12 de Novembro de 2018, Segunda-feira: Eu deixei-te em Creta, para organizares o que ainda falta e constituíres presbíteros em cada cidade, conforme o que te ordenei (v. 5).

Leitura: Tt 1,1-9

Iniciamos hoje a leitura da carta de Paulo a Tito, um grego que acompanhou o apóstolo na sua segunda viagem a Jerusalém (Gl 1,20; 2,1-3), e passou com ele por Troade, Corinto e a Macedônia (2Cor 2,13; 7,5-7), Éfeso (1Tm 1,3) e a Dalmácia (2Tm 4,10). Paulo o deixou como bispo na ilha de Creta (Tt 1,5).

A epistola a Tito e as duas a Timóteo são chamadas “cartas pastorais”, porque não se dirigem à uma comunidade, mas aos pastores (bispos) para dirigi-las. Muitos exegetas consideram estas cartas escritas por uma redação posterior ao apóstolo Paulo porque refletem uma organização mais desenvolvida e preocupações diferentes das outras cartas do apóstolo Paulo. Aliás, era costume de época que discípulos de um mestre escreviam em nome dele para dar continuidade (ex. a profecia de Isaias foi escrito tem três períodos, ou seja, por três autores: Is 1-39; 40-55; 56-66).

A Bíblia Pastoral (p. 1469) introduz a carta:

A carta a Tito e a primeira carta a Timóteo tratam de problemas idênticos. O Evangelho foi anunciado, as comunidades foram fundadas e, algumas dezenas de anos mais tarde, aparecem os verdadeiros problemas. Alguns cristãos, provavelmente de origem judaica, misturam o Evangelho com teorias propagadas por grupos judaicos que se arrogam o direito de regulamentar o uso de alimentos e proibir o matrimônio. Por outro lado, também os costumes relevados do paganismo se infiltram na comunidade, falseando a moral. É preciso recordar aos cristãos que a salvação foi trazida por Cristo, e também traçar as grandes linhas do comportamento para a vida particular e social, e ainda prover à organização das igrejas.

Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para levar os eleitos de Deus à fé e a conhecerem a verdade da piedade 2que se apoia na esperança da vida eterna. Deus, que não mente, havia prometido esta vida desde os tempos antigos, e, no tempo marcado, manifestou a sua palavra por meio do anúncio que me foi confiado por ordem de Deus nosso salvador. A Tito, meu legítimo filho na fé comum, graça e paz da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo nosso Salvador (vv. 1-4).

Para uma carta muito breve de apenas três capítulos, uma saudação muito longa e solene. Só a carta aos Romanos é encabeçada por um endereço de maior porte. A Tradução Ecumênica da Bíblia (p. 2334) comenta:  Pode-se alvitrar que Paulo se dirijam para além da Igreja particular de Creta, presidida por Tito, às outras Igrejas, que poderão valer-se desses princípios para a “organização” (v. 5) de sua comunidade cristã. Como é sabido, o apostolo gostava de ver suas cartas passarem de comunidade em comunidade (cf. Cl 4,16).

Aqui, a saudação condensa a teologia da salvação e do apostolado, expondo o projeto de Deus para conduzir a humanidade a vida eterna.

“Servo (lit. escravo) de Deus” (ou Servo de Javé) é título honorífico frequente no AT. Em outros textos, Paulo prefere dizer “servo de Jesus Cristo” (Rm 1,1; Fl 1,1), a serviço dos “eleitos”, ou seja, o novo povo de Deus. A “fé”, como resposta inicial e adesão total, amadurece com o “conhecimento” (da “verdade” religiosa), não é cega. À fé segue-se a “esperança”, que se apoia na “promessa” de um Deus infalível (“que não mente”), fiel à sua palavra, e cujo conteúdo é “vida eterna”. A Bíblia do Peregrino (p.2864) comenta: Não fica claro que a “vida eterna” esteja prometida no AT, por causa da ambiguidade do termo hebraico, que significa perpétuo, duradouro ou vitalício (os textos mais claros são Sl 16,11; 49,16; 73,23s; Dn 12,2s). Ora, o que é anunciado entre véus no AT, é agora proclamado no evangelho.

“No tempo marcado” (cf. 1Tm 2,6; 6,15), isto é, nos tempos fixados por Deus, no cumprimento do tempo (Gl 4,4). A Tradução Ecumênica da Bíblia (p. 2324.2334) comenta: O cumprimento do tempo coincide com a plenitude da revelação do amor de Deus (Rm 5,6-8)… Outrora Deus falara reiteradamente por meio de seus profetas (Hb 1,1), mas a sua Palavra culmina na revelação do seu Filho (1Cor 2,7-9; Rm 16,25-26; Cl 1,26; Ef 3,5-9). Ele é o Verbo que rompe o silêncio de Deus (Inácio de Antioquia, Aos Magnesianos. 8,1), ele revela “o mistério envolto no silencio durante tempos eternos” (Rm 16,25).

“Salvador” é título de Deus nas cartas pastorais (1Tm 1,1; 4,10; Tt 2,10; 3,4) e era aclamação aos reis do Antigo Oriente e imperadores romanos (ex. de Augusto) os cristãos a aplicam a Cristo; cf. (Lc 2,1.11; Jo 4,42).

“Meu legítimo filho”: título dado também a Timóteo (1Tm 1,2). O título paterno é comum na relação mestre-discípulo (Pr 1,8.1015; 2,1 etc.; Mt 23,8s) A “fé comum” define a relação de pai e filho numa nova natureza, “à sua semelhança” (Gn 5,3); a transmissão da vida nova da fé é uma espécie de paternidade.

Eu deixei-te em Creta, para organizares o que ainda falta e constituíres presbíteros em cada cidade, conforme o que te ordenei (v. 5).

O apóstolo Paulo tinha por hábito lançar as bases da evangelização deixando a outros o cuidado de complementar “o que ainda falta” (cf. 1Cor 1,17; 3,6.10; Cl 1,7; Rm 15,23). Paulo é, antes do mais, “aquele que planta” (1Cor 3,6; 2Cor 10,16; Rm 15,20-21), que “constrói o alicerce” (1Cor 3,10) por meio do anuncio da Boa Nova, mas deixa a outros o cuidado de continuar sua obra e levá-la a bom termo.

A primeira tarefa de Tito na ilha de Creta será nomear responsáveis para “organizar” (lit. “para que acabes de ordenar o que resta” por fazer): já é a preocupação da segunda e terceira gerações dos cristãos. Como ainda não há um modelo hierárquico definido, as funções e lideranças vão se formando aos poucos. É importante que os ministros sejam exercidos a exemplo do mestre Jesus.

Os primeiros cristãos evitaram usar a palavra “sacerdote” para não confundirem sua função com a dos (sumos) sacerdotes no templo de Jerusalém. O templo foi destruído em 70 d.C. pelos romanos e nunca mais reconstruído; com isso cessaram o sacerdócio e o antigo culto dos sacrifícios. Só depois o título “sacerdote” entrou na teologia crista (na carta aos Hebreus, cerca de 90 d.C., cf. Hb 4,14-10,31). Antes, a organização inicial se baseia na tradição judaica das sinagogas (um corpo de “anciãos”) e na administração civil dos gregos (os “epíscopos”, ou “supervisores, vigilantes” com seus servidores, os “diáconos”.

As comunidades cristãs foram lideradas por uma espécie de senado ou conselho, os “anciãos” (em grego: presbíteros que hoje designa os padres) que conhecemos por At 14,23 e 1Tm 5,17. A partícula “porque” (v. 7) parece sugerir que o encarregado ou responsável supremo (epíscopos, daí nossa palavra “bispo”) é um dos anciãos (cf. a instrução de 1Tm 3,1-7 e o fato de que tal contexto distingue só entre “bispo” e “diáconos”).

A Bíblia de Jerusalém (p. 2237) comenta com detalhes: Segundo um costume do antigo Israel (Ex 18,13s; Nm 11,16; Js 8,10; 1Sm 16,4; Is 9,14; Ez 8,1.11, etc.) e do judaísmo (Esd 5,5; 10,14; Jt 6,16; Lc 7,3; 22,66; At 4,5, etc.; Josefo, Filon etc.), as primeiras comunidades cristas, tanto em Jerusalém (At 14,23; 20,17; Tt 1,5; 1Pd 5,1), tinham a sua frente um corpo de “presbitérios”  (anciãos, segundo o sentido etimológico ou notáveis. Os “epíscopos” (etim.: “super-visores”, cf. At 20,28), que não são ainda “bispos” e aparecem em relação particular com os “diáconos” (Fl 1,1; 1Tm 3,1-3; Padres Apostólicos), parecem em certos textos (Tt 1,5.7; At 20,17.28), praticamente idênticos aos “presbitérios”. Contudo esse título que se encontra no mundo grego, mas pode ser também de origem sem semítica (cf. o Mebaqqer dos essênios; cf. Nm 4,16; 31,14; Jz 9,28; 2Rs 11,15.18; 12,11 etc.), designa, em primeiro lugar uma função, um ofício, ao passo que o título de “presbítero” assinala um estado, uma dignidade. É possível que os epíscopos fossem designados, eventualmente, no colégio dos presbíteros, para assumirem a responsabilidade de certos encargos executivos (cf. 1Tm 5,17). De qualquer modo os presbíteros e epíscopos cristãos não são apenas encarregados da administração temporal, mas também do ensino (1Tm 3,2; 5,17; Tt 1,9). Instituídos pelos apóstolos (At 14,23, ou por seus representantes (Tt 1,5) pela imposição das mãos (1Tm 5,22; cf. 1Tm 4,14; 2Tm 1,6) são revestidos de um poder de origem divina (At 20,28) e carismático (1 Cor 12,28). Pouco a pouco outros títulos análogos lhe foram sendo acrescentados “presidente” (Rm 12,8; 1Ts 5,12), “pastor” (Ef 4,11), “hegoumenos” (Hb 13,7.17.24). Esses chefes de comunidade locais são os antepassados dos nossos “presbíteros” e “bispos”, e os “diáconos” são os seus ministros. A passagem deste epíscopo-presbítero para o bispo chefe único do colégio dos sacerdotes, tal como aparece claramente em Inácio de Antioquia, realizou-se pela transmissão a um só epíscopo, em cada comunidade, dos poderes que exerciam outrora, sobre diversas comunidades, os próprios apóstolos e depois os seus representantes, tais como Tito e Timóteo

Todo candidato deve ser irrepreensível, marido de uma só mulher, com filhos crentes, e não acusados de levianos ou insubordinados. Porque é preciso que o epíscopo seja irrepreensível, como administrador posto por Deus. Não seja arrogante nem irascível nem dado ao vinho nem turbulento nem cobiçoso de lucros desonestos, mas hospitaleiro, amigo do bem, ponderado, justo, piedoso, continente, firmemente empenhado no ensino fiel da doutrina, de sorte que seja capaz de exortar com sã doutrina e refutar os contraditores (vv. 6-9).

A função ministerial na Igreja exige vida digna, em vista do dever fundamental de anunciar a palavra de Deus. A Bíblia do Peregrino (p. 2864) comenta: Começam as listas de vícios e virtudes que ocuparão boa parte da carta e que parecem tiradas de repertórios. Dois dados coincidem com duas virtudes cardeais gregas: justo e controlado. Os que “contradizem” podem ser pagãos ou cristãos equivocados. É notável a atenção prestada aos aspectos negativos que devem ser evitados, alguns genéricos, outros talvez específicos e reais. O mesmo na doutrina, cuidadosamente delimitada como autêntica, fidedigna e sã (adjetivo repetido na carta); olhando obliquamente para pessoas que de fora ou de dentro a ameaçam. Um discreto temor soa nessas linhas.

“Marido de uma só mulher” (cf. 1Tm 3,2; 5,9), fiel à sua mulher ou não casado em segundas núpcias. O autor queria evitar um desregramento, ou interditar novo casamento depois da viuvez, ou impugnar o fato de repudiar a própria mulher, para desposa outra (cf. Mc 10,1-12p). Em inscrições judaicas e pagãs, a expressão encontra-se no sentido de um amor conjugal particularmente fervoroso.

“Com filhos crentes, e não acusados de levianos ou insubordinados”; os filhos acreditam ou desacreditam os pais (cf. 1Sm 2,12-17; Pr 19,26; 29,15; Sl 127,5).

A Bíblia Pastoral (p. 1469) comenta a respeito da sã doutrina (vv. 9.13; 2,1.8; 1Tm 1,10; 6,3; 2Tm 1,2; 4,3): O centro da carta é a «sã doutrina», isto é, a vontade salvadora de Deus e a salvação gratuita trazida por Cristo. Ao redor desse núcleo giram as várias partes da carta, numa organização temática bem mais feliz que na primeira a Timóteo. Tito deve instituir presbíteros, a fim de que exortem à «sã doutrina» e refutem todos os que a contradizem; além do mais, o próprio Tito deverá «fechar a boca» dessa gente, ensinando, praticando e fazendo praticar a «sã doutrina».

 

Evangelho: Lc 17,1-6

Depois da parábola do pobre Lázaro e do rico esbanjador (16,19-31; lida na Quaresma, 2ª semana, 5ª-feira), que foi dirigida aos fariseus, amigos do dinheiro (16,14s), Jesus volta a instruir seus discípulos (cf. 12,1.22; 16,1) com diversas sentenças.

Jesus disse a seus discípulos: “É inevitável que aconteçam escândalos. Mas ai daquele que produz escândalos! Seria melhor para ele que lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar, do que escandalizar um desses pequeninos (vv. 1-2).

Escândalo é o que faz tropeçar e cair (Sl 73,2); geralmente se refere à fé (Mc 9,42). Sabendo da fragilidade da natureza humana e da maldade inerente à realidade social. Jesus afirma que “é inevitável” que aconteçam escândalos.

No fim dos tempos, escândalos são inevitáveis (cf. Mt 13,41; 24,10s; Jo 16,1; Rm 14,20 e as alusões indiretas em Lc 13,24; 17,23), mas não dispensam da responsabilidade individual. São inevitáveis, porque brotam como reação a exigências do evangelho, e também de estilos de vida socialmente aceitos e amplamente divulgados. Aqui temos o contrário da bem-aventurança daquele que não se escandaliza por causa de Jesus (7,23; cf. o contraste dos “ais” em Lc 6,20-26).

É um agravante que as vítimas de escândalos sejam os “pequeninos” (cf. Lv 19,14: “Não amaldiçoarás o surdo nem porás tropeços ao cego”). Os pequenos, os fracos e necessitados, os que passam por crises, estão mais expostos.

Para Lc, os “pequenos” são o povo simples (10,21) e pobre (6,20), indefeso e exposto à retórica dos “sábios e entendidos” que não crêem (10,21; cf. 1Cor 1,17-2,8). Paulo quer que os fortes na fé respeitem a consciência fraca daqueles cristãos que tinham escrúpulos a comer as carnes que foram sacrificadas aos ídolos e depois vendidas no mercado: “Comendo, não destruas alguém pelo qual o Cristo morreu! … Por um alimento, não destruas a obra de Deus!” (Rm 14,15.20).

O pecado grave produz um dano terrível na pessoa que o praticou, nas pessoas que foram vítimas e na sociedade em geral. Não se consegue esconder o mal que vira escândalo. A seriedade do assunto demonstra o castigo da morte violenta. A imagem dura de lançar o pecador ao mar é uma maneira de acentuar a gravidade do pecado e defender a sociedade humana de suas consequências. Para saná-la, deve desaparecer do cenário humano, ser jogado no fundo do mar e nunca mais ser visto e refeito. Não é uma recomendação de pena de morte, mas os escândalos de padres pedófilos por ex. demonstram o prejuízo grande quando o assunto não é tratado com seriedade e o pedófilo não é afastado do ministério. Lc não transmitiu a recomendação radical que segue nos paralelos Mc 8,42; Mt 18,6s (cortar ou arrancar os membros do corpo que levaram a pecar e escandalizar).

Prestai atenção: se o teu irmão pecar, repreende-o. Se ele se converter, perdoa-lhe. Se ele pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti, dizendo: ‘Estou arrependido’, tu deves perdoá-lo” (vv. 3-4).

Para evitar escândalos, precisa de correção fraterna (cf. Mt 18,15-22). Lc parece visar uma ofensa entre dois irmãos (“contra ti”), enquanto Mt trata de uma falta mais geral e envolve um recurso à comunidade. Aqui fala primeiro de pecado em geral e recomenda a repreensão ou admoestação, para que o pecador se dê contra e se corrija. É uma espécie de denuncia profética em formato menor. Ora, perdoar o irmão supõe que ele nos ofendeu (Gn 50,15-21; Eclo 28,1-6).

Mesmo em questões mais ordinárias, pecados mais leves, o pecado deve ser repreendido. Corrigir o pecado menos vistoso é uma proteção contra maiores manifestações do mal. O arrependimento é uma revisão interior, e o pedido de perdão deve ser acolhido. Como é difícil se desfazer do mal, deve-se demonstrar paciência com quem está lutando interiormente para se libertar do pecado e viver mais autenticamente.

“Sete vezes” (cf. Sl 119,164) é um número simbólico (cf. a vingança em Gn 4,15.24) e não quer dizer, “na oitava vez mais não”. Segundo Lv 19,17s, o culpado seja rápido em arrepender-se, humilde em pedir perdão, e o ofendido esteja sempre disposto a perdoar, para que, pelo perdão, triunfe a paz. “Irmão” é israelita no AT, é o cristão no NT. Quem espera por misericórdia no julgamento de Deus, não deve negar perdão ao irmão arrependido (cf. 11,4).

Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” O Senhor respondeu: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria” (vv. 5-6).

A última parte do evangelho dá uma esperança: com a fé em Deus podemos remover o pecado de nossas vidas. Esta sentença sobre a fé encontra-se também nos outros evangelhos sinóticos, mas porém em outros contextos: em Mc 11,23, depois da maldição da figueira (omitida por Lc); em Mt 17,20, no final da cura de um epiléptico; ambos falam do transporte de uma montanha em vez de uma árvore.

Lc escreveu a introdução, usando os títulos preferidos “apóstolos” e “Senhor”. Eles pedem para aumentar a fé (cf. Mc 9,24). Pedir que Jesus a faça crescer já é expressão de fé, estima do seu valor, consciência da própria impotência. Eles reconhecem que sua fé atual não é suficiente nem eles podem melhorar isso por conta própria.  A fé é um dom pelo qual só podemos pedir (cf. 1Cor 12,9; Mt 16,17).

Como o efeito de uma alavanca, a força da fé não depende da grandeza (do mais ou menos), mas do seu ponto de apoio que é a promessa de Jesus. A pitoresca imagem hiperbólica (cf. outra imagem em Mc 10,25p) é empregada para encarecer o poder sobre-humano da fé. Se a fé é autêntica, sempre opera milagres. A pequenez do “grão de mostarda” já serviu de imagem para o crescimento do reino, ou seja, da Igreja (cf. 13,18-19p).

O site da CNBB comenta: A misericórdia é um dos valores evangélicos mais importantes e ser misericordioso significa, antes de tudo, ser capaz de colaborar com a salvação das pessoas, ser capaz de perdoá-la. Mas perdoar não significa esquecer, deixar de lado, pois o perdão não pode negar a verdade nem a responsabilidade da pessoa diante dos fatos. Perdoar significa não querer a punição para quem é culpado, mas sim criar condições para que ele possa se reerguer e reparar o mal que realizou. E somente aquela pessoa que tem fé é capaz de perdoar verdadeiramente, porque somente quem acredita no Deus misericordioso é capaz de agir verdadeiramente com misericórdia.

 

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