor, nos ares. E assim estaremos sempre com o Senhor (vv. 16-17).

A afirmação profética está cheio de motivos apocalípticos que enfatizam a iniciativa divina: “dada a ordem” (sinal), “à voz do arcanjo e ao som da trombeta” (cf. Ap 14; 17; 19; 20), também as “nuvens”, são características de teofanias e traços específicos da literatura apocalíptica (cf. Dn 7,13s; Mt 24,30s; 26,64; 1Cor 15,52; 2Ts 1,8; etc.).

Uma corrente da exegese (interpretação helenista) cita a entrada (chamada parusia) solene dos reis num cidade (conquistada) como modelo para o cenário. Outra corrente sustenta que a teofania no Sinai (Ex 19,16-19 etc.) forneceu o exemplo para a descrição da parusia (“o Senhor … mesmo descerá do céu”). Paulo aplica a tradução grega (Kýrios = Senhor) do hebraico Yhwh (Javé, Ex 3,14s) para Jesus Cristo (cf. Fl 2,5-11).

Os mortos serão os primeiros a responder ao sinal, “ressuscitarão primeiro” (a ordem é uma característica na descrições apocalípticas, cf. 1Cor 15,23) para poderem acompanhar Jesus na sua parusia. Eles serão seguidos pelos sobreviventes (“deixados com vida”) e serão “arrebatados”, e todos juntos serão levados “nas nuvens” (transporte celestial, cf. Dn 7,13) “para o encontro do Senhor”; depois o escoltarão no julgamento que inaugura o seu reino sem fim. O encontro com o Senhor implica tanto o arrebatamento como alguma forma de transformação (cf. 1Cor 15,51-54s).

O essencial é o trecho final: “Estaremos para sempre com o Senhor” (cf. Fl 1,23; Sl 23,6). Viver sempre com ele (cf. v. 14; 5,10; 2Ts 2,1). Isso é a salvação definitiva, a glória, o reino que Jesus concede aos que ele escolheu (2,12).

Exortai-vos, pois, uns aos outros, com estas palavras (v. 18).

Exortar, consolar e edificar é importante. Em 5,11 há outro convite ao incentivo mútuo. Aqui, o aspecto do consolo mútuo através da esperança é especialmente importante.

O Papa Bento XVI escreveu numa encíclica em 2007 sobre a Esperança: Se a meta é grande, justifica a dureza do caminho. O presente pode ser vivido e aceito, se conduzir a uma meta segura e grandiosa. Cristo morto e ressuscitado é a nossa esperança diante das tristezas e da morte. Não é que os cristãos conheçam em detalhes o que os espera, mas sabem que a vida não acaba no vazio. Somente quando o futuro é certo, o presente se torna vivível (cf. Spe Salvi, 1-2).

 

Evangelho: Mt 25,1-13

Hoje entramos no último dos cinco discursos de Mt. O tema é a escatologia, ou seja, a doutrina sobre as últimas coisas, o fim do mundo com a vinda de Cristo. Já em Mc 13, Jesus discursou sobre isto a seus discípulos. No seu cap. 24, Mt copiou Mc 13 e acrescentou depois mais um um capítulo (Mt 25) que nossa liturgia nos apresenta hoje e nos próximos domingos.

O evangelho de hoje só se encontra em Mt. É uma parábola sobre o Reino de Deus, precisamente da vinda do Jesus (parusia). O noivo da parábola é Jesus que virá no fim da história. Como a parábola anterior (24,45-51), a de hoje centraliza-se na demora do Senhor (24,48; 25,5); mas em vez de fixar a atenção na má-conduta dos servos, focaliza a obrigação de estar preparado (24,44; 25,10), quando ressoar o grito que anuncia a chegada do noivo/esposo.

(Naquele tempo, disse Jesus, a seus discípulos, esta parábola:) O Reino dos Céus é como a história das dez jovens que pegaram suas lâmpadas de óleo e saíram ao encontro do noivo. Cinco delas eram imprevidentes, e as outras cinco eram previdentes (vv. 1-2).

As moças (lit. virgens) são classificadas em “previdentes” (prudentes, sensatas), e “imprevidentes” (insensatas, sem juízo). Duas categorias contrapostas de sólida tradição em livros sapienciais do Antigo Testamento (AT) como Pr e Eclo, também no final do sermão da montanha (como aqueles que constroem sobre a rocha ou sobre a areia, Mt 7,24-27). São adjetivos de enorme peso, a ponto de as qualidades aparecerem personificadas como a senhora Sabedoria (Sensatez) e a senhora Insensatez em Pr 9. Nesta parábola, por sua sensatez, está em jogo o sentido último da vida.

As imprevidentes pegaram as suas lâmpadas, mas não levaram óleo consigo. As previdentes, porém, levaram vasilhas com óleo junto com as lâmpadas. O noivo estava demorando e todas elas acabaram cochilando e dormindo. No meio da noite, ouviu-se um grito: “O noivo está chegando. Ide ao seu encontro!” (vv. 3-6)

Circunstâncias de um casamento são transformadas e rodeadas de um halo misterioso. Não há quem conduza a noiva (Sl 45,14s; Gn 2,22), mas é o noivo que está para chegar (Ct 2,8; 5,2). Não se fala da noiva (cf. 9,15p; Jo 2,1-12), mas dos dois grupos contrapostos de moças, o que introduz o tema do julgamento e da escolha (cf. Sl 45,15s).

O banquete é celebrado à meia-noite, e assim se introduz o tema da vigilância (cf. Ct 3,1; 5,2); entra-se no casamento ou festa nupcial (Ct 1,4; 2,4). As reminiscências do Cântico dos Cânticos se acumulam e conferem certo ar de realismo à cena. Ao mesmo tempo se sobrepõem outros traços que geram uma atmosfera irreal. Não esqueçamos que o Apocalipse de João (e com ele, a Bíblia cristã) termina com espera ansiosa da esposa/comunidade pela vinda do esposo (Ap 19,7-9; 21,2.9; cf. 22,17.20).

Então as dez jovens se levantaram e prepararam as lâmpadas. As imprevidentes disseram às previdentes: “Dai-nos um pouco de óleo, porque nossas lâmpadas estão se apagando.” As previdentes responderam: “De modo nenhum, porque o óleo pode ser insuficiente para nós e para vós. É melhor irdes comprar aos vendedores”. Enquanto elas foram comprar óleo, o noivo chegou, e as que estavam preparadas entraram com ele para a festa de casamento. E a porta se fechou (vv. 7-10).

As virgens representam pessoas e comunidades cristãs, que devem sempre estar preparadas para o encontro com o Senhor, mediante a “prática da justiça” (essa pode ser o significado do “óleo” no contexto de Mt; cf. 7,21-23.24-27). As lâmpadas e o óleo que as alimenta são expressões da vigilância noturna (Pr 31,18; Jr 25,10; Ap 18,22), e ao mesmo tempo servem para inculcar a responsabilidade pessoal (cf. Ez 18), não vale omitir-se afiando-se no outro. Parece-nos uma atitude egoísta das virgens prudentes que não querem repartir seu óleo, mas no contexto há de se considerar: se os prudentes repartissem o óleo, a procissão das luzes (o cortejo com a noiva para a casa do noivo) acabaria no meio do caminho em escuridão, “porque o óleo pode ser insuficiente para nós e para vós”.

Por fim, chegaram também as outras jovens e disseram: “Senhor! Senhor! Abre-nos a porta!” Ele, porém, respondeu: “Em verdade eu vos digo: Não vos conheço!” Portanto, ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia, nem a hora (vv. 11-13).

O noivo (Jesus) responde às insensatas e atrasadas com a mesma conclusão de 7,23 (cf. Lc 13,25-27) e adverte os ouvintes com a mesma ordem de vigiar semelhante à de 24,42. “Daquele dia e daquela hora, ninguém sabe, nem os anjos, nem o Filho, mas só o Pai” (24,36p).

Essa noite não é para dormir (cf. Ct 5,2-6; Is 51,17; 52,1); de fato, todas as virgens “adormeceram” (v. 5; será uma alusão aos que morreram antes da parusia? cf. 1ª leitura: 1Ts 4,14). Mas a recomendação “ficai vigiando”, pode significar “estais preparado” (cf. 24,42.44).

Essa parábola é exclusiva de Mt e sua terceira referência ao tema nupcial (cf. 9,15; 22,1-14). Jesus já se comparou com um noivo na festa de casamento (9,15; cf. Ct 5,1). O messias (Cristo) é o noivo (22,1-14; 25,1-13), esposo da nova “aliança” com seu povo (26,28p).

Sobre o simbolismo do matrimônio no AT: Javé Deus é o esposo de Israel, com que selou aliança (cf. Os 2; 3,16-25; Is 49; 54; 62; Ez 16 etc., aplicado a Jesus no NT em Ef 5,22-32). O casamento é tempo de alegria partilhada (Jr 16,8-9; Ct 3,11; 5,1; Sl 45).

Se quisermos participar da festa do amor e da alegria no céu, precisamos vigiar aqui na terra no sentido de cada um preparar-se com obras de justiça e misericórdia (cf. 25,31-46) e ser perseverante, não relaxar neste tempo de espera, cuja duração só Deus sabe (cf. 1Ts 5,1-11; 2Pd 3,8-14).

O site da CNBB comenta: A Igreja, que somos todos nós, é a esposa de Cristo, e realiza sua maior felicidade no relacionamento com ele, relacionamento que exige de todos nós fidelidade, amor e sensatez, ou seja, uma fé vigilante, que faz com que vivamos constantemente na presença de Jesus, Luz que ilumina nossa vida e não permite que vivamos nas trevas do erro. Como vivemos na presença de Jesus e somos iluminados por ele, nossa fé é cada vez mais ativa e torna-se luz para as pessoas, de modo que todos possam descobrir-se amados por Deus, busquem constantemente um relacionamento com ele, e assim estejam sempre prontos para o momento em que esse relacionamento atingirá sua plenitude, quando seremos todos um só em Cristo.

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