1º de Agosto 2019, Quinta-feira: “Assim, pois, todo mestre da Lei, que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas. ”

17ª Semana do Tempo Comum 

Leitura: Ex 40,16-21.34-38

Chegamos ao final do livro de Êxodo. Ainda no pé do monte Sinai, Moisés completou as obras construindo o santuário móvel (caps. 35-39, seguindo as instruções recebidas nos caps. 25-31), e o Senhor Javé toma posse.

Moisés fez tudo o que o Senhor lhe havia ordenado. No primeiro mês do segundo ano, no primeiro dia do mês, o santuário foi levantado (vv. 16-17).

No final do livro de Êxodo, ouvimos três vezes que “Moisés fez tudo o que o Senhor lhe havia ordenado” (v. 16; cf. vv. 19.21; Mt 28,20). As ordens exatas como construir o “santuário” da “tenda de reunião” (cf. 33,7-11; 34,33-35; leituras de ontem e antes de ontem) já foram dadas nos caps. 25-31 (tradição sacerdotal) e depois se conta sua execução como repetição quase literal nos cap. 35-39.

A cronologia apresentou a libertação da escravidão e saída do Egito na páscoa, ou seja, no primeiro mês da primavera (na lua cheia de março/abril, cf. Ex 12,1), no terceiro mês chegaram ao monte Sinai (19,1). Quase um ano depois da páscoa, na lua nova (“primeiro dia do mês”), foi terminada a fabricação e chega a etapa final: montar as peças e colocar cada objeto em seu lugar. No meio (vv. 9-14, omitidos na leitura de hoje) se menciona uma unção/consagração do santuário e dos sacerdotes

Moisés levantou o santuário, colocou as bases e as tábuas, assentou as vigas e ergueu as colunas. Estendeu a tenda sobre o santuário, pondo em cima a cobertura da tenda, como o Senhor lhe havia mandado (vv. 18-19).

A tenda é um santuário móvel e propício a se encontrar com o Senhor durante a longa caminhada pelo deserto. Sua descrição já traz elementos do templo de Jerusalém construído por Salomão em 966 a.C. (compare-se a construção e consagração desse templo em 1Rs 6-8).

Depois, tomando o documento da aliança, depositou-o dentro da arca e colocou sobre ela o propiciatório (v. 20).

O “documento da aliança” são as tábuas de pedra onde estão escritos os dez mandamentos (20,1-17; 24,4.7.12; 25,16; 32,15-16.19; 34,1.4.29), são colocadas como “testemunho” dentro da arca.

Não há consenso na pesquisa bíblica sobre a origem, função e finalidade da “arca”. Os textos mais antigos (Nm 10,33-36; 14,42-44) a apresentam com símbolo da presença divina com a função de ir (ser carregada) a frente do grupo nômade. Em Js 3-6 é levada em procissão pelo rio Jordão e ao redor dos muros de Jericó. Nas narrativas de 1Sm 4-6, a arca faz parte do trono divino, Javé “assenta-se sobre os querubins” ou “cavalga os querubins” (cf. 1Sm 4,4; 2Sm 6,2; 22,11; 1Rs 6,23-28; 2Rs 19,15; Sl 18,11; 80,2; 99,1). Davi leva a arca a Jerusalém (2Sm 6) e Salomão a coloca no templo (1Rs 8,3-9).

Na redação deuteronômica (cf. Dt 10,1–5; 31,9.26), ele é apresentado como a “arca da aliança” e descrita como baú, onde se colocou as tábuas do decálogo (dez mandamentos). No pós-exílio, a redação sacerdotal liga a arca à tenda da Reunião e a descreve feita de madeira de acácia revistada de ouro com as medidas 1,25m x 0,75m x 0,75m e portátil através de varas (Ex 25,10–22; 37,1–9). E tem um propiciatório como tampa dourada em cima. Este propiciatório talvez tenha sido um próprio utensílio sagrado num tempo anterior. Em 25,17 e 35,12, o kapporêt é descrito como distinto da arca. A arca desaparece por ocasião da destruição do primeiro templo pelo exército babilônico (Jr 3,16; reaparece só no céu em Ap 11,19; na Igreja copta da Etiópia existe o mito que ela esteja escondida neste país).

“Propiciatório” é tradução do termo hebraico kapporêt, da raiz kapar que significa “cobrir”, mas também “fazer a expiação, limpar”. O propiciatório intervém, sem a arca, no ritual pós-exílico do dia da expiação (yom kippur, Lv 16,15): Pelo fato de a arca ser considerada o escabelo de Deus sobra a terra, o propiciatório torna-se o lugar onde se pode encontrar Deus no culto. Aspergido pelo sangue das vítimas no dia do grande perdão (expiação), é também o lugar onde são redimidos os pecados (cf. Lv 16,12-15; Rm 3,25 e o trono da graça em Hb 4,16).

Nas duas extremidades do propiciatório, Moisés colocou imagens de dois anjos (querubins), um voltado para o outro com suas asas estendidas para cima protegendo o propiciatório, conforme a ordem do Senhor (25,18; outra imagem que Deus mandou fazer no AT é a serpente de bronze em Nm 21,8; cf. Ex 20,4-5). O nome “querubins” corresponde ao dos karibu dos babilônios, gênios, metade homem, metade animais, que vigiavam as portas dos templos e palácios. Segundo a descrição bíblica e a iconografia oriental são esfinges aladas. No meio dos querubins, Javé aparece sobre o propiciatório e é da lá que ele fala a Moisés (25,22; Lv 16,2: Nm 7,89).

E, introduzindo a arca no santuário, pendurou diante dela o véu de proteção, como o Senhor tinha prescrito a Moisés (v. 21).

A arca e a tenda são elementos mais antigos, do tempo dos nômades. A redação sacerdotal introduz outros elementos que provém do desenvolvimento do culto no decorrer da história de Israel e referindo o conjunto às ordens formais de Javé a Moisés, o texto afirma o caráter divino das instituições religiosas de Israel. Mesmo depois do desaparecimento da arca, o véu continua separando o espaço santíssimo onde só uma vez por ano (no dia da expiação) uma pessoa só, o sumo sacerdote, podia entrar e pronunciar o nome de Javé (Lv 16; cf. Hb 9). Na hora da morte de Jesus, este véu rasgará (Mc 15,38s; como gesto de luto e/ou dando acesso a todos, cf. Mc 14,58.63; Jo 2,21; Ef 2,13-18).

Então a nuvem cobriu a Tenda da Reunião e a glória do Senhor encheu o santuário. Moisés não podia entrar na Tenda da Reunião, porque a nuvem permanecia sobre ela, e a glória do Senhor tomava todo o santuário (vv. 34-35).

Terminado e consagrado o recinto, o Senhor desce para tomar posse com sua presença sem imagem, mas com sua “glória”. A glória que estava na montanha (na nuvem: 24,16s; 33,18-34,6) se translada com a nuvem para o santuário (já se antecipou em 16,7-10 e 33,9s): termina a função profética de Moisés e começa a nova função, a sacerdotal, junto com os levitas, ou seja, da tribo de Levi, a qual Moisés e Aarão pertencem. Vindo encher a morada com a nuvem, Deus legitima este santuário erguido conforme suas ordens. É um santuário provisório, mas enquanto se aguarda a construção do templo em Jerusalém, Deus já se faz presente no meio dos seus para guiar sua caminhada até chegar a terra prometida. Assim a redação final projeta o culto no templo de Jerusalém para um passado glorioso, e os exilados se sentem motivados a retornar a sua terra.

Em todas as etapas da viagem, sempre que a nuvem se elevava de cima do santuário, os filhos de Israel punham-se a caminho; e nunca partiam antes que a nuvem se levantasse. Pois, de dia, a nuvem do Senhor repousava sobre o santuário, e de noite aparecia sobre ela um fogo, que todos os filhos de Israel viam, em todas as suas etapas (vv. 36-38).

A viagem pelo deserto durará 40 anos (16,35; Nm 14,33s), mas com esta tenda simples e móvel, Deus acompanha a viagem do povo a caminho da terra prometida, habita no meio do povo e pode guiá-lo pelo caminho. Assim o povo caminha de acordo com a presença de Deus, “em todas as suas etapas”. Nm 9,15-23 retoma a leitura de hoje. Mas só em Nm 10 o povo se põe a marcha, partindo do Sinai. Antes, a redação sacerdotal inseriu todo o livro de Levítico com as instruções sobre o culto e os sacrifícios.

A última frase do livro de Êxodo (palavra grega: “saída”) lembra a presença de Deus na passagem pelo mar Vermelho (13,21s; 14,19s.24). No templo de Jerusalém, podia se perceber sinais semelhantes: a fumaça do incenso e dos holocaustos durante o dia e a luz do fogo dos sacrifícios iluminando a noite indicavam as atividades sacerdotais e a presença do Senhor.

Encontram-se no Pentateuco diversas manifestações da presença divina: a “coluna de fogo” (13,21s; cf. Gn 15,17), a “nuvem” escura (14,19s) ou luminosa (24,16s); finalmente, associada com a nuvem, a ”glória” de Javé” (16,7.10; 24,16; 33,18-34,6), fogo devorador que se move como o próprio Javé (cf. 19,16), distinguido da nuvem que o acompanha e o envolve. Estas noções ou imagens do qual a mística fez grande uso (na liturgia com incenso e círio pascal) são tomadas das grandes teofanias nas tempestades (19,16), mas assumem um sentido superior: esta luz brilhante cujo reflexo irradiará no rosto de Moisés (34,29: erroneamente traduzido e imaginado por chifres na escultura de Moisés por Michelangelo), exprime a majestade inacessível e temível de Deus. A “glória” pode aparecer fora da tempestade (33,22) e encher a Tenda da Reunião (40,34-35), como também tomar posse do templo de Salomão (1Rs 8,10-11) e encher toda terra (Nm 14,21; Is 6,3; Sl 57,6; 72,19; Rm 1,20). Ezequiel vê-la deixar o templo de Jerusalém, na véspera da destruição (Ez 9,3; 10,4.18-19; 11,22-23) e voltar ao novo santuário (Ez 43), mas para ele, esta glória tem uma aparência humana luminosa (Ez 1,26-28). Em outros textos, como nos Salmos (Sl 29), a glória de Javé, exprime a majestade de Deus ou a honra que se lhe deve, ou ainda o poder miraculoso (Ex 15,7). No NT, cf. a glória de Jesus (Jo 2,11; 11,40), a luz e a nuvem na transfiguração e na ressurreição (Mc 9,1-8 parr; At 1,9) e o significado escatológico em Mt 25,31; At 7,55; Fl 2,11; Ap 4,9; 5,11.

 

Evangelho: Mt 13,47-53

Ao longo do seu Ev, Mt apresenta cinco discursos de Jesus, em alusão aos cinco livros da Lei de Moisés chamados de Pentateuco (grego) ou Torá (hebraico). No terceiro discurso, Mt usa e amplia o discurso de parábolas já existente em Mc 4, mas o finaliza com parábolas que só se encontram no Ev dele, as do tesouro e da pérola (evangelho de ontem) e a da rede, e uma conclusão que talvez seja a assinatura do evangelista.

O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam (vv. 47-48). 

Mt está interessado apenas no final da pesca. Compara o reino com a rede, porque não queria associar aqui o reino aos “pescadores de homens” (4,19p). Para onde vão os peixes que não prestam? Mt não fala aqui do fogo como o do joio (cf. v. 30), apenas “jogam fora” (cf. 3,10; 5,13; 7,19; 8,12; 18,8; 22,13; 25,30). Na pesca real, os peixes “que não prestam” são jogados de volta na água, onde sobrevivem, enquanto os bons acabam assados no fogo.

Para distinguir os peixes “bons” e os “maus” (cf. 7,17-19; 12,33; 13,37-43; 25,31-46), os pescadores “sentam-se” (cf. o sentar-se do Filho do Homem (19,28; 25,31; 26,64; cf. Cl 3,1; Ef 1,20; Ap 4-5). De certo modo, a parábola retoma a cena inicial do discurso, onde Jesus ”foi sentar-se às margens do mar da Galileia. Uma grande multidão reuniu-se em volta dele. Por isso Jesus entrou numa barca e sentou-se, enquanto a multidão ficava de pé, na praia” (vv. 1-2).

Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são justos, e lançarão os maus na fornalha de fogo. E aí, haverá choro e ranger de dentes (vv. 49-50). 

Os ouvintes já foram preparados para interpretação: a parábola da rede (vv. 47-50), bem como a do joio (vv. 13,24-30.36-43; cf. sábado e terça-feira passados), acentuam a coexistência de maus e bons até o “fim dos tempos” (quando a rede está “cheia”, v. 48); em compensação, aqui não se insiste na paciência (nada de intervenção dos discípulos na parábola do joio), mas na ameaça que pesa sobre “os que não prestam”.

Aqui, Mt não associa a rede com a missão da Igreja (4,18-22), mas com o mundo no juízo final (como o campo em v. 38). A consumação do Reino se realiza através do julgamento que separa os “bons” dos “maus”. Os “justos”, ou seja, os que vivem a justiça anunciada por Jesus tomarão parte definitiva no Reino; os que não a vivem serão excluídos para sempre. É preciso decidir desde já.

O acento está mais nos que não prestam. A “fornalha de fogo” expressa o juízo (vv. 42.50; cf. Dn 3,6-22; 25,41; Jr 29,22; Dt 3,6). Mt costuma falar de ”chorar e ranger os dentes” para expressar as dores dos condenados (cf. 8,12; 13,42.50; 22,13; 24,51; 25,30). Mas aqui não fala nada do destino brilhante dos homens bons, como antes na parábola do joio: “os justos brilharão como o sol” (v. 43; cf. Dn 12,2s). Aqui não se fala que os justos seriam transferidos para o céu (cf. 1Ts 4,17 etc.), mas os maus serão retirados da terra.

Compreendestes tudo isso? ” Eles responderam: “Sim. ” (v. 51).

Finalizando seu discurso, Jesus pergunta: “Compreendestes tudo isso?” Os ouvintes (desde v. 36 são os discípulos) respondem: “Sim”. Para Mt, a fé não é mero sentimento, mas precisa de entendimento (vv. 13s.23.36; 15,10) para uma boa prática (7,15-27; 25,31-46) e trazer frutos.

Então Jesus acrescentou: “Assim, pois, todo mestre da Lei, que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas. ” Quando Jesus terminou de contar essas parábolas, partiu dali (vv. 52-53).

As parábolas revelam os “mistérios do Reino do Ceu” (13,10-17) para aqueles que têm fé. Por isso, o mestre/doutor da Lei que se torna discípulo de Jesus é capaz de ver a ligação entre o Velho e o Novo (Antigo e Novo Testamento). Em Jesus tudo se renova e toma novo sentido.

Depois da instrução aos discípulos a menção de um “mestre da Lei” nos surpreende. Já encontramos um mestre da lei querendo ser discípulo em 8,19 (cf. Mc 12,34). Este escriba instruído acerca do Reino tanto pode ser um ouvinte qualquer que compreendeu o ensinamento de Jesus (isto pressuporia que Mt se dirigisse especialmente a ouvintes letrados, versados nas escrituras), como o próprio evangelista (o que insinuaria que o autor de Mt fosse um escriba convertido ao cristianismo).

Pode-se “tirar do seu tesouro” (ou baú) coisa boa ou má (12,35p). Porque um pai de família iria tirar coisas novas e velhas, e não grãos, frutos, roupas, ferramentas etc.? Mas um mestre da Lei há de abrir os tesouros da sabedoria (cf. Eclo 1,24; 20,30; 40,18s; 41,14; Sb 7,14) e atualizar a sabedoria dos antigos. O “tesouro” (mesma palavra na parábola do v. 44) designa quer o ensinamento tradicional dos escribas judeus, renovado pela fé em Cristo, quer o pensamento do Antigo Testamento apresentado como “cumprido” (5,17) pelo escriba cristão, quer o ensinamento de Jesus (já antigo na época da redação cerca de 80 d.C.) apresentado aqui pelo evangelista como fonte das coisas antigas e novas que anseia sejam compreendidas por sua comunidade.

O doutor que se tornou discípulo de Cristo possui e administra toda a riqueza antiga, acrescida das perfeições da nova. Esse elogio do “escriba cristão” resume todo o ideal do evangelista e tem bem a aparência de ser a sua assinatura discreta. No mínimo, ele pertence a um grupo destes escribas cristãos, cuja tarefa era revelar e demonstrar o elo entre o antigo e o novo (cf. 5,17-48; 13,35) e que são enviados por Jesus ao lado dos profetas e sábios em 23,34. A autoria deste evangelho pode ser atribuída muito mais a um mestre da lei do que a um cobrador de impostos chamado Mateus (9,9).

A atribuição deste evangelho ao apóstolo Mt é contestada hoje, porque? Vale a pena lembrar que tudo que temos do Novo Testamento foi escrito em grego e nenhum dos quatro evangelistas assinou com seu nome. São obras anônimas atribuídas posteriormente a discípulos dos apóstolos (Mc e Lc) ou a apóstolos (Mt e Jo).

Mt não foi o primeiro Ev. Uma análise literária demonstra claramente que o primeiro Ev foi Mc. Mt e Lc já usaram Mc e melhoraram seu estilo mais primitivo. O que Mt e Lc tem comum? Quase todo o texto de Mc, e mais uma coleção de palavras (chamado fonte Q; se perdeu na história, mas pode ser reconstruída a partir de Mt e Lc)!

Isso pode se verificar também pelo relato da vocação do publicano Levi (Mc 2,13-17; Mt 9,9-13; Lc 5,27-32; cf. o comentário de sexta-feira da 13ª semana do Tempo comum). Se o autor do Ev de Mt fosse um realmente um apóstolo, porque copiaria sua própria vocação de outro Ev (Mc), só trocando de nome (de Levi para Mateus) e acrescentando apenas uma citação do AT (Os 6,6)? Não usaria mais detalhes e palavras próprias, já que se trata da própria vocação? Provavelmente foi um judeu-cristão da segunda geração (cerca de 80 d.C., depois da destruição de Jerusalém de 70 d.C. em 22,7), talvez um discípulo de Mateus (ou de Pedro, cf. Mt 14,28-31; 16,16-19; 17,24-27) que escreveu este Ev, usando Mc e trocando o nome Levi por Mateus, porque era um nome mais conhecido (um dos doze; cf. 10,3).

A antiga opinião de Mt ser o primeiro evangelho, escrito em hebraico antes de ser traduzido, baseia-se no testemunho de Papias, bispo de Hierápolis (primeira metade do séc. II): “Mateus-Levi escreveu na linguagem hebraica”, mas podemos entender também por “estilo hebraico”, porque não tem evidência de um evangelho em hebraico, ao contrário: para seus leitores cristãos que vieram do judaísmo, o Ev de “Mt” cita muito do Antigo Testamento (AT) – e não a versão hebraica, mas geralmente a tradução grega (por ex. Mt 1,23 cita a tradução grega de Is 7,14: virgem, e não o texto hebraico jovem mulher). Portanto, o evangelista “Mateus” escreveu seu original na língua grega, copiando Mc, mas seu conteúdo e estilo (e seus leitores) estão mais ligados ao Antigo Testamento, por isso sua posição na Bíblia – mais perto do AT – ainda é justificada.

O site da CNBB comenta: A presença do Reino de Deus na nossa história não pode ser obscurecida pela presença do mal no mundo. As pessoas devem ser capazes de analisar toda a realidade a partir dos critérios do Reino para, à luz do Espírito Santo, ser capaz discernir o bem do mal e escolher o que contribui para que ela possa se aproximar cada vez mais de Deus. Mas esta distinção não dá ao cristão o direito de condenar os que erram, ao contrário, ele deve ser um instrumento nas mãos de Deus para que todos sejam capazes de fazer esta distinção e trilhar os caminhos do bem.

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