19 de novembro de 2017 – 33º Domingo Ano A

1ª Leitura: Pr 31,10-13.19-20.30-31

A 1ª leitura foi escolhida em vista do evangelho de hoje. Ambos elogiam a pessoa diligente que trabalha com habilidade e êxito. Mas enquanto no evangelho se trata de empregados, na 1ª leitura é uma mulher, esposa e dona de casa. No capítulo final do livro sapiencial de Provérbios (31,10-31) é apresentada num poema acróstico (alfabético; cf. Sl 9-10; 25; 34; 37; 111; 112; 119; 145; Lm 1-4; Na 1,2-8; Eclo 51,13-29 hebr.); tomando-se a primeira letra de cada verso (noutros lugares de cada estrofe), forma-se o alfabeto hebraico do Alef a Tau, ou seja do A a Z.

A Bíblia do Peregrino (p. 1485ss) comenta o cap.: O livro termina com um canto à mulher ideal, do ponto de vista do homem. Por quê? Por não fazer razão especial, ou pela experiência matrimonial do mestre. Prefiro pensar num mestre que instrui seus alunos. Terminada a formação, eles se preparam para constituir família, 24,27. Por isso, a última recomendação do livro trata do matrimônio. Ora, encontrar a mulher sonhada e certa, é coisa difícil. Para que os alunos conheçam o que deve desejar e procurar, o mestre traça um quadro ideal; figura idealizada, mas não utópica; desejo difícil, mas não inatingível.

O curioso nessa descrição é a desvalorização da beleza e a ausência ou ocultação do amor. A esposa ideal será uma mulher que dirige a casa e os negócios com sensibilidade, competência e criatividade. O marido é obrigado a dar-lhe moradia, sustento e roupa, Ex 21,10; para compensar, bastará o marido dar-lhe prazeres e filhos? O critério econômico e comercial rege o poema. Fala de preço, lucro, de comprar e vender, de pagar, de fazer comércio e avaliar mercadorias, de procurar e importar, de produzir e consumir. Pouco poético para nosso gosto e para quem saboreou o Cântico dos Cânticos. O livro de Rute, com toda a sua preocupação legal, é mais emotivo, sem falar nas histórias patriarcais…

A falta de outras qualidades é mais significativa num prontuário completo, do alef ao tau. Podemos dar uma explicação contextual: o poema é o fim de um livro quarenta vezes mais amplo, no qual o tema da mulher aparece em diversos aspectos.

Este capítulo sobre a mulher prudente deve ser lido com outros versículos dispersos, cf. 5,15-19; 11,16; 12,4; 18,22; 19,14 e Eclo 7,19.

Uma mulher forte, quem a encontrará? Ela vale muito mais do que as joias. Seu marido confia nela plenamente, e não terá falta de recursos. Ela lhe dá só alegria e nenhum desgosto, todos os dias de sua vida (vv. 10-12).

“Mulher forte” (outros traduzem “de valor, “talentosa”, “diligente”). O termo hebraico contém a raiz sugerindo força ou fortuna (cf. 12,4 e Rt 3,11), foi traduzido em grego e latim (Vulgata) literalmente por “mulher forte”, evocando ao mesmo tempo a eficiência e a virtude, fortaleza ou inteireza (cf. 18,22; Eclo 7,26; 36,21-27). Pode ser lido com o retrato da sabedoria de 9,1-6, como também sugere v. 10b; “vale muito mais do que as joias” (cf. 3,15).

Encontrar e adquirir tal mulher foi bom investimento, e ela paga os bens materiais, não só com agradecimento sentimental. “Não terá falta de recursos” ou “não precisa de despojos” (caráter militar, fruto de saques).

Em Gn 2,18, a mulher é apresentada como auxiliar para o homem. Aqui o homem pode se abandonar inteiramente à sua companhia: “Seu marido confia nela plenamente”.

Procura lã e linho, e com habilidade trabalham as suas mãos. Estende a mão para a roca e seus dedos seguram o fuso. Abre suas mãos ao necessitado e estende suas mãos ao pobre (vv. 13.19-20).

“Com habilidade trabalham as suas mãos”, lit. ela trabalha conforme o desejo de suas mãos. Conforme Os 2,7.11, é o marido quem procura lã e linho. O zelo da dona traz benefício também para os pobres (cf. Dt 15,11; Is 58,1-12).

A Bíblia do Peregrino (p. 1486) comenta: Dessa mulher se mencionam as mãos, as palmas, o braço: sua atividade. Se senta, é para fiar, depois tece os fios e vende o tecido, e com o ganho compra alimentos e investe em terrenos. Deita tarde, levanta cedo, sempre atenta aos empregados. Mas o que faz o marido? Cuida dos assuntos públicos como conselheiro. Quando volta para casa, não descansa com a mulher, como Salomão de Sb 8,16.

Nossa liturgia omite vários versos que descrevem outras atividades desta mulher, preparar comida, distribuir tarefas para as criadas, comprar terreno, plantar uma vinha, confeccionar roupas para vender, ensinar.

O encanto é enganador e a beleza é passageira; a mulher que teme ao Senhor, essa sim, merece louvor. Proclamem o êxito de suas mãos, e na praça louvem-na as suas obras! (vv. 30-31).

“A beleza é passageira”, lit. “é sopro de vento” (a palavra-refrão de Eclo 1,2; 12,8 etc.). “Proclamem o êxito de suas mãos”, lit. “fruto de suas mãos” (como em v. 16; não fala aqui do fruto do ventre; sobre os filhos cf. v. 28a). “Na praça louvem-na as suas obras”, lit. “nas portas” (da cidade, por onde passam as pessoas e onde se fazia os julgamentos).

A Bíblia do Peregrino (p. 1487) comenta: O poeta toma a palavra. Não despreza a beleza, mas a desvaloriza numa comparação, para prevenir contra sua fascinação imediata. Como Eclo, que louva em 26,16-18 e previne em 25,21. O supremo valor da mulher ideal é a religiosidade. Pode-se perguntar: essa figura personificada a Sensatez ou simbolizava a matrona Jerusalém?

A Bíblia de Jerusalém (p. 1164) comenta: Esse elogio da mulher perfeita pode ser compreendido alegoricamente como descrição da Sabedoria personificada (cf. 8,22+). É o que parece sugerir uma ampliação do grego (“Uma mulher sábia será elogiada, – o temor de Iahweh é o que deve ser louvado”), e isso explicaria porque este trecho, aliás muito belo, tenha sido colocado na conclusão do livro.

A Nova Bíblia Pastoral (p. 815) resume: O livro conclui coma imagem da mulher ideal, empreendedora e dedicada aos negócios da família. Realizando tarefas que na sociedade machista eram próprias dos homens, ela rompe preconceitos e traz felicidade a todos. Aliás, é o marido que se define em relação a ela, e não o contrário. A mulher forte e de valor representa a própria sabedoria: ambas merecem louvor. Na casa da Sabedoria (Pr 9,1-6) há trabalho, justiça, honra, prosperidade e vida para todos.

2ª Leitura: 2Ts 5,1-6

A 2ª leitura de hoje nos apresenta uns versículos do capítulo final de 1Ts. Mais uma vez Paulo fala da expectativa da volta de Jesus (parusia) em breve.

Quanto ao tempo e à hora, meus irmãos, não há por que vos escrever. Vós mesmos sabeis perfeitamente que o dia do Senhor virá como ladrão, de noite. Quando as pessoas disserem: “Paz e segurança!”, então de repente sobrevirá a destruição, como as dores de parto sobre a mulher grávida. E não poderão escapar (vv. 1-3).

“O dia do Senhor” é uma imagem profética do AT (Am 5,18; Jl 2,1; Sf 1,7) usada também no NT (At 2,20; 1Cor 5,5). Enquanto na tradição se referia a Deus (kyrios – “Senhor” é tradução grega do hebraico Yhwh – Javé), Paulo o identifica depois com “o dia do Senhor Jesus” (1Cor 1,8; Fl 1,6.10). A especulação sobre a vinda do fim do mundo é típico do gênero apocalíptico (Dn 9,2.24-27), mas “o dia do Senhor virá como ladrão” (Mt 24,43; Lc 12,39s; 2Pd 3,10; Ap 3,3), de noite”, quando as pessoas dormirem (cf. vv. 4-6) ou disserem: “Paz e segurança” (cf. Jr 6,14; Ez 13,10.16), mas “não poderão escapar” (cf. Am 2,14s).

Saber com precisão a data da vinda (parusia) de Cristo é desejo muito humano, porém fadado à frustração. Conforme a tradição cristã, só Deus Pai conhece o momento exato: “Quanto a esse dia e hora, ninguém sabe nada, nem os anjos do céu, nem o Filho. Somente o Pai é quem sabe” (Mc 13,32p). Aos cristãos cabe esperar com espírito vigilante, estar preparados. Com as “dores do parto”, Paulo compara também a expectativa da criação em Rm 8,19, e João a tristeza dos discípulos antes de encontrar a nova vida do Ressuscitado (Jo 16,21).

Mas vós, meus irmãos, não estais nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão. Todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite, nem das trevas. Portanto, não durmamos, como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios (vv. 4-6).

A menção do “dia do Senhor” facilitou a fluência do sentido. Paulo descreve a condição dos cristãos usando o tema da luz e das trevas. A luz e o dia, o estado de vigília, opõem-se às trevas e à noite, ao sono (que não é mais a morte, cf. 4,13s e 5,10). Do mesmo modo, os “filhos da luz” (semitismo), os cristãos, opõem-se aos “filhos das trevas” (cf. Lc 16,8; Jo 8,12; 9,4s; Ef 5,8; Fl 2,15). Esta linguagem excludente encontra-se também nos escritos encontrados em Qumrã.

A luz é símbolo da vida, enquanto as trevas são símbolo do mal e da morte (cf. Jó 22,11; 24,13-17; Ef 5,8-14; Jo 3,19-21). O patrão deve vigiar de noite inclusive mais que de dia (cf. Lc 12,35-48; Mt 24,42-51; 25,1-13). De noite, o ladrão rouba e se celebram as bebedeiras e orgias (v. 7); é preciso ser “sóbrios”, como de dia (cf. Rm 13,11-14).

Amós tinha dito: “o dia do Senhor é tenebroso e sem luz” (Am 5,18), e Sofonias o descrevia como “dia de escuridão e trevas” (Sf 1,15). Paulo o representa como dia luminoso para os cristãos que devem responder as exigências da luz lutando com as armas (“couraça … capacete”) da fé, do amor e da esperança (cf. 8, omitido pela liturgia; Ef 6,11-17). Muitos biblistas consideram os vv. 4-8 como parte da catequese batismal (catecumenato).

 

Evangelho: Mt 25,14-30

No evangelho de hoje continuamos no quinto discurso (sobre escatologia) de Jesus em Mt (caps. 24-25). Hoje apresenta-se a terceira parábola sobre vigilância e responsabilidade diante da vinda (parusia) de Cristo no fim dos tempos. Após a vigilância do servo de casa (24,45-51) e das virgens prudentes da cena nupcial (25,1-13), passa para o mundo da economia que também serve para falar sobre o reino de Deus.

A parábola tem seu paralelo em Lc 19,12-27 (Mt e Lc a tiraram da mesma fonte de palavras, Q), porém, com moral diferente. Em Mt, a simples expectativa e a vigilância se convertem e culminam em responsabilidade para ação no mundo. A responsabilidade é proporcional ao talento recebido para o serviço. Prêmio e castigo pela administração se orientam para o julgamento definitivo.

(Naquele tempo, Jesus contou esta parábola a seus discípulos:) Um homem ia viajar para o estrangeiro. Chamou seus empregados e lhes entregou seus bens. A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um; a cada qual de acordo com a sua capacidade. Em seguida viajou (vv. 14-15).

Nossa liturgia mudou a introdução desta parábola. Mt se refere aos vv. anteriores (parábolas da vigilância) e escreveu literalmente: “Pois (o reino de Deus, cf. v. 1) será como um homem que ia viajar …”

Podemos imaginar “um homem” como grande comerciante viajando para o exterior. Entre “seus empregados” (servos ou escravos) ele reparte livremente, e não de modo arbitrário, o seu dinheiro (“seus bens”), porque leva em conta a “capacidade” de cada um (em grego, dynamis, dinamismo, capacidade de fazer). Só que também essa capacidade é dom (cf. Dt 8,17s).

Na época, também um escravo podia administrar dinheiro confiado pelo seu dono. Aqui não se define o modo como estes três deviam atuar com o dinheiro, mas é claro que o lucro pertencerá ao dono. Um “talento” equivale a 6.000 denários. Um denário (uma moeda de prata) era a diária de um trabalhador (cf. 20,2). Se estipularmos uma diária de apenas R$ 100,00, os valores são consideráveis: “cinco talentos” equivalem R$ 3 milhões; “dois talentos”, R$ 1,2 milhões e “um talento”, R$ 600.000,00.

O empregado que havia recebido cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles, e lucrou outros cinco. Do mesmo modo, o que havia recebido dois lucrou outros dois. Mas aquele que havia recebido um só, saiu, cavou um buraco na terra, e escondeu o dinheiro do seu patrão (vv. 16-18).

O patrão se ausentou e não volta logo, dando oportunidade aos empregados trabalharem. Já não menciona uma chegada iminente do patrão (cf. 19,28; escatologia adiada, 2Ts 2,2). O relato se concentra no serviço ao patrão, dono único do dinheiro e não fala expressamente do serviço aos outros. Os primeiros dois trabalham e fazem o dinheiro multiplicar, talvez através de ações financeiras. O sistema financeiro da época não era tal diferente do nosso: lucrar através de câmbio das moedas, depósitos ou créditos com juros. Os judeus já mantinham agências bancárias nas maiores cidades do império.

O terceiro empregado, porém, enterra a soma confiada; assim se procedia em tempos de guerra para não cair nas mãos do inimigo. No paralelo de Lc 19,20, ele deposita o dinheiro num lenço, mas em Mt, a soma é grande demais para isso.

Depois de muito tempo, o patrão voltou e foi acertar contas com os empregados. O empregado que havia recebido cinco talentos entregou-lhe mais cinco, dizendo: “Senhor, tu me entregaste cinco talentos. Aqui estão mais cinco que lucrei”. O patrão lhe disse: “Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!” Chegou também o que havia recebido dois talentos, e disse: “Senhor, tu me entregaste dois talentos. Aqui estão mais dois que lucrei”. O patrão lhe disse: “Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!” (vv. 19-23).

Quando o patrão finalmente volta, pede contas da administração, numa espécie de julgamento, no qual o patrão qualifica a conduta dos empregados e a retribui. Os dois primeiros são elogiados, porque se mostraram bons em seu ofício; aliás, cada um dos dois recebe o mesmo elogio: “Servo bom e fiel” ao seu fiável (é o título de Moisés segundo Nm 12,7); “como foi fiel na administração de tão pouco” – “tão pouco” não corresponde às somas enormes de milhões, mas indica que a versão original da parábola (na fonte Q) tratava de valores menores (como as “minas” em Lc 19,13: uma mina equivale 100 denários, ou seja, R$ 10.000,00); Mt aumentou os valores. O prêmio (o mesmo para os dois!) supera qualquer previsão: perto dele os milhões eram nada; de uma posse administrada passa-se a convivência com o patrão: “Vem participar da minha alegria!”

Por fim, chegou aquele que havia recebido um talento, e disse: “Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence”. O patrão lhe respondeu: “Servo mau e preguiçoso! Tu sabias que eu colho onde não plantei e que ceifo onde não semeei? Então devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence.” Em seguida, o patrão ordenou: “Tirai dele o talento e dai-o àquele que tem dez! (vv. 24-28).

O terceiro é malvado ou “mau” em seu ofício, um “preguiçoso” (um adjetivo substantivado como tipo em Pr 6,6-11; 10,4.26; 13,4; 15,19; 19,15.24; 20,4.13; 22,13; 24,30-34; 26,13.15s). Ele procura defender-se pondo a culpa no patrão exigente; cf. Pr 22,13: “O preguiçoso diz: ‘Um leão está lá fora! Serei morto no meio da rua!’”. Realmente o medo do risco paralisa (Eclo 11,10), a inércia se afirma na preguiça. Mas o dinheiro não é uma semente que se enterra e cresce por si só; é o homem que imprime nele seu dinamismo para fazê-lo crescer. A colaboração humana está fortemente sublinhada.

O diálogo com o terceiro criado mostra a outra face do dinamismo do trabalho humano. O dinheiro confiado a mãos ativas tende a crescer; mas a preguiça deixa-o inerte, e o preguiçoso fica de mãos vazias (cf. Pr 6,11; 10,4; 15,19; 19,15). A quem aproveita o dinheiro enterrado? Por isso, o patrão entrega o talento agora ao mais hábil dos três servos. A parábola está cheia de termos técnicos da linguagem bancária: depositar, juros, etc.

Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado (v. 29).

O provérbio final, com sua formulação paradoxal (13,12), expressa felizmente o duplo movimento: do mais ao sempre mais, do menos até o nada. Jesus não opina aqui sobre a lógica trágica do capitalismo que pode levar nações inteiras à ruína através de especulação financeira, mas expressa uma experiência sapiencial (cf. Pr 10,4: “A mão preguiçosa empobrece, o braço diligente enriquece”). Mt 13,2 (cf. Mc 4,25) aplica o mesmo provérbio ao conhecimento do mistério do reino que é dado aos discípulos. Eles são pobres materialmente (9,19s; 10,9s; 19,21-29), mas ricos espiritualmente (cf. Mt 5,3-12).

Mas os bens, que Deus dá, devem ser trabalhados para não perdê-los. A respeito da expectativa da parusia (volta de Cristo na glória do céu), Mt quer dizer que não basta estar preparado, esperando passivamente a manifestação de Jesus. É preciso arriscar e lançar-se à ação, para que os dons recebidos frutifiquem e cresçam. Jesus confiou à comunidade cristã a revelação da vontade de Deus e a chave do Reino. No julgamento, ele pedirá contas por esse dom. A comunidade o repartiu e o fez crescer, ou o escondeu das pessoas?

Quanto a este servo inútil, jogai-o lá fora, na escuridão. Ali haverá choro e ranger de dentes! (v. 30).

Prêmio e castigo são de cunho escatológico do Senhor. Para advertir a comunidade, Mt costuma sublinhar o castigo: a expulsão “fora nas trevas” (22,13; 25,30) com “choro e ranger de dentes” (expressão de dor terrível; cf. 8,12; 13,42.50; 22,13; 24,51; 25,30; imagem bíblica da cólera e do despeito dos ímpios em relação aos justos: cf. Sl 35,16; 37,12; 112,10; Jó 16,9).  Mas nesta parábola destaca-se também o prêmio antes mencionado: “Venha participar da minha alegria” (vv. 21.23; cf. 13,43; 25,34).

O site da CNBB comenta: Um dos maiores perigos que ameaçam a verdadeira vivência da fé é o medo. Este medo faz com que não sejamos capazes de produzir os frutos exigidos pelo Reino de Deus. Mas esse medo sempre aparece com máscaras que nos enganam e uma das mais sutis que encontramos é aquela que é confundida com a virtude da prudência. Perguntamos se é prudente fazer isso ou aquilo e em nome da prudência justificamos o nosso medo. Nesta hora, devemos nos recordar de Maria, a Virgem prudentíssima, que não julgou prudente conversar com José antes de responder ao Anjo ou ficou esperando a vida inteira pelo milagre de Caná.

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