19 de Julho de 2017 – Quarta-Feira 15° Semana

Leitura: Ex 3,1-6.9-12

Ouvimos hoje o relato da vocação de Moisés que se estende por dois capítulos (Ex 3-4). Ele parece ser inserido entre 2,23 (morte do farão) e 4,19 (Javé manda Moisés voltar ao Egito). Nesta vocação, Deus envia Moisés e lhe revela seu nome Yhwh (Javé) em 3,14 (cf. leitura de amanhã). Vários elementos em Ex 3-4 assemelham-se à vocação de Jeremias (Jr 1) que poderia ter sido modelo deste relato, talvez escrito por escribas na corte do rei Josias por volta de 620 a.C. (Jeremias apoiava as reformas de Josias inspiradas no livro de Deuteronômio).

Encontramos um segundo relato da vocação de Moisés (não em Madiã, mas no Egito) em 6,2-13 e 6,28-7,7, que é uma releitura do envio de Moisés (2,23-3,20). Segundo esta tradição sacerdotal na época do exílio, Javé, enquanto Deus único, se apresentou aos patriarcas como El Shadai (cf. 6,2s; Gn 17,1-27) e como Javé se revela só agora a Moisés.

Moisés apascentava o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madiã. Levou um dia, o rebanho deserto adentro e chegou ao monte de Deus, o Horeb (v. 1).

Ontem ouvimos que Moisés fugiu do Egito e parou na terra de Madiã (divisa da Jordânia com Arábia Saudita). “Madiã” (ou Midian) designa tribos nômades, que vivem a leste e no sul da Palestina (hoje a divisa da Jordânia com a Arábia saudita). Os madianitas são nômades conhecedores de caminhos e poços do deserto ao sul e ao leste do mar Morto (cf. Gn 37,36; Nm 10,31; 1Rs 11,18).

Num poço da região, Moisés defendeu as filhas de Jetro-Raguel, “sacerdote de Madiã”, que lhe deu sua filha Séfora como esposa (cf. Gn 24,11; 29,1-3; Jo 4,6). A variação do nome do sogro de Moisés revela narrativas de diversas origens no Êxodo: Raguel, 2,18; Jetro 3,1; 4,18; 18,1; Hobab, filho de Raguel, o madianita, Nm 10,29; Hobab, o quenita, Jz 1,16; 4,11. A influência do sacerdote Jetro a Moisés (cf. cap. 18) poderia indicar a origem do culto a Javé em Madiã.

Pelo casamento e pelo trabalho (como pastor, não como sacerdote), Moisés se incorpora à vida destes nômades; só o nome do seu filho Gersom (=estrangeiro residente) lembra a sua origem (2,22). Moisés reencontrou ali o modo de vida dos patriarcas, seus ancestrais (nomadismo e pastoreio), como também as tradições patriarcais (segundo Gn 25,2, Madiã pertence aos filhos de Abraão). Desse modo, Moisés está apto a ouvir o chamado do Deus de seu ancestral Abraão (3,6), mas só “muito tempo depois” (2,23), quando já tinha “oitenta  anos” (7,7), Javé Deus apareceu a Moisés em Madiã e revelou seu nome.

Era menor e menos complicado guiar o rebanho de Jetro do que a grande população de Israel, oprimida e desunida no Egito. “Levou um dia, o rebanho deserto adentro e chegou ao monte de Deus, o Horeb” (cf. 17,6). Horeb (hebraico: “seca”) é o nome da montanha do Sinai (cf. 4,27; 17,6; 18,5; 19,1.18) na redação deuteronomista (Dt 1,6.19; 4,15; 5,2;… 1Rs 19,8), talvez para evitar uma alusão do Sinai a deusa lunar dos assírios e babilônios, Sin. Em Eclo 48,7 se usa os dois nomes juntos.

Apareceu-lhe o anjo do Senhor numa chama de fogo, do meio de uma sarça. Moisés notou que a sarça estava em chamas, mas não se consumia, e disse consigo: ”Vou aproximar-se desta visão extraordinária, para ver porque a sarça não se consome” (vv. 2-3).

O “anjo do Senhor” é o próprio Deus sob a forma na qual ele aparece aos homens (cf. Gn 16,7; 21,17; 22,11 etc.). O fogo é elemento da divindade (Gn 15,17; Ex 13,21s; 14,24; 19,18; Sl 50,3; 97,3), energia inacessível que gera luz e vida, mas simboliza também ira e castigo de aniquilação. A sarça, arbusto silvestre e desprezado, é tomada pela presença divina (cf. a presença do espírito no corpo humano; a presença de Deus no fugitivo idoso Moisés, no povo hebreu humilhado, mas eleito; no NT, nos apóstolos simples da Galileia, cf. At 2; 2Cor 4,7…).

“A sarça estava em chamas, mas não se consumia”, não se consome porque não precisa de combustível, é um fogo transcendental que não destrói. A tradição cristã viu na sarça ardente um símbolo da virgindade de Maria preservada pelo Espírito Santo (Lc 1,34s). No pé do monte Sinai foi construído o “mosteiro de Stª. Catarina” (porque, pela lenda, anjos levaram o corpo da santa de Alexandria ao monte vizinho e depois monges a sepultaram). Neste mosteiro se mostra ainda uma sarça que descendia daquela de Moisés.

“Visão extraordinária”, outras traduções: coisa estranha, fenômeno estranho.

O Senhor viu que Moisés se aproximava para observar e chamou-o do meio da sarça, dizendo: “Moisés! Moisés!” Ele respondeu: “Aqui estou”. E Deus disse: “Não te aproximes! Tira as sandálias dos pés, porque o lugar onde estás é uma terra santa” (vv. 4-5).

Moisés, curioso, queria se aproximar para observar melhor. Mas Deus o chama duas vezes pelo nome e o detém. O homem não deve pisar no terreno sagrado com artifícios que o encobrem (sandálias de couro, a pele de animal morto). O pé descalço há de sentir o contato da terra consagrada. Nos rituais africanos, nos “terreiros”, dançar com os pés descalços significa absorver a energia da terra (voltando simbolicamente à África).

“O lugar onde estás é uma terra santa”, ou seja, chão sagrado. O termo “Terra Santa” para designar Israel só aparece depois do exílio em Zc 2,16 (cf. 2Mc 1,7). Com a concentração do culto, Jerusalém será a cidade santa, e o monte Sião com o templo, o monte santo. Mas lá celebrava-se sempre a entrada solene de Javé que vem de fora (do deserto, do Sinai) para morar neste lugar (cf. Sl 24; 68 etc.)

E acrescentou: “Eu sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó”. Moisés cobriu o rosto, pois temia olhar para Deus (v. 6).

A aparição se identifica como o Deus dos patriarcas: Eu sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó.” Significa que Deus estabelece relações confidenciais com os homens. Manifesta-se no fogo, mas é um Deus das pessoas. Sempre cria relações, estabelece aliança e faz amizade. Está queimando de amor pelo povo que está sob o peso do faraó.

No relato todo domina o verbo “ver, olhar”. “Moisés cobriu o rosto, pois tinha medo de olhar para Deus” (cf. 33,20; 33,33-35; 1Rs 19,13; os judeus costumam cobrir a cabeça na sinagoga). Nossa liturgia omitiu os vv. 7-8 em que Javé manifesta sua solidariedade com o povo sofrido: “O Senhor disse: ‘Eu vi muito bem a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor contra seus opressores, e conheço os seus sofrimentos. Por isso, desci para libertá-lo do poder dos egípcios e para fazê-lo subir dessa terra para uma terra fértil e espaçosa, terra onde corre leite e mel, terra dos cananeus, heteus…’ (vv. 7-8).

Javé Deus vê (cf. Gn 16,13) a miséria do povo, ouve o clamor dos filhos de Israel (v. 9); se importa e resolve descer para libertá-lo. A descida do Senhor consiste no envio de um mediador, Moisés (para outras descidas cf. Gn 11,5.7; 18,21; em Ex 19,18, Javé desce no fogo sobre o Sinai; em At 2,2-3, o Espírito Santo; em Jo 3,13 etc., o próprio Jesus).  A salvação se dá em dois tempos: libertação da escravidão e condução ao país prometido aos patriarcas, descrito de maneira mitológica, paradisíaca (“leite e mel”) e também histórica (seis ou sete povos já moravam lá; cf. Dt 7,1; Js 3,10).

A Nova Bíblia Pastoral (p. 77) comenta: No coração da fé bíblica está a experiência da divindade sensível à injustiça e à violência, que vê, ouve, conhece os sofrimentos e torna-se presença libertadora junto aos oprimidos. Às vezes esta divindade é Elohim, o deus dos antepassados (2,23-25; 3,6), às vezes é Javé (3,7-9) e às vezes El, o Deus maior dos cananeus (cf. Gn 46,3-4; Nm 23,22; 24,8…). Essas divindades são aqui identificadas com Javé, fazendo dele o Deus do êxodo. É a perspectiva dominante após 620 a.C., quando Josias determina o culto exclusivo a Javé e proíbe as imagens e o culto a outras divindades (2Rs 23,3.25; cf. 2Cr 34,29-33)… Os profetas e Jesus resgatam o rosto libertador e sensível da divindade, promovendo a vida do seu povo (Is 1,11-17; 58,6-12; Jr 7,3-11; Os 6,6; Am 5,21-24: Mq 3,9-12; 6,6-8; Mt 9,13; 12,7; Mc 6,34; 8,2; Lc 4,18-19; Jo 10,7-15).

Na discussão sobre a ressurreição em Mc 12,26p, o próprio Jesus cita Ex 3,6, “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó”, não para legitimar posses de terra, mas como prova da escritura (os adversários saduceus reconhecem apenas o Pentateuco (os primeiros cinco livros da Bíblia chamados de Torá ou Lei de Moisés), segundo o qual, “não é Deus dos mortos, mas sim de vivos”. Os falecidos não são mortos para Deus. A fé na ressurreição não adia a justiça para o além, mas inclui os mortos (as vítimas do passado) também na justiça divina, não apenas as gerações futuras. Mas esta fé só se encontra nos livros tardios do AT. Podemos imaginar que no antigo Egito, os escravos não queriam saber de uma vida após morte em que deviam servir ao farão novamente (quando um faraó morreu, escravos foram mortos para estar a seu serviço no além). Nada indica que os hebreus esperavam uma salvação (libertação) após a morte, eles queriam vida e liberdade aqui.

“E agora, o clamor dos filhos de Israel chegou até mim, e vi a opressão que os egípcios fazem pesar sobre eles. Mas vai, eu te envio ao Faraó, para que faças sair do Egito o meu povo, os filhos de Israel”. E Moisés disse a Deus: “Quem sou eu para ir ao Faraó e fazer sair os filhos de Israel do Egito?” Deus lhe disse: “Eu estarei contigo; e este será o sinal de que fui eu que te enviei: quando tiveres tirado do Egito o povo, vós servireis a Deus sobre esta montanha” (vv. 9-12).

Moisés, vindo de uma experiência negativa com os egípcios e com os seus irmãos (cf. 2,11-14), faz a primeira objeção questionando: “Quem sou eu?”; por seu ofício atual de pastor e pela experiência próxima, sente-se incapaz de realizar o encargo de falar com o farão, rei do Egito, para libertar os escravos.

A resposta de Deus é categórica e simples, corrente em vocações e suas objeções comuns (cf. Jz 6,12; Jr 1,9-19; Mt 28,20 etc.): “Eu estarei contigo” (v. 12).Significa que vive e age no seu mediador. Moisés é investido da autoridade de Deus e será instrumento para libertação de Israel da escravidão do Egito.

Através da sua obra, será o próprio Javé que conduzirá o povo durante quarenta anos no deserto, até à terra prometida e estabelecerá com ele a grande aliança do Sinai. O “sinal” oferecido por Deus é estranho porque se refere à conclusão da missão, “quando tiveres tirado do Egito o povo, vós servireis a Deus sobre esta montanha”.

Normalmente, um sinal se dá no ato do envio ou em continuação, mas sempre o precede; ex. o sinal poderia ser o fogo na sarça (comparece-se com Jz 6,17-21-40). No relato atual, o sinal exige de antemão a fé e a obediência de Moises. Quando tiver cumprido a sua missão num ato litúrgico (cf. Ex 19; 24), os israelitas com Moisés serão conscientes da liberdade que virá e Moisés reconhecerá a validade de sua missão.

Evangelho: Mt 11,25-27

No evangelho de hoje, Jesus se apresenta “manso e humilde de coração”, mas antes agradece louvando ao Pai pelos humildes que aceitam seu evangelho (vv. 25-27). Mateus copiou este louvor da fonte catequética “Q“ que transmitia palavras e parábolas de Jesus e foi usada também por Lucas (cf. Lc 10,21s). No contexto, diante da soberba e arrogância das cidades amaldiçoadas (cf. vv. anteriores 20-24), desprende-se essa exaltação dos humildes e simples.

(Naquele tempo, Jesus pôs-se a dizer:) “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado (vv. 25-26).

Os judeus se dirigiam ao bom Deus, chamando-o de “Senhor do céu e da terra”; e Jesus acrescenta a palavra “Pai”. A relação é de grande proximidade. O mistério que cria e coordena as grandes leis do mundo tem rosto e coração paterno. Para alguns, essa identidade do Pai permanece escondida, inacessível, mas para os pequeninos ela se manifesta. Os “pequeninos” são aqueles humildes que tudo esperam da bondade infinita do Pai e criador de todas as coisas (cf. a primeira bem-aventurança em 5,3).

Visto que este trecho (vv. 25-27) não tem conexão mais estreita com o contexto em que Mt o inseriu (cf. o lugar diferente que ocupa em Lc 10,21s), “essas coisas” não só se referem ao que procede (às cidades da Galileia), mas devem ser entendidos de um modo geral como se referindo aos “mistérios do Reino” (13,11), revelados aos “pequeninos”, aos discípulos (cf. 10,42), mas escondidos aos sábios, aos fariseus e seus doutores. O “agrado” do Pai lembra a voz do céu na hora do batismo do Filho (3,17) e a citação de Is 42,1 em Mt 12,18.

Além da linguagem sapiencial (cf. Eclo 51 ou Pr 8; Eclo 24; Sb 6-8) pode se reconhecer a linguagem apocalíptica, como a do livro de Daniel: Os “sábios” não foram capazes de interpretar o sonho do rei (Dn 2,3-13; cf. José no Egito, Gn 41), mas o “mistério é revelado” a Daniel que implorou a “Deus do céu” (Dn 2,18s.28) e “louva” a Deus por lhe ter concedido a “sabedoria” (Dn 2,23); trata-se do “reino” fundado pelo próprio Deus (Dn 2,44).

“Deus revela seus segredos aos humildes” (Eclo 3,20). A sabedoria é dada aos sábios (Dn 2,21), mas só se forem humildes e reconhecerem Deus como doador (Br 4,1-4; Eclo 1,4-9; cf. Br 3,37; Eclo 24,3-17) e ele “torna sábio o simples” (Sl 19,8; cf. 119,130; 116,6). Os profetas se manifestam contra os que são “sábios aos próprios olhos” (Is 5,21; cf. 29,14-19; Jr 9,22s). Os prodígios de Deus confundem a sabedoria dos sábios, como em Is 29,14: “Eu continuarei prodigando prodígios, a sabedoria dos sábios fracassará”. O prodígio presente é o envio e a presença do seu Filho, mistério que os ignorantes humildes compreendem, pois não vivem satisfeitos com seus preconceitos; ao passo que os doutores que se creem suficientes, olhando não veem (cf. Is 42,20; 6,9s). A fé pascal dos cristãos acolhe e proclama essa revelação. O apóstolo Paulo fará a mesma experiência quando anunciar a mensagem da cruz aos sábios filósofos em Atenas em vão e ao povo simples em Corinto com sucesso (1Cor 1,17-2,9; cf. At 17,16-18,11).

Os verdadeiros sábios sabem que não sabem muita coisa. Sócrates disse: “Sei que nada sei”. Os astrofísicos admitem conhecer apenas 4%, o resto é matéria ou energia escuras de quem não se sabe nada, apenas é necessária supô-las para fechar suas equações. Avançamos muito em conhecimento científico e técnico, mas avançamos muito pouco para mais justiça, mais honestidade, mais paz. Além do conhecimento material precisa de ética para saber usá-lo pelo bem, não pelo mal. Precisa de uma motivação maior para fazer o bem, e esta motivação é Deus. O conhecimento humano não é suficiente. Precisamos, então conhecer Deus e saber sua vontade para fazer o bem. Quem faz nos conhecer Deus e sua vontade? Qual a religião que nos revela o certo? O v. 27 o dirá:

Meu Pai entregou tudo a mim. Ninguém conhece o Filho, a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar” (v. 27).

Toda esta frase com sua união e reciprocidade entre Pai e Filho lembra o evangelho e as cartas de João (cf. Jo 1,18; 3,18; 3.11.35; 6,46; 10,14s, etc.) e testemunha, na base mais primitiva da tradição sinótica (na fonte Q, cerca de 50 d.C.) exatamente como em João (cerca de 90 d.C.), a consciência que Jesus deve ter tido da sua filiação divina.

“Tudo” quanto o Pai entregou ao Filho pode se referir ao poder no universo (céu e terra; cf. 28,19; Jo 3,35; 13,3), e aqui, no contexto, à sabedoria e conhecimento do Pai que confia os mistérios celestes ao Filho (cf. Jo 5,20; 7,16.28s; 8,19.38; 12,49).

A afirmação de Jesus de que ele estava numa relação íntima com Deus (vv. 26-27) e o seu convite aos discípulos (em seguida nos vv. 28-30) evocam muitos passos dos livros sapienciais (Pr 8,22-36; Eclo 24,3-9. 19s; Sb 8,3s; 9,9-18; etc.). Jesus desse modo atribui a si mesmo o papel da Sabedoria (cf. Mt 11,19), mas de uma maneira especial, não como personificação, mas como pessoa, “o Filho” por excelência do “Pai”. Mais uma vez, a frase lembra o batismo de Jesus (3,17; cf. 4,3; 27,40; em Mc 1,11, só Jesus escuta a voz do Pai e quer manter segredo até o prazo determinado pela cruz e ressurreição; cf. Mc 9,7-9; 15,39). É uma das três vezes em Mt, em que o próprio Jesus exprime, de maneira indireta, ter uma relação única com Deus seu Pai (21,37; 24,60; cf. Lc 2,49; 23,46; Jo 20,17).

O site da CNBB comenta: O conhecimento de Deus é diferente de todas as outras formas de conhecimento das quais o ser humano é capaz. De fato, temos diversas formas de conhecimento, como o racional, o científico, o vulgar e o mitológico, entre outros, que encontram a sua origem na nossa relação com as coisas e as pessoas que conhecemos e que se tornam de alguma forma objeto do nosso conhecimento. Com Deus, a coisa é diferente. A mente humana é incapaz de, por si só, chegar até o conhecimento de Deus. Só conhecemos a Deus porque, no seu infinito amor, ele revelou-se a todos nós. É o amor de Deus que, sabendo que somos incapazes de chegar até ele, vem até nós.

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