14 de Janeiro de 2020, Terça-feira: Estava então na sinagoga um homem possuído por um espírito mau. Ele gritou: “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir?  Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus” (vv. 23-24).

1ª Semana do Tempo Comum 

Leitura: 1Sm 1,9-20

Ouvimos nestas semanas a narrativa de 1-2Sm (cf. introdução no comentário ontem). Hoje continuamos no relato do nascimento de Samuel na categoria do nascimento de heróis, como os de Isaac ou Sansão. O nascituro será filho da promessa e da oração, mais que simples filho da carne. O Senhor da vida demonstra o seu poder precisamente na fraqueza, outorgando com sua palavra explícita uma fecundidade que o homem ia considerar natural. Por isso a oração de Ana ocupa na narração um lugar primordial (v. 11); e ela e ao seu cumprimento se subordina o resto da narração, a peregrinação, o papel do sacerdote, as reprovações. Seu marido a repreende carinhosamente, ela não responde (v. 8), dirige-se a Deus; o sacerdote a censura duramente, e ela se explica. Uma romaria no princípio (v. 3) e outra no final (v. 24) compõem o capitulo.

Ana levantou-se, depois de ter comido e bebido em Silo. Ora, o sacerdote Eli estava sentado em sua cadeira à porta do templo do Senhor (v. 9).

A tradução da frase foi corrigida segundo a versão grego; o texto hebraico tem: “depois que ela comeu em Silo e depois de terem bebido”.

Silo foi durante bom tempo a cidade central do culto onde foi instalada a arca da aliança (cf. Jz 18,1; Jz 21 a apresenta como centro de uma romaria celebrada com danças). Sua situação é geograficamente central. A arca, que tinha sido paládio durante as campanhas militares, tem agora morada estável; aparentemente não mais em forma de tenda, segundo a tradição do deserto, mas num edifício (cf. v. 7), num “templo” com pátio e anexos, no estilo cananeu (não é ainda o templo construído por Salomão em Jerusalém por volta de 960 a.C., cf. 1Rs 6-8). Em todo caso, dispõe de altar e de um sacerdote levítico, Eli. Sentar-se numa cadeira é gesto de dignidade. Da porta do edifício ou recinto onde se guarda a arca, é possível ver o que acontece no átrio onde o povo se reúne.

Ana, com o coração cheio de amargura, orou ao Senhor, derramando copiosas lágrimas. E fez a seguinte promessa, dizendo: “Senhor Todo-poderoso, se olhares para a aflição de tua serva e te lembrares de mim, se não te esqueceres da tua escrava e lhe deres um filho homem, eu o oferecerei a ti por todos os dias de sua vida, e não passará navalha sobre a sua cabeça” (vv. 10-11).

Ana chora porque é humilhada por não ter filhos (vv. 5-6); era costume considerar o fato como castigo de Deus por alguma culpa. No culto de Israel era comum fazer promessas (Sl 54,3-4.8). Incomum é o conteúdo desta promessa: Em vez de um sacrifício no altar, Ana promete entregar ao Senhor o filho que dele receber, renunciando ao direito de resgate (Ex 12,13; 22,28; 34,19; Nm 3,45-48).

Samuel será o filho concebido por Deus a uma mãe estéril, como Isaac, Sansão, João Batista. O menino que vai nascer é consagrado pela mãe ao Senhor (Javé), para o serviço do seu santuário. Os cabelos longos serão o sinal dessa consagração, como o foram para Sansão. Mas não é dito expressamente a respeito de Samuel que ele será nazireu (cf. Nm 6,1-21), como foi dito de Sansão (Jz 13,5; 16,17 cabelos longos; cf. Lc 1,15; Mt 2,23; 11,18-19p: João Batista não bebe vinho; Jesus bebe, mas é de Nazaré).

Ana invoca o “Senhor dos Exércitos” (v. 3, hebr. Yhwh [=Javé] Sebaot, aqui traduzido por “Senhor Todo-poderoso”). O exército pode se referir a tropas militares de Israel ou aos exércitos celestes, astros, anjos, ou de todas as forças cósmicas. O titulo aparece pela primeira vez aqui em v. 3 (cf. comentário de ontem) e está ligada ao culto de Silo; a expressão “Senhor dos Exércitos entronizado entre os querubins” voltará a aparecer em 4,4, a propósito da Arca da Aliança trazida de Silo. Esse título permanece ligado ao ritual da Arca e entra com ela em Jerusalém (no tempo de Davi: 2Sm 6,2.18; 7,8.27). É retomado pelos grandes profetas (salvo Ezequiel), pelos profetas pós-exílicos (principalmente Zacarias) e nos Salmos.

Na anunciação a Maria (Lc 1,37s; cf. Gn 18,14), destaca-se o poder de Deus para realizar coisas impossíveis e a humildade da sua “serva-escrava”.

Como ela se demorasse nas preces diante do Senhor, Eli observava o movimento de seus lábios. Ana, porém, apenas murmurava; os seus lábios se moviam, mas não se podia ouvir palavra alguma. Eli julgou que ela estivesse embriagada, por isso lhe disse: “Até quando estarás bêbada? Vai tirar essa bebedeira!” (vv. 12-14).

Orava-se normalmente em voz alta (cf. Sl 77,2; 142,2); ou murmurando. Ana está concentrada em seu interior, onde o Senhor escuta. Alguns supõem que a festa anual correspondia ao tempo da vindima (cf. o costume pagão de Jz 9); se no templo se passava o cálice (Sl 23), isto não bastava para embriagar. Mas festas, às vezes, dão ocasiões a excessos de bebida (Is 22,13; Am 2,8); donde o engano de Eli que reage de maneira bruta e insensível.

Ana, porém, respondeu: “Não é isso, meu senhor!  Sou apenas uma mulher muito infeliz; não bebi vinho, nem outra coisa que possa embebedar, mas desafoguei a minha alma na presença do Senhor. Não julgues a tua serva como uma mulher perdida, pois foi pelo excesso da minha dor e da minha aflição que falei até agora” (vv. 15-16).

“Desafoguei a minha alma”; desabafar é em hebraico “derramar a alma”, e é o mesmo verbo usado para a libação (Ex 29,38-42; Nm 29,6.11); com a menção do vinho, a resposta torna-se engenhosa. Ana não se vê como “mulher perdida”, lit. filha de Belial (cf. 2,12); Beliar ou Belial tornou-se mais tarde o nome próprio do espírito das trevas (cf. 2Cor 5,16).

Eli então lhe disse: “Vai em paz, e que o Deus de Israel te conceda o que lhe pediste” (v. 17).

As palavras de Eli poderiam ser entendidas também como desejo (“te conceda”) ou afirmação “te concederá” (cf. Sl 16,10; 29,11; 37,4; 85,13 etc.). A mulher toma essas palavras como oráculo sacerdotal que responde à sua prece, e se sente segura e consolada.

Ela respondeu: “Que tua serva encontre graça diante dos teus olhos”. E a mulher foi embora, comeu e o seu semblante não era mais o mesmo.

Outro jogo de Ana consiste em aludir a seu próprio nome: Ana, em hebr. Hana, significa “favor, graça, misericórdia”, pedindo o favor de Eli. O nome João tem a mesma raiz (Yo-Hanan: Javé é misericórdia, graça) e significado (cf. Lc 1,58-60).

Na manhã seguinte, ela e seu marido levantaram-se muito cedo e, depois de terem adorado o Senhor, voltaram para sua casa em Ramá. Elcana uniu-se a Ana, sua mulher, e o Senhor lembrou-se dela (vv. 18-19).

No momento em que o marido a possui, o Senhor se lembra dela, assim o autor expressa a benção da fecundidade.

Ana concebeu e, no devido tempo, deu à luz um filho e chamou-o Samuel, porque – disse ela – ”eu o pedi ao Senhor” (v. 20).

Aqui é a mulher que dá o nome (cf. Lc 1,31; 2,21) e o explica (cf. Gn 29,31-30,24), porém, a etimologia não convence, não passa de assonância; porque conviria melhor a Saul que significa “pedido”. Por isso, alguns pensam que este relato de nascimento originalmente fazia parte da lenda de Saul. Samuel poderia significar “nome de Deus” (Shem-El), seu componente divino não é Javé (J).

A leitura de hoje não no conta mais como Ana cumpriu sua promessa depois de desmamar o menino (vv. 24-28), mas a liturgia de hoje apresenta como Salmo de resposta o cântico de Ana que serviu de modelo para o canto de Maria (“Magnificat” em Lc 1,46-55).

Obs.: O Salmo responsorial de hoje é o Cântico de Ana (1Sm 2,1-10) que serviu de modelo para o Magnificat de Maria (Lc 1,46-55). Segundo o Protoevangelho de Tiago (livro apócrifo, séc. II), o nome da mãe de Jesus era Ana.

Evangelho: Mc 1,21b-28

O evangelho de Mc é como um filme de ação em que Jesus realiza muitos milagres na primeira parte do evangelho. O primeiro acontece na sinagoga de Cafarnaum, cidade onde moram os primeiros discípulos que Jesus acabou de chamar (v. 29; cf. 2,1; 3,1; Mt 4,13; 6,59).

Na cidade de Cafarnaum, num dia de sábado, Jesus, entrou na sinagoga e começou a ensinar. Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei (vv. 21b-22).

Menciona-se pela primeira vez Cafarnaum (cf. 2,1; 9,33; Mt 4,13; 9,1; 11,23s etc.), cidade na margem oeste do lago de Genesaré (mar da Galileia), onde os primeiros discípulos eram pescadores (vv. 16-20). No texto da nossa liturgia parece que só Jesus “entrou”, mas no texto original tem o plural “chegam a Cafarnaum” (Jesus e seus discípulos recém-chamados; depois em v. 29 “saíram da sinagoga”) e “logo” (omitiu-se também esta palavrinha típica de Mc) Jesus, “num dia de sábado, entrou na sinagoga e começou a ensinar” (cf. 3,1; 6,2). Mc gosta de destacar Jesus ensinando (Mt vai inserir aqui o sermão da montanha: Mt 5-7), deixando todos “admirados” (6,2; 7,37; 10,26; 11,18). A “autoridade” com a qual Jesus fala não é exegese da Lei, mas vem direto de Deus (cf. “Filho” no batismo) e se mostra em ações poderosas (curas, milagres), como a expulsão do espírito mau em seguida demonstra que o reinado de Deus chegou (1,14s; cf. 3,24-27).

A sinagoga é o lugar onde os judeus costumam se reunir no sábado para um culto da palavra, estudando e lendo trechos da lei de Moisés e dos profetas, cantando salmos, fazendo orações. Cada membro apto pode ser convidado para leitura e reflexão (cf. Lc 4). Como aqui Jesus, os missionários cristãos agirão da mesma maneira (cf. Paulo nos At 9,20; 13,5.14ss etc.).

Os “mestres da Lei” (lit. escribas) costumam ensinar nas sinagogas e aparecem aqui pela primeira vez, serão os adversários de Jesus na Galileia (em Jerusalém juntos com os anciãos e sumos sacerdotes). Eles são professionais que interpretam e atualizam a Lei de Moisés, ensinam o povo e julgam em tribunais. São tratados como “rabi” (mestre; daí o título rabino; cf. Mt 23,7). O primeiro considerado escriba foi o sacerdote Esdras (cf. Ne 8). Desde a época dos macabeus, são uma categoria independente dos sacerdotes porque estes pactuavam com os pagãos (romanos). Os escribas pertencem na maioria ao partido dos fariseus (2,16).

Estava então na sinagoga um homem possuído por um espírito mau. Ele gritou: “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir?  Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus” (vv. 23-24).

Dentro da sinagoga onde os mestres da lei judaica ensinam a maneira como o povo deve cumprir a lei e se manter afastado dos pecadores impuros (“fariseu” quer dizer separado dos pecadores), encontrou-se “um homem possuído por um espírito mau”. A medicina precária da época atribuía doenças com causas desconhecidas ou psíquicas a espíritos impuros e maus, ou seja, a demônios.

Há 2000 anos não existia psicologia ou psiquiatria. As pessoas tinham muito medo de poderes sobrenaturais aos quais se atribuía doenças, mortes, guerras, mau tempo e más colheitas. No Antigo Testamento (AT) havia uma purificação destas crenças através do monoteísmo, ou seja, Javé Deus é o único Deus, criador do universo com suas leis; criou tudo através da sua palavra (Gn 1). O israelita atribui tudo a Deus como causa primeira (cf. 1Sm 16,14-16.23; 18,10; 19,9: a doença psíquica do rei Saul é “um mau espírito, procedente de Javé”).

Mas nas crenças e costumes populares, antigas religiões e deuses sobreviviam, agora rebaixados como espíritos e demônios. O AT menciona os “cabeludos”, sátiros em forma de bode no campo (Lv 17,7; 2Cr 11,15; Is 13,21), os demônios “pretos” que assustam à noite (Sl 106,37; cf. o preto velho na Umbanda), “Azazel” (Lv 16,8.10) e os demônios “secos” no deserto e onde falta água (Is 34,14), “Lilit”, um demônio feminino da Mesopotâmia que perturba à noite e frequenta ruínas, o “demônio do meio dia” que causa confusão, e outros.

Sob influência persa, os judeus transformaram estas crenças num sistema (demonologia). A origem dos demônios imaginava-se como anjos caídos ou na relação de anjos com mulheres (Gn 6,1-4), de Adão com espíritos femininos e de Eva com espíritos masculinos. Liderados pelo comando de “Satanás”, na tradução grega “diabo” (Jo 1,6-12; 2,1-7; Zc 3,1s; 1Cr 21,1; Sb 2,24; Mc 1,13p; Lc 10,18s; Ap 12,9; cf. 1Cor 5,5; 7,5; 2Cor 2,11; 1Ts 2,18; 1Tm 1,20; 1Pd 5,8), chamado também de “Beliar” (Dt 13,114; 2Cor 6,14) ou “Beelzebu” (2Rs 1,2-16; Mc 3,22-27p), os demônios formam um exército das trevas que causam tentações, pecados e doenças. Mas o “Senhor dos exércitos” é Javé Deus cujo poder vence Satanás e os demônios.

“Que queres de nós?” O demônio fala aqui em nome da sua espécie (nós). A pergunta (lit. “o que (há) entre ti e nós?”) É um semitismo empregado para rejeitar uma intervenção que se julga inoportuna ou expressa que não quer comunhão, relacionamento algum (Jz 11,12; 19,23; 2Sm 16,10; 1Rs 17,18; 2Rs 9,18; também no NT: Mc 1,24; 5,7p; Jo 2,4).

Conhecer o nome de uma pessoa dá certo poder sobre ela. Revelando seu saber sobrenatural sobre Jesus, o demônio tenta dominar Jesus como numa magia. No conceito da época, os espíritos sabem mais do que os homens, então sabem que Jesus é “o Santo de Deus” (v. 24). Só Deus é santo, mas sua santidade se comunica ao que lhe pertence ou lhe é consagrado (cf. Lv 19,2; Is 6,3 etc.). Jesus é o “Santo de Deus” por excelência, por ser o Messias-Cristo (consagrado com a unção; não parece que os judeus tenham aplicado esse título ao Messias, (no NT, para o messias só em Lc 4,34 e Jo 6,69; cf. Lc 1,35; At 2,27; 3,14; 4,27.30; Ap 3,7).

Na língua aramaica se trata de um jogo de palavras (cf. Mt 2,23): yeshua hanesri (Jesus o Nazareno) – nazri há-elohim (o nazireu/consagrado de Deus). Sansão recebeu o mesmo título em Jz 13,7. Em Jz 16,17 ele fala sobre seu segredo, referindo-se ao voto de nazireato (Nm 6,1-21) de não beber bebidas alcoólicas nem raspar a cabeça: “A navalho jamais passou na minha cabeça, porque sou nazireu de Deus desde o seio da minha mãe”. No AT, outros são chamados de “santos”: Moisés (Sb 11,1: “santo profeta”); o fiel (LXX Sl 15,10); o povo de Israel (Dt 7,6; 14,2.21; 26,19 etc.); Elias é um “homem de Deus” (1Rs 17,18.24), Eliseu um “santo homem de Deus” (2Rs 4,9). Como Aarão é chamado “o Santo do Senhor” em Sl 106,16, alguns veem aqui Jesus como “sumo sacerdote” (no NT, apenas em Hb).

Jesus o intimou: “Cala-te e sai dele!” Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saíu (vv. 25-26).

Depois do seu batismo, Jesus já venceu o chefe dos demônios, satanás, na tentação no deserto (vv. 12s), agora ele tem o poder para vencer também os outros espíritos maus (cf. 3,22-27). Os relatos de exorcismo eram comuns na época e seguiam certo esquema (cf. 5,1-13; 9,15-27) com os elementos seguintes: o possuído mostra seu desequilíbrio, tenta refutar gritando seu conhecimento sobrenatural sobre Jesus (cf. v. 34; 3,11; 5,7); o exorcista (Jesus) ordena “cala-te e sai dele” (v. 25; cf. 9,25); o espírito sai com gritos sacudindo o homem (v. 26; 9,26; cf. 5,10-13) que fica curado (cf. 5,15; 9,27) e as pessoas que assistiram ficam espantadas e admiradas (v. 27; 5,15; 9,26c).

“Jesus o intimou”, a LXX (tradução grega do AT) usava o mesmo verbo para as ordens de Javé. Jesus ordenou no lugar de Javé. Sua palavra de ordem contrasta com os conjuros dos feitiços gregos da época (cf. 5,7).

Temos aqui a primeira ordem de Jesus de calar sobre sua identidade, seguida por muitas outras (cf. vv. 34.44; 3,12; 5,43; 7,36; 8,26.30; 9,9). Este “segredo messiânico” é característica de Mc e será suspensa só depois da sua morte. O motivo deste segredo é que Jesus não queria ser mal interpretado como messias nacionalista (Mc escreveu durante a guerra nacionalista de 66-70 d.C.).

E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: “O que é isto? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!” E a fama de Jesus logo se espalhou por toda a parte, em toda a região da Galileia (vv. 27-28).

Para Mc, a palavra de Jesus tem autoridade divina e é eficaz, fala e assim se faz (cf. Gn 1; Is 55,8-11). Como os discípulos inicialmente atenderam seu convite a segui-lo “imediatamente” (vv. 16-20), assim também os espíritos maus o obedecem logo (v. 27). A novidade é o início do reino de Deus que se manifesta na vitória sobre os demônios.

O “ensinamento novo” de Jesus (1,27; cf. 12,28-34; Jo 13,32; Mt 5,21ss) é diferente daquele dos mestres da lei na sinagoga (vv. 22.27) que complicaram a Lei de Deus. Estes oprimem, desprezam e exploram as pessoas (cf. 12,38-40; Mt 23). Resumidamente pode-se concluir: o ensinamento dos mestres da lei na sinagoga deixa o homem louco, mas a palavra de Jesus o liberta.

Este foi o primeiro milagre em Mc, evangelho mais antigo e primitivo. Em Jo, o primeiro milagre é a transformação de água em vinho nas bodas de Caná (Jo 2,1-12), e não se encontra exorcismo algum. Mt copia Mc, mas omite este exorcismo na sinagoga de Cafarnaum (substitui-o pelo sermão da montanha, cf. o contexto de Mt 4-8). Para ele, obediência e justiça valem mais do que expulsar demônios (Mt 7,22s). Para Paulo, o dom maior é amor/caridade (1Cor 12,28–14,1).

O site da CNBB comenta: Jesus tem como costume ensinar nas sinagogas e o conhecimento da fé é a maior arma que o cristão tem para vencer o mal e o pecado, pois não só nos mostra o caminho para chegarmos até Deus e o valor da verdade para nós, além de nos revelar o amor que Deus tem por nós e a necessidade que temos de corresponder a esse amor por uma vida santa para que possamos vencer toda sorte de mal que venha a acontecer em nossas vidas e sentirmos o poder amoroso de Deus que se faz presente na vida de todas as pessoas que acolhem o que Jesus veio revelar a respeito de Deus e do seu Reino.

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