02 de novembro de 2016 – Quarta-feira, Fiéis defuntos

A nossa liturgia católica deixa um ampla variedade de textos bíblicos para se escolher nas missas neste dia (50 páginas no lecionário; no site da CNBB repetem-se apenas os textos de Todos os Santos). Apresentamos aqui as leituras sugeridas no folheto da Editora Paulus em 2016, mesmo com o evangelho igual ao dia de Todos os Santos (Mt 5,1-12).

Antes uma observação sobre a origem desta comemoração: a data coincide com Samhain, uma festa pagã. Antes da chegada do inverno europeu (frio, neve, escuridão), os celtas comemoravam a colheita junto com seus ancestrais (mortos); acreditavam que nessa época mais escura do ano as almas dos mortos retornavam às suas casas para visitar os familiares e buscar alimento (daí o costume Halloween, hoje comercializado). Como em outros casos (por ex. Natal), a festa pagã não foi abolida, mas ganhou um novo sentido cristão.

Em Roma celebrava-se o dia de Todos os Santos (ancestrais espirituais) em 01º de novembro e surgiu a necessidade de um dia próprio para rezar por todos os outros falecidos dos quais não se sabe se estão no céu (a doutrina do purgatório se desenvolveu nesta época, baseando-se em 2Mc 43-45; 1Cor 3,13-15; Mt 12,32). Em 998, o abade Odilo de Cluny introduziu o dia 02 como dia próprio para todos os mosteiros beneditinos de onde se difundiu para toda população no ocidente. O nome oficial é “comemoração de todos os fiéis defuntos”. No oriente se reza pelos falecidos em vários dias durante o ano.

1ª Leitura: Sb 3,3-9

O livro de Sabedoria é o mais novo do AT e não faz parte da Bíblia (hebraica) dos judeus, nem dos protestantes. Foi escrito em grego entre 50 e 30 a.C. em Alexandria do Egito, grande centro de cultura helenista e filosofia grega onde se abrigava a maior biblioteca da antiguidade. O autor queria fortalecer a fé dos 200.000 judeus que moravam nesta cidade pagã.

Os egípcios antigos pensavam muito numa vida após morte, mumificaram seus corpos e construíram túmulos luxuosos (pirâmides, vale dos mortos). Acreditaram também num julgamento após a morte. Mas os gregos e romanos eram mais materialistas e se acreditaram numa vida após a morte, era apenas como sombra da alma no submundo (hades, cf. 1,14). Para eles, a vida verdadeira era aqui e agora e tinha que ser aproveitada ao máximo (carpe diem – colha o dia), porém, muitas vezes às custas dos pobres (escravos) e eliminando o justo que se diz “filho de Deus” (cf. o pensamento dos perversos descrito no cap. 2).

A Nova Bíblia Pastoral (p. 840) comenta: No mundo greco-romano, os poderosos oprimiam o pobre e sacrificavam o justo. Como não acreditavam na imortalidade, diziam que o justo era um fracassado. O sábio, porém, garante: no dia do julgamento, no “tempo da visita”, o justo há de brilhar; ao contrário, para os opressores não haverá esperança, pois se afastaram de Deus e desprezaram os mais fracos (cf. Eclo 41,5-13).

A Bíblia do Peregrino (p. 1530) comenta nossa leitura: Toma o justo onde deixaram os perversos: condenado e morto. Fica algo dele? Na convicção dos perversos, o assunto terminou, provaram sua tese sobre inutilidade da justiça. O autor abre novo ato com nova situação: a morte não é o último acontecimento na vida do justo, mas abre um entreato para a nova e definitiva situação.

A Bíblia do Peregrino (p. 1530) observa as correspondências de 3,1-12 com o cap. 2: O autor assegura a continuidade com uma serie de repetições verbais (em grego) ou sinonímicas. Os perversos faziam uma prova com o justo (2,17.19); na realidade, era Deus que o submetia à prova (3,5.6); eles o submetiam a tormentos (2,19), mas o tormento não o tocou (3,1); a vida era uma chispa (2,2), a nova vida é um incêndio glorioso (3,7); os perversos atropelavam o desvalido (2,10), os justos submetem os povos (3,8); os perversos declaravam o fraco inútil (2,11), agora se vê que as obras deles são inúteis (3,11); o justo olhava o perverso com escória (2,16), agora o justo é ouro acrisolado (3,6); o justo estava nas mãos dos perversos (2,18), agora está na mão de Deus (3,1). A “esperança” (4) faz compreender a verdade (9).

A vida dos justos está nas mãos de Deus e nenhum tormento nos atingirá (v. 1).

Em 2,18, o justo estava nas mãos dos adversários, que o condenaram à morte, mas agora ele está nas mãos de Deus. Recorde-se Sl 31,6.16, citado por Lc 23,46 e At 7,59 (últimas palavra de Jesus e do diácono Estêvão).

“Nas mãos de Deus” expressa, ao mesmo tempo, dependência imediata (Jó 12,10 grego) e proteção (Dt 33,3; Is 51,16; Jo 10,28s). A vida (lit. as almas) dos justos estão protegidas dos tormentos, sem que se diga, porém, se escapam do Hades (Sheol) ou ai se encontram num lugar especial.

Aos olhos dos insensatos parecem ter morrido; a sua saída do mundo foi considerada uma desgraça, e sua partida no meio de nós, uma destruição; mas eles estão em paz (vv. 2-3).

“Aos olhos dos insensatos parecem ter morrido”; é raciocínio falso e o julgamento errado de 1,3.5; 2,1.21. Aqui chama a morte do justo de “saída do mundo” (trânsito) e “partida” (cf. Lc 9,31; 22,22; Jo 13,1): mais que eufemismos, são os nomes apropriados.

Para o sábio, porém, “eles estão em paz”, não é só a paz negativa de acabar (Jó 3,13-19; Eclo 41,2), a ausência de todo mal (Is 57,2; Jó 3,17-18), e sim a paz positiva e plena (vv. 8s), um estado de segurança e felicidade sob a proteção (v. 1) ou na intimidade (v. 9) de Deus.

Aos olhos dos homens parecem ter sido castigados, mas sua esperança é cheia de imortalidade; tendo sofrido leves correções, serão cumulados de grandes bens, porque Deus os pôs à prova e os achou dignos de si (vv. 4-5).

Os justos falecidos parecem ter sido “castigados”; palavra frequente em Sb, em contextos de retribuição. Mas sua “esperança é cheia” “esperança cheia” (Hb 6,11) de “imortalidade” (1,15: “a justiça é imortal”).

A Bíblia de Jerusalém (p. 1207) comenta: A esperança (Rm 5,2) desempenha um papel capital na vida dos justos e tem por objeto a imortalidade, “athanasia”. Essa palavra, até aqui inusitada no AT, mas familiar aos gregos, designava quer a imortalidade da lembrança (cf. 8,13), quer a da alma. O autor a emprega aqui no segundo sentido, mas para significar a imortalidade bem-aventurada na sociedade de Deus, como recompensa pela justiça (1,15; 2,23). Deste modo ele precisa as esperanças do Salmista, que não se resignava a perder, pela morte, a intimidade de Deus (Sl 16,10).

”Tendo sofrido leves correções, serão cumulados de grandes bens” há uma desproporção, como em Rm 8,18. A Tradução Ecumênica da Bíblia (p. 1687) comenta: A palavra traduzida por “correções” significa também educação. O tema da educação paternal de Deus (Dt 8,5; Pr 3,12) adquire aqui um alcance escatológico. As “correções leves” dos justos serão magnificamente compensadas (cf. Rm 8,18; 2Cor 4,17; Hb 12,7-11). Elas também servem à sua purificação (cf. 1Pd 1,6-7).

Deus os pôs à prova e os achou dignos de si”. A “prova” é pedra de toque e meio de purificação dos justos (cf. Gn 22,1; Tb 12,13; Jó 1,2; Sl 66,10; 1Pd 1,6-7). Nas provações venceram, na esperança da imortalidade futura, certos de que Deus lhes recompensaria a constância e a fidelidade.

“Dignos de Deus” é uma expressão audaz e magnífica (cf. Mt 10,37; 22,6; Lc 15,19). Talvez aluda à imagem de Deus, que o justo soube conservar (2,23), e à sua filiação divina (2,13.16.18; cf. Lc 15,19).

Provou-se como se prova o ouro no fogo e aceitou-os como oferenda de holocausto; no dia do seu julgamento hão de brilhar, correndo como centelhas no meio da palha; vão julgar as nações e dominar os povos, e o Senhor reinará sobre eles para sempre (vv. 6-8).

“Como se prova o ouro no fogo” (no fogo o ouro se deliga dos metais menos nobres; cf. Eclo 2,5; Sl 66,10; Is 1,25; 48,10; Zc 13,9; 1Pd 1,7). “Aceitou-os como oferenda de holocausto”; o termo grego holocausto significa “queimado por inteiro”, o sacrifício (animal) ofertado a Deus é queimado no altar sem reservar uma parte para os sacerdotes ou a família que oferta. Aqui indica a totalidade da entrega e da aceitação do justo e o caráter cultual dessa entrega, Sl 51,19; cf. Dn 3,39.

“No dia do seu julgamento (lit. sua visita) hão de brilhar”. Esta visitação ou intervenção divina (cf. 2,20; 3,13, 4,15; 14,11), favorável às almas dos justos, marcará a sua glorificação definitiva.  A Bíblia de Jerusalém (p. 1207) comenta: A palavra (cf. Ex 3,16) designa aqui uma intervenção favorável de Deus, suscetível de coincidir com um julgamento geral ou parcial. A própria expressão, que reproduz lit. Jr 6,15; 10,15 (LXX; cf. também Is 24,22), indica uma fase ulterior na condição das almas justas. O verbo seguinte deve significar sua glorificação definitiva: se a noção de “resplendência” se aplica em outros lugares aos eleitos ressuscitados (Dn 12,3; Mt 13,43), essa doutrina de uma ressurreição corporal não se explicita em nenhuma parte do livro.

A Bíblia do Peregrino (p. 1530) comenta: A imagem do esplendor é escatológica em Dn 12,3 (brilho de astros); Is 60 e 62 (de Jerusalém). Se o canavial alude a Ab 18 ou a Zc 12,6, então a segunda imagem fala do triunfo dos justos sobre os perversos… Em textos escatológicos e apocalípticos hebraicos, é comum falar do triunfo final de Israel, constituindo senhor de todos os povos, sob o reinado imediato do Senhor seu Deus. Compara-se com 1Cor 6,2 (que dá por sabida a doutrina); Ap 20,4-6 (o reino dos mil anos com Cristo); Ap 2,26.

A “palha” é associada em muitos textos bíblicos ao destino dos insensatos e perversos (cf. Sl 1,4s; 35,5; Jó 21,18). A Tradução Ecumênica da Bíblia (p. 1687) comenta: No AT, a imagem da palha em chamas evoca uma destruição rápida e radical, provocada seja pela cólera divina (Ex 15,7; Is 5,24; Na 1,10; Ml 3,19), seja pela vitória de Israel sobre os inimigos (Ab 18; Zc 12,6). Sobre as faíscas que propagaram o fogo, cf. Is 1,31. Os justos glorificados seriam então associados a Deus no castigo dos ímpios. Compará-los a faíscas manifesta, também, a entrada num estado novo, luminoso e glorioso.

Como o fogo simboliza a presença de Deus (cf. Gn 15,17; Ex 3,2; 13,21s; 19,18 etc.) e seu julgamento para discernir o que presta (o ouro, v. 6) do que não presta, aqui os justos “correndo como centelhas no meio da palha” significa a participação dos justos glorificados no julgamento (cf. Mt 19,28) e no extermínio do mal. “Vão julgar as nações e dominar os povos” (cf. Sl 149,5-9). Os justos serão associados ao Reino eterno de Deus sobre todos os povos (cf. o juízo de Deus e os justos participando do reino em Dn 7,9s.18.22.27; 12,2s).

Os que nele confiam compreenderão a verdade, e os que perseveram no amor ficarão junto dele, porque a graça e a misericórdia são para os seus eleitos (v. 9).

O autor expressa com brevidade e densidade a relação mútua de amor. “Os que nele confiam compreenderão a verdade”, uma verdade que justificará sua confiança e lhes revelará todo o desígnio misterioso e providencial de Deus sobre as pessoas (cf. 4,17).

“Os que são fiéis no amor permanecerão junto a ele”, ou então, separando a frase de outra maneira: “Os que são fiéis permanecerão juntos a ele no amor” (Bíblia de Jerusalém). A felicidade dos eleitos é feita ao mesmo tempo de conhecimento e de amor.

“Porque a graça e a misericórdia são para os seus eleitos”; o texto é incerto. Alguns manuscritos trazem uma versão mais longa: “porque há graça e misericórdia para seus santos, e ele visitará seus eleitos.”

2ª Leitura: Ap 21,1-5a.6b-7

No final do seu livro apocalíptico, o autor “João” (1,4.9), um presbítero ou bispo da Ásia Menor, que se vê como profeta, não como apóstolo (cf. 1,3; 22,10.19), mostra que a meta da história, para além do tempo, é a plena realização da Aliança de Deus com humanidade, numa vida inteiramente imortal. O fim da história é a vida.

A Nova Bíblia Pastoral (p. 1525) comenta: A série de visões tem seu ponto de chegada na apresentação de outro mundo, novo e diferente. Nele se realiza em plenitude a aliança entre Deus e a humanidade libertada. João é o encaminhado a contemplar uma nova cidade que vem ao mundo e se apresenta em ambiente todo diverso, o novo céu e a nova terra (cf. Is 65,17-25). Este cenário, livre da dominação e da violência, proclama a presença eterna de Deus no meio da humanidade.

Nos caps. anteriores, o autor descreveu a queda da cidade opressora Babilônia (na verdade, Roma; cf. caps. 17-18), a batalha final e a ressurreição dos mortos com o julgamento (caps. 19-20). A Bíblia do Peregrino (p. 2973) comenta: O espaço ficou livre para o novo universo, a nova criação e para celebrar o casamento do Cordeiro. O universo é escrito com traços conjugados: ausência de males, presença de bens. A noiva é Jerusalém, ou seja, mulher e cidade, formosa e feliz. O autor dedica mais espaço para descrevê-la como cidade, mas o leitor não deve perder de vista o contexto conjugal do amor (que ressoará com força no final). O antecedente de Is 40-66 é significativo porque o texto combina e sintetiza sem dificuldades ambos aspectos: p. ex. em 49,14-26 se fala de esposa, mãe e escombros; em 54,1-10 o diálogo amoroso menciona “o espaço da tenda”, no capitulo 60, Jerusalém é matrona e cidade, e assim por diante.

(Eu, João,) vi um novo céu e uma nova terra. Pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe (v. 1).

Os profetas antigos descreveram a felicidade messiânica anunciada para o futuro mais ou menos como um retorno ao paraíso (cf. Is 11,6-9). Mas nas obras apocalípticas, sem repudiar as antigas representações (Is 65,25 cita Is 11,7), espera-se uma renovação total.

Em 21,1-8 a nova relação que existe entre Deus e os homens é apresentada como “um novo céu e uma nova terra”. Esta ideia é inspirada em Isaías (sobretudo Is 51 e 65) com o tema clássico da eliminação da primeira criação e de sua substituição por uma criação nova, ou outra ordem, é a fase última da obra regenerada de Deus (Is 65,17; 66,22). Tornamos a encontrá-la várias vezes na literatura apocalíptica dos apócrifos (cf. Henoc 45,4-5; 71,1; 91,16; 4Esd 7,75), bem como no Novo Testamento (cf. Mt 19,28; Mc 13,24.31; 2Cor 5,17; Cl 3,10; 2Pd 3,13).

A Bíblia de Jerusalém (p. 2326) comenta: Em Isaías (65,17; 66,22), a expressão era apenas o símbolo da renovação da era messiânica. Em consonância com Cristo (cf. Mt 19,28; 2Pd 3,13), Paulo abre perspectivas mais realistas: toda a criação será um dia renovada, libertada da servidão e da corrupção, transformada pela glória de Deus (Rm 8,18-22).

“O mar já não existe”, porque os antigos o consideravam como ameaça. O mar é o resíduo do caos primitivo e a morada das potencias do abismo, moradia do dragão e símbolo do mal (Jo 7,12), de onde vieram as bestas-feras, os romanos e para onde se desejava expulsá-los (13,1; Dn 7; cf. Mc 5,9-13). Desaparecerá como nos dias do êxodo (Ex 14), mas desta vez para sempre, diante da marcha vitoriosa do novo Israel (cf. Is 51,9s; Sl 74,13s; Jó 26,12s; Is 27,1).

Vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus, vestida qual esposa enfeitada para o seu marido (v. 2).

Este fim da história, a nova criação não é simbolizada por outro jardim de Eden (Gn 2), mas por uma cidade (com rio e áreas verdes, cf. 22,1-2). A “nova Jerusalém” (3,12; cf. Gl 4,26) está em contraste total com a Babilônia, a cidade “prostituta” em Ap 17-18 (representando Roma com suas sete colinas, cf. 17,9). A nova Jerusalém é a “esposa”, a cidade dos eleitos e um dom de Deus (vem “do céu”), “desce”, porque a noiva é tradicionalmente conduzida ao noivo que a espera (cf. Sl 45).

É a noiva/esposa do Cordeiro, o “casamento do Cordeiro” já foi anunciado em 19,7-9; o vestido (linho puro) da noiva-esposa representa a “conduta dos santos” (19,8; cf. Is 52,1; 61,10). Na nova criação, o novo Adão esposa a nova Eva; realiza-se a Aliança de Deus com toda a humanidade (cf. v. 3).

No AT, Jerusalém representa a cidade de Davi, capital e centro religioso de Israel (2Sm 5,9; 24,25; 1Rs 6,2; Sl122), cidade de Deus (Sl 46,5), cidade santa (Is 52,1; Dn 9,24; cf. Mt 4,5), cujo coração era a montanha (Sl 2,6), onde o Templo fora construído (Dt 12,2-3), era tida em Israel como a futura metrópole do povo messiânico (Is 2,1-5; 54,11; 60; Jr 3,17; Sl 87,1; 122; cf. Lc 2,38). Foi lá que o Espírito Santo fundou a Igreja cristã (At 1,4.8; 2,1ss; 8,1.4; etc.). Em nosso texto aqui, ela foi transportada para o céu, onde se cumpre o desígnio salvífico de Deus (3,12; 11,1; 20,9; 22,19; cf. Gl 4,26; Fl 3,20; At 2,22-24) quando são celebradas suas núpcias com o Cordeiro (19,7-8; cf. Is 61,10; 62,4-5; Os 1,2; 2,16; etc.).

São as novas núpcias de Jerusalém com seu Deus, na alegria e no júbilo (19,7; cf. 65,18; 61,10; 62,4-6). E o ideal do êxodo enfim atingido (Os 2,16-25). No AT, Deus é às vezes chamado de esposo de Israel (Is 54,1-8; Os 2,16-18). O cristianismo adota este simbolismo, embora o modificando um pouco: É Cristo que é o esposo da Igreja (cf. Ef 5,23.25.32; Mc 2,19p; Jo 2,1) e as núpcias, realização perfeita da aliança, são esperadas para o fim dos tempos (cf. Mt 22,2; 25,1-13).

Então, ouvi uma voz forte que saía do trono e dizia: “Esta é a morada de Deus entre os homens. Deus vai morar no meio deles. Eles serão o seu povo, e o próprio Deus estará com eles (v. 3).

A “voz forte que saía do trono” (v. 3) é “daquele que está sentado no trono” (v. 5), ou seja do próprio Deus. Pelo amor do Cordeiro à nova Jerusalém, Deus habita entre os homens, e os homens com ele.

“Eis a morada de Deus com os homens” (lit. tenda, tabernáculo, cf. 7,15-17; Jo 1,14) lembra a presença de Deus na caminhada do êxodo, conduzindo o povo de Deus para longe da escravidão do império egípcio. É a realização de Lv 26,11-13, mas aqui vislumbra a libertação definitiva.

“Eles serão o seu povo, e o próprio Deus estará com eles”. É transposição exata de Imanu-El (Emanuel = Deus conosco: cf. Is 7,14; Mt 1,23) e a fórmula clássica da aliança, que se encontra 19 vezes no AT: Ex 6,7; Lv 26,12; Dt 26,17-19; 29,12; 2Sm 7,24 (=1Cr 17,22); Jr 7,23; 11,4; 24,7; 30,22; 31,1.33; 32,32; Ez 11,20; 14,11; 36,28; 37,23.27; Zc 8,8; cf. 2Cor 6,16). A presença e a intimidade caracterizam a aliança de Deus com seu povo (cf. Ex 25,8 e Jo 1,14). Ela será consumada no fim do tempo (cf. Jl 4,17. 21; Zc 2,14; Sf 3,15-17; Is 12,6).

Deus enxugará toda lágrima dos seus olhos. A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem choro, nem dor, porque passou o que havia antes.” Aquele que está sentado no trono disse: “Eis que faço novas todas as coisas (vv. 4-5a).

A descrição desta alegria completa sem lágrimas (cf. 7,15-17), nem morte, nem luto, nem choro, nem dor, está inspirada no banquete sagrado e universal preparado por Deus em Is 25,8 (também Is 65,19 e 35,10 no canto a alegria). A iniciativa é de Deus, que “renova todas as coisas” (cf. v. 1; 2Cor 5,17).

Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem tiver sede, eu darei, de graça, da fonte da água viva. O vencedor receberá esta herança, e eu serei seu Deus, e ele será meu filho” (vv. 6b-7).

“Eu sou o Alfa e o Ômega” repete a introdução de 1,8. Agora no final do Ap, a história turbulenta e agitada “acabou” (v. 6a), mas Deus permanece. “Alfa” é a primeira e “Ômega” é a última letra do alfabeto grego. A expressão significa: “o Princípio e o Fim” (em 22,13 acrescenta: “o Primeiro e o Último”, cf. 1,17; 2,8, 3,14). A afirmação lembra o monoteísmo exclusivo de Is 41,4; 44,6; 48,12. O nome hebraico de Deus, Yhwh (Javé), revelado em Ex 3,14 foi traduzido em grego por “Eu sou”.

“A quem tiver sede, eu darei, de graça, da fonte da água viva” (cf. Is 55,1). No AT a água, símbolo da vida era característica dos tempos messiânicos. A água de fonte torna-se, no AT, o símbolo da vida que é dada por Deus, especialmente nos tempos messiânicos (Is 12,3; 55,1; Jr 2,13; Ez 47,1s; cf. Sl 46,5 e Zc 14,8; Sl 36,9-10 e no NT, Ap 22,17) ou, ainda, símbolo da Sabedoria e da Lei, que dão a vida (Pr 13,14; Eclo 15,3; 24,23-29). Esses temas encontram-se na cena evangélica, onde a água viva se torna o símbolo do Espírito (Jo 4). No NT, água se torna o símbolo do Espírito (7,17; Jo 4,10-14; 7,37-39) em virtude do batismo.

O “vencedor” é que vence as tentações mesmo na perseguição (cf. Jo 16,33; 1Jo 2,14; 5,4) em que vive o autor e suas comunidades. Seis das cartas do Ap às sete comunidades terminam com uma promessa ao “vencedor” (2,7.17.26; 3,5.12.21).

“Eu serei seu Deus, e ele será meu filho”; lembra a fórmula da aliança que já foi falado em v. 3 ao povo de Deus, agora aplica-se ao indivíduo. O título de “Filho de Deus” devia ser conferido ao rei Messias, sucessor de Davi, no dia de sua entronização (2Sm 7,14; Sl 2,7; 89,27s); Cristo foi declarado “Filho de Deus” em virtude de sua ressurreição (At 2,36; Rm 1,4; Hb 1,5). Ele estende este título aos que nele creem (Jo 1,12).

A Bíblia do Peregrino (p. 2973) comenta: Combina apertadamente duas metades, deixando que as outras duas tácitas ressoem por harmonia: Eu serei seu Deus (e seu Pai), ele será meu filho (e meu povo); restrito no caso do Rei (Sl 2,7; 89,27-28). O tema da herança, frequente no AT, se acha também no NT: 1Cor 15,50; 1Pd1,3-5.

 

Evangelho: Mt 5,1-12a

Em Mt, Jesus expôs o espírito novo do reino de Deus (4,17) num discurso inaugural (o primeiro de cinco neste Ev), chamado de ”sermão da montanha”, iniciando-o com as bem-aventuranças.

Em Lc, o mesmo discurso, porém menor, acontece ”na planície” (Lc 6,17.20-49). Como se pode verificar nas diferenças entre os evangelhos de Mt e Lc (ex. na infância e nas aparições de Jesus), ambos os evangelistas não se conhecem, escreveram independentemente um do outro, mas copiaram grande parte do evangelho mais velho, de Mc. Mas em Mc não temos este discurso. A teoria das duas fontes diz que Mt e Lc usaram ainda outra fonte escrita (além de Mc) que se perdeu na história. Os peritos da Bíblia a reconstruíram e a chamam de ”Q” (da palavra alemã Quelle = fonte): uma coleção catequética de palavras (não de ações, mas de parábolas, ensinamentos) de Jesus (e algumas de João Batista). Outra teoria propõe que um redator (Deutero-Marcos) poderia reeditado Mc com algumas mudanças e acréscimos (com algum material de Q), porque chama atenção o fato de que o sermão está inserido, em Mt e Lc, praticamente no mesmo lugar: depois da sequência de Mc que informa de onde se juntou a grande multidão que seguia Jesus, de todo Israel e até regiões vizinhos, “da Galileia, da Judeia… até Sidônia” (Mc 3,7-10; Lc 6,17-19; Mt 4,23-25).

Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e Jesus começou a ensiná-los (v. 1).

“Começou a ensiná-los” (vv. 1-2; lit. “abriu a boca” (cf. Is 53,7; Ez 3,27; Sl 78,2). Jesus não se retira da multidão (cf. 14,23p) e nem se senta para descansar.

A introdução própria de Mt quer lembrar a seus leitores judeu-cristãos a autoridade tradicional: Moisés no “monte” Horeb/Sinai (cf. Ex 19-20). O sermão da montanha é como a constituição de um novo povo de Deus com Jesus promulgando a nova lei.

Os rabinos (mestres judaicos) costumam “sentar” ao ensinar (daí a palavra “catedral”, é o lugar onde está a cátedra=cadeira=sede do bispo). Todo discurso é dirigido não só aos discípulos, como pode parecer, mas ao povo todo, como consta no final do sermão (7,28).

O início desta nova (interpretação da) Lei não são mandamentos, como era na antiga Lei de Moisés que iniciou com o decálogo (10 mandamentos) no Sinai (cf. Ex 20). Jesus começa com felicitações (“bem-aventuranças”) anunciando valores.

Em Mt, Jesus usa a terceira pessoa (“os”, só em v. 11 muda para “vós”); em Lc, a segunda (“vós”). Lc só conhece quatro bem-aventuranças (Lc 6,20-23) e preserve mais a versão original que frisa a mudança de situações sociais entre esta e a futura (cf. 16,25). Mt, por sua vez, apresenta oito (ou nove, com v. 11) bem-aventuranças como caminho de vida ética e espiritual (Mt 5,3: pobres no espírito) com promessas de recompensa celeste. Esta opinião de que a versão de Lc pode ser mais perto das palavras originais de Jesus se baseia na observação seguinte: é mais provável um evangelista (Mt) acrescentar algo às palavras de Jesus do que diminuir ou tirá-las (assim também os quatro ais em Lc 6,24-26 devem ser um acréscimo de Lc; o mesmo argumento vale para as duas versões do Pai-Nosso em Mt 6,6-9 e Lc 11,1-4).

”Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra (vv. 3-6).

Em Lc, a situação dos “pobres” (economicamente, cf. Dt 15,1-11; Is 29,10; Sl 72,4.13; 74,21; 1Sm 2,8 e Lc 1,52-53), que são também os “famintos” (Sl 58,7; Sl 107,9; Jl 2,26) e os “aflitos” que choram (Is 25,8; 30,19; Sl 56,9; 126,5-60), é relacionada à posse do reino. Mt destaca mais a ética e espiritualiza; ele retrata as atitudes do próprio Jesus nestas bem-aventuranças indicando um caminho para qualquer discípulo que queira seguir.

O AT (Antigo Testamento) às vezes expressava felicitações como essas falando de piedade, de sabedoria e de prosperidade (Sl 1,1-2; 33,12; 127,5-6; Pr 3,3; Eclo 31,8; etc). No espírito dos profetas, Jesus lembra que também os pobres participam das suas bênçãos: as três primeiras bem-aventuranças (Mt 5,3-5; Lc 6,20-21) declaram que pessoas comumente tidas como infelizes e amaldiçoadas são felizes, estão aptas para receber a benção do reino. As bem-aventuranças seguintes se referem mais diretamente a atitude moral do homem. Outras bem aventuranças de Jesus se encontram em Mt 11,6; 13,16; 16,17; 24,46; Lc 11,27-28; etc. (cf. Lc 1,45; Ap 1,3; 14,13; etc.)

Cristo retoma a palavra “pobre” com o sentido moral que já se percebe em Sofonias (cf. Sf 2,3), explicitado em Mt 5,3 pela expressão “em espírito”, que não ocorre em Lc 6,20. Despojados e oprimidos, os “pobres” ou os “humildes” estão disponíveis para o reino dos céus (cf. Lc 4,18; 7,22; Mt 11,5; Lc 14,13; Tg 2,5). A “pobreza” sugere a mesma ideia que a “infância espiritual”, necessária para entrar no reino (Mt 18,1; Mc 9,33s, cf. Lc 9,46; Mt 19,13; 11,25), o ministério revelado aos “pequeninos” (cf. Lc 12,32; 1Cor 1,26s). Aos “pobres”, corresponde ainda os “humildes” (Lc 1,48.52; 14,11; 18,14; Mt 23,12; 18,4), os últimos em oposição aos primeiros (Mc 9,35), os pequenos em oposição aos grandes (Lc 9,48; cf. Mt 19,30p; 20,26p; Lc 17,10). Embora a expressão de Mt 5,3 enfatize o espírito da pobreza tanto no rico como no pobre, o que Cristo quer salientar é uma pobreza efetiva particularmente para seus discípulos (Mt 6,19s; cf. Lc 12,33s; Mt 6,25p; 4,18s, cf. At 2,44s; 4,32s). Ele mesmo dá o exemplo de pobreza (Lc 2,7; Mt 8,10p) e de humildade (Mt 11,29; 20,28p; Mt 21,5; Jo 13,12s; cf. 2Cor 8,9; Fl 2,7s) identificando-se com os pequeninos e com os infelizes (Mt 25,45, cf. 18,5p).

Os “aflitos” comovem a Deus (cf. Ex 3,17; Is 48,10; 61,1-3) e “serão consolados” (v. 4; cf. Is 40,1; 2Cor 1,3-7; em Lc 6,21 “haverão de rir”). A Bíblia do Peregrino (p. 2325) comenta: É frequente ler no AT unidos “pobre e afligido”; não é raro que o segundo está unido com “oprimido e marginalizado”, e até se confundam por sua semelhança fonética. Sob esse pano de fundo as três primeiras bem-aventuranças poderiam ser tratadas unitariamente: Pobres e afligidos e oprimidos serão consolados com a terra e o céu.

Próprio de Mt é a “herança” da terra aos “mansos”, aos injustamente despossuídos (v. 5; citando Sl 37,11; cf. a partilha ideal da terra em Js 12-21). Alguns anos antes da redação do evangelho de Mt por volta de 80 d.C., a Guerra Judaica, os seja, a luta violenta contra os romanos para conseguir a independência de Israel, acabou em derrota (destruição de Jerusalém e do templo em 70 d.C.). Esse fato reforçou a posição pacífica de cristãos contra o movimento nacionalista dos judeus (zelotas; cf. o conselho de Gamaliel em At 5,34-39).

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados (v. 6).

Mt não só fala dos famintos (25,35), mas dos que têm “fome e sede de justiça”. Como metáfora, fome e sede podem ter como objetivo o próprio Deus (Sl 42,2; 63,2: cf. Jo 6); aqui é a justiça que corresponde ao reino de Deus é palavra chave em Mt neste sermão (v. 20; 6,1.25.31.33); “serão saciados” (cf. Lc 1,53).

Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus (vv. 7-9).

Estas três bem-aventuranças são próprias de Mt. A “misericórdia” (v. 7) é um atributo principal de Deus (cf. Ex 34,6) e é aconselhada também ao homem, inclusive como bem-aventurança em Sl 41,2. Outra vez o passivo em grego (lit.: “serão tratados com misericórdia”) tem Deus como agente (cf. 6,12; 18,23-35; Pr 14,31; 19,17). Ele quer “misericórdia mais do que sacrifícios” (Os 6,6 citado duas vezes por Mt 9,13 e 12,7). A misericórdia (compaixão) é único critério no Juízo final de 25,31-46, já que o amor-caridade resume toda a Lei (cf. 7,12; 22,34-40p).

Os “puros de coração” (v. 8) são sinceros com Deus e com os homens (cf. Sl 24,4; Pr 12,11). Esta pureza interior se opõe à pureza meramente externa e ritualista (23,25-28). “Verão a Deus”, ver Deus é desejo e esperança suprema (Sl 11,7; 17,15; 63,3) que nem Moisés alcançou (Ex 33,20; cf. Jo 1,14.18; 14,9).

Parte essencial das profecias sobre o messias é o anúncio da “paz” (cf. Is 2,2-5; 9,5; 11,1-9; 42,1-4; cf. Lc 2,14; 19,38) e não a violência (Mt 5,38-48; 26,51s; cf. Ef 2,14-18; Cl 1,20). O messias (“Cristo”) é “Filho de Deus” com o Espírito de paz (pomba em 3,16p) seus discípulos (“cristãos”, At 11,26) também “serão chamados filhos de Deus” (cf. Jo 1,12; Rm 8,14-17; Gl 3,26; 4,6s; 1Jo 3,1s.9s), como título honorífico já se lê em Dt 14,1; Os 2,1.

Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus (vv. 10-12a).

Aos “perseguidos por causa da justiça” (v. 10), por serem justos ou vítimas inocentes (cf. Sb 2), pertence o “reino dos Céus” (como aos pobres em v. 3; cf. os famintos pela “justiça” em v. 6). Também esta sétima bem-aventurança é própria de Mt.

Só na oitava bem-aventurança (v. 11; Lc 6,23), Mt passa a falar para a segunda pessoa (“vós”, como em todo discurso de Lc 6), com o acréscimo: “alegrai-vos…” (também em Lc 6,23, ou seja, já na fonte Q). A chave de Mt está na mudança da causa, agora “sois vós”, perseguidos “por causa de mim”, Jesus Cristo (v. 11; cf. Sl 44,23; 74,22). Supõe a perseguição dos cristãos, aos quais Mt quer anima (cf. 10,23; 23,34).

Mas “alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois foi assim que perseguiram os profetas que vieram antes de vós” (a segunda parte do v. 12 é omitida pela leitura de hoje, talvez por querer um final positivo ou atualizado: antes de nós não vieram os profetas do AT, mas 2000 anos de história da Igreja). Os discípulos de Jesus são sucessores dos profetas.

No AT, os profetas foram perseguidos por cumprirem sua missão (11,47; 2Cr 36,16), desde Elias por Jezabel (1Rs 19) até a figura exemplar de Jeremias, “o profeta queimado”, passando por Amós (Am 7). A perseguição por Jesus e seu evangelho é uma constante da Igreja desde a época dos Atos dos Apóstolos e tem lugar importante no Apocalipse (cf. 10,23; 23,34; 1Pd 4,4.12-19).

No estado laico de hoje, os cristãos não são perseguidos pela fé, mas às vezes, são discriminados quando querem se manifestar publicamente (alega-se que religião seja coisa apenas privada) ou por defender a ética frente à corrupção da maioria. Mas ainda existe perseguição de cristãos pela fé em vários países (islâmicos, comunistas,…).

O site da CNBB comenta: O sermão da montanha nos mostra a moral da Nova Aliança e começa com as bem-aventuranças, apresentadas no Evangelho de hoje, e que nos mostram as motivações e as virtudes que nos são necessárias para que assumamos os valores do Reino de Deus e possamos viver de forma madura o que nos é proposto por Jesus.

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