27 de maio de 2016 – 8ª semana 6ª feira

1ª Leitura: 1Pd 4,7-13

Nossa liturgia saltou mais de um cap. inteiro, omitindo a exortação sobre os deveres dos cristãos com as autoridades, a relação dos escravos e senhores, a vida conjugal e comunitária na hostilidade do mundo (2,14-4,6). Antes de terminar a carta (o fim da carta também será omitido na liturgia), o autor exorta mais uma vez referindo-se ao fim do mundo (1,7.13: “por ocasião da revelação de Jesus Cristo”; 1,20: “fim dos tempos”; 2,12: “no dia da sua visita/vinda”).

A Nova Bíblia Pastoral (p. 1491) comenta: Diante da expectativa do fim iminente dos tempos, o apelo é que se mantenha a serenidade; nada deve conduzir à passividade ou ansiedade. Fundamental é que se reforcem os laços comunitários; nem a expectativa da salvação próxima pode conduzir a uma postura religiosa individualista.

O fim de todas as coisas está próximo. Vivei com inteligência e vigiai, dados à oração. Sobretudo, cultivai o amor mútuo, com todo o ardor, porque o amor cobre uma multidão de pecados. Sede hospitaleiros uns com os outros, sem reclamações (vv. 7-9).

A proximidade da parusia (vinda de Cristo no fim dos tempos) é um estímulo para o cristão (1,5-7; 4,17; 5,10) cf. Mc 13,33-37p: “vigiai”; 1Cor 16,22 “Maranatha”; Tg 5,8: “paciência…”).

Já Ez 7 proclamou a proximidade do fim para Israel. Aqui é o fim do universo, “de todas as coisas”, momento do julgamento definitivo, de “prestar contas àquele que está pronto a julgar os vivos e o mortos” (v. 5). Sua proximidade impõe a prática das virtudes cristãs e do desempenho das tarefas especificas ou individuais a serviço da comunidade.

Entre as virtudes se destaca o “amor mútuo” (cf. Rm 13,8-12; 1Cor 13; Gl 5,14; Cl 3,14; Jo 13,34s; 15,12 etc.); citando Pr 10,12, segundo a versão grega, “o amor cobre uma multidão de pecados” (cf. Tg 5,20). O texto original do AT diz que quando alguém ama passa por cima das ofensas do outro. Aqui, Pedro dá a entender que no dia das contas a prática da caridade obterá o perdão dos pecados. A Tradução Ecumênica da Bíblia (p. 2389) comenta: Muitos Padres da Igreja viram aí uma palavra do Senhor (cf. Lc 7,47). Duas possibilidades: o amor tudo suporta (1Cor 13,7), ou, no sentido de uma promessa: Cristo usará de misericórdia para com os que tiveram sido misericordiosos (cf. Mt 5,7).

Depois da amor mútuo, destaca-se a hospitalidade (cf. Hb 13,1-2), virtude apreciada entre os pagãos, não menos que entre os judeus (cf. Gn 18,2s; 19,1s; Tb 5,4s; Jz 6,11-24; 13,3-23; Is 58,7; Sb 19,14-16; Mt 25,35; Rm 12,13), importante também no contexto em que vivem as comunidades a quem a carta se dirige (cf. 1,1; 2,11). Aqui pode se referir às reuniões cultuais (cf. v. 11) que se realizam nas casas particulares, ou ao acolhimento dos irmãos em viagem (cf. Hb 13,2).

Como bons administradores da multiforme graça de Deus, cada um coloque à disposição dos outros o dom que recebeu (v. 10).

Como Paulo, também Pedro afirma que todos os dons (lit.: “carisma”) estão a serviço da Igreja em sua unidade e totalidade (1Cor 12,1-11; cf. 1Cor 4,1-2: “administradores dos mistérios de Deus”).

Se alguém tem o dom de falar, proceda como com palavras de Deus. Se alguém tem o dom do serviço, exerça-o como capacidade proporcionada por Deus, a fim de que, em todas as coisas, Deus seja glorificado, em virtude de Jesus Cristo, a quem pertencem a glória e o poder, pelos séculos dos séculos. Amém (v. 11).

As tarefas são distribuídas entre os “dom de falar” e o “dom de servir” (cf. At 6,1-4; Rm 12). Na liturgia, é de Deus quem fala através de quem conduz a celebração.  São oráculos de Deus, enquanto frutos do carisma (cf. 2Sm 23,1-2). Podem ser os improvisos inspirados da profecia e da glossolalia (falar em línguas; cf. 1Cor 14,2-19; At 11,27s e At 2,4), como também as funções de ensino e de exortação (Rm 12,7s) ou mesmo a transmissão ou a defesa do evangelho.

No “dom de servir” subentendem-se as diversas formas da ajuda mútua (cf. Rm 12,7; At 6,2-4; 1Tm 3,8-13) e, em particular, o “serviço” litúrgico. A palavra diácono (servidor) pertence à mesma raiz do verbo grego empregado aqui. Pensa-se que este serviço se refere mais particularmente à ajuda em favor dos mais necessitados.

Termina a sua seção com uma doxologia (fórmula de louvor) que poderia ser o final da carta (cf. Rm 16,27). Esta doxologia é a única do NT que se dirige a Deus “por” (em virtude)” Jesus, e depois “ao” próprio Jesus.

Caríssimos, não estranheis o fogo da provação que alastra entre vós, como se alguma coisa de estranho vos estivesse acontecendo. Alegrai-vos por participar dos sofrimentos de Cristo, para que possais também exultar de alegria na revelação da sua glória (vv. 12-13).

“Caríssimos”, mesma interpelação de 2,11, que marca o ponto de partida de um novo desenvolvimento. Todo o trecho seguinte (vv. 12-19) é como um comentário da bem-aventurança dos perseguidos (Mt 5,11-12p.: cf. também At 5,41).  ´

A Bíblia do Peregrino (p. 2912) comenta: Não poucos comentaristas estranham aqui essa reviravolta. Como se os sofrimentos imerecidos e previstos das páginas precedentes se materializassem agora numa perseguição violenta, num “incêndio que começa”. Também se pode pensar que as indicações precedentes preparam a culminam nessa exposição final. Trata-se de uma provação (Tg 1,2). É um modo de partilhar os sofrimentos de Jesus Cristo (Cl 1,24; Fl 3,10), que conduzirá à partilha de sua alegria (Jo 15,11), inclusive de antemão (2Cor 7,4).

“O fogo da provação que alastra entre vós”; imagem que recorda a do ouro que deve ser purificado pelo fogo (1,7). Mas podemos levar em conta o autor, o lugar e o contexto histórico da carta: Em 64 (ou 67) d.C. houve um enorme incêndio em Roma. Boatos diziam que a causa o próprio Cesar mandou botar fogo porque queria espaço para suas construções megalomaníacas. Nero jogou culpa na seita dos cristãos e iniciou uma perseguição violenta dos cristãos de Roma. Uns foram queimados vivos como “iluminação pública”, outros jogados aos leões famintos do circo. Pedro foi crucificado, e Paulo decapitado. O próprio Pedro poderia se referido a esta perseguição como “fogo (incêndio) da provação”. Provavelmente o autor desta carta já era um discípulo de Pedro que queria manter vivo a tradição deste apóstolo.

“Participar dos sofrimentos”; o verbo empregado é muito forte: os cristãos não só imitam o exemplo de Cristo (2,21), mas também partilham dos seus sofrimentos. Aqueles que o batismo tornou praticantes dos sofrimentos de Cristo (2Cor 1,5.7; Fl 3,10) têm assegurada também a participação em sua gloria (1,11; 5,1; Rm 8,17; 2Cor 4,17; Fl 3,11).    

 

Evangelho: Mc 11,11-26

O evangelho de hoje narra os primeiros dias de Jesus em Jerusalém. Faz parte de um bloco de duas vertentes. A primeira, positiva, mostra Jesus poderoso em milagre (cura do cego em Jericó, evangelho de ontem) e aclamado (entrada em Jerusalém, cf. Domingo de Ramos). A segunda (evangelho de hoje), negativa, mostra-o rejeitando o uso que fazem do templo e repelindo o povo numa ação simbólica. Narrativamente as peças estão ligadas por indicações geográficas: Jericó, Jerusalém, Betânia, o Templo.

Com maestria, o evangelista inseriu a purificação do templo no meio da maldição da figueira, Esta técnica narrativa de inserir uma cena no meio de outra, os exegetas (peritos da Bíblia) chamam de “sanduíche”. Mc a usa também em 3,20-35; 5,21-43; 6,7-33; 11,11-21; 14,1-14.

(Tendo sido aclamado pela multidão,) Jesus entrou, no Templo, em Jerusalém, e observou tudo. Mas, como já era tarde, saiu para Betânia com os doze (v. 11).

Imediatamente Jesus faz a visita de inspeção ao templo. Devemos recordar que o cuidado do templo era competência do rei desde a sua construção (cf. 1Rs 6-8). Este pormenor prepara a cena da expulsão dos vendilhões do Templo no dia seguinte (vv. 15-119). Aqui se trata da observação do conjunto, com seus átrios, e não do edifício que constituía o coração do Templo, cujo acesso só era permitido aos sacerdotes (cf. 14,58; 15,29.38).

No dia seguinte, quando saíam de Betânia, Jesus teve fome. De longe, ele viu uma figueira coberta de folhas e foi até lá ver se encontrava algum fruto. Quando chegou perto, encontrou somente folhas, pois não era tempo de figos. Então Jesus disse à figueira: “Que ninguém mais coma de teus frutos.” E os discípulos escutaram o que ele disse (vv. 12-14).

Apesar da hospitalidade em Betânia (cf. 14,3), Jesus teve fome? Aqui se trata de uma ação simbólica cujo sentido se revela pela peça no meio do sanduíche, a ação no templo. Entre dois episódios situados no Templo, a figueira pode representar Israel, ou seja, o culto no próprio Templo, onde o Messias não encontra fruto algum (cf. Jr 8,13; Os 9.16-17; Jl 1,7; Mq 7,1). Portanto anuncia o fim de Israel como povo escolhido (cf. a parábola em 12,1-12) e o fim do templo (cf. cap. 13,1s) que aconteceu com a destruição de Jerusalém em 70 d.C.

O símbolo da figueira já tem no AT (Os 9,10; Mq 7,1ss; Jr 24,1-10; 29,17). “Não era tempo de figos”; este pormenor (omitido na narração de Mt) que deixa a Jesus parecer irracional, sublinha em Mc que o fato tem valor de sinal: Israel pode ter perdido o tempo propício (cf. os paralelos Lc 13,6-9 e Mc 13,28a.33; cf. 2Cor 6,2 citando Is 49,8). Para seus leitores gregos que não conhecem o AT, Lc substitui a maldição da figueira pela lamentação de Jesus sobre Jerusalém (Lc 19,41-44).

A Bíblia do Peregrino (p. 2427s) comenta: O que se segue é a primeira parte de uma ação simbólica, como faziam os antigos profetas em tempos críticos, sobretudo Jeremias e Ezequiel. A ação simbólica é uma espécie de parábola em forma de mímica. O gesto, embora desconcertante, pode ser fator expressivo. Portanto, não estranhemos se nos parece estranha a ação de Jesus. A figueira, como outras árvores, pode representar o povo escolhido (Jr 8,13; Os 9,10); os figos representam os judeus (Jr 24,1-8); agora a figueira representa o povo incrédulo, que tem folhagem de aparências e não dá fruto. A imagem dos frutos é convencional à força de repetição (Is 37,31; Ez 17,8-9.23). O texto não parece distinguir entre a estação das bêberas e dos figos (que o hebraico distingue com dois termos; “bêbera” é quase igual a “primogênita”); o mês de abril não é estação de figos, mas quando muito de bêberas (Ct 2,13).

O destino que Jesus dá a figueira ilustra a ação que ele está para realizar no Templo, no dia seguinte ao de sua chegada a Jerusalém.

Chegaram a Jerusalém. Jesus entrou no Templo e começou a expulsar os que vendiam e os que compravam no Templo. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos vendedores de pombas. Ele não deixava ninguém carregar nada através do Templo (vv. 15-16).

A Bíblia do Peregrino (p. 2428) comenta: Também a chamada “purificação” do tempo é uma ação simbólica de Jesus. Na esplanada do templo, no átrio acessível aos pagãos, montava-se para a Páscoa um verdadeiro mercado de animais para o sacrifício e bancas de câmbio para o imposto do templo (Ex 30,12-16); tudo era tolerado pelas autoridades. Esse é um dado realista. A intervenção de Jesus deve ter sido limitada quanto à extensão; um gesto, mais que uma operação sistemática. Três detalhes representam a totalidade: pombas (oferta da população pobre), cambistas, o átrio como caminho para o transporte de mercadorias.

A compra e venda acontecia no átrio dos pagãos. O gesto de Jesus cumpre o oráculo de consagração em Zc 14,21: “Não haverá mais vendedor na casa do Senhor todo-poderoso naquele dia.” Decerto, o átrio dos pagãos servia de atalho entre a cidade e o monte de Oliveiras; passava-se por ele sem dar atenção à perturbação daí resultante. ”Ele não deixava ninguém carregar nada”, lit. “ele não deixava ninguém atravessar o Templo transportando um objeto”.

E ensinava o povo, dizendo: “Não está escrito: “Minha casa será chamada casa de oração para todos os povos”? No entanto, vós fizestes dela uma toca de ladrões” (v. 17).

Jesus começa ensinar no templo (cf. v. 18; 12,14.35.38). Depois da ação simbólica, pronuncia as palavras que explicam e ampliam o alcance do gesto profético. São uma citação combinada de Is 56,7 e Jr 7,11. Só Mc cita as últimas palavras de Is 56,7: “para todos os povos” que anunciam a extensão universal do culto messiânico. Destarte, a purificação do Templo adquire um alcance universal: o átrio dos pagãos é tão santo quanto o de Israel. No seu capítulo 7, o profeta Jeremias proclama a inutilidade para os judeus de virem adorar no Templo, se o seu modo de vida não se conforma com a justiça e o respeito à lei.

A Bíblia do Peregrino (p. 2428) comenta as duas citações: Comecemos pela segunda: Jeremias denuncia o abuso do templo por parte dos judeus, que o convertem em refúgio para continuar pecando impunemente (como fazem os bandidos em seus covis); a citação aumenta a gravidade do abuso. A primeira se encontra no começo da terceira parte de Isaías: é uma profecia para o futuro, com abolição de uma lei precedente. Duas coisas são essenciais no versículo: a função do templo, casa de Deus, casa de oração, e a abertura aos pagãos. A citação ultrapassa a situação imediata e projeta a visão para o futuro, para o novo templo, casa de Deus, aberto a todos.

Os sumos sacerdotes e os mestres da Lei ouviram isso e começaram a procurar uma maneira de o matar. Mas tinham medo de Jesus, porque a multidão estava maravilhada com o ensinamento dele. Ao entardecer, Jesus e os discípulos saíram da cidade (vv. 18-19).

Os leitores de Marcos captam o alcance. De algum modo também as autoridades judaicas, que querem eliminar Jesus pelo que fez e disse: “ouviram isso”. A ação de Jesus, como Marcos apresenta, não era tal violenta: não havia resistência. Não tem alcance político: não alarmou os romanos, nem é citada no processo (cf. 14,55-59)!

“Os sumos sacerdotes” são membros das grandes famílias sacerdotais, entre as quais era escolhido o Sumo Sacerdote. O gesto de Jesus não foi (apenas) uma purificação, mas expressou um julgamento de justiça aos que aí acorriam para cultuar a Javé. Jesus recorreu a Jeremias (7,11) para denunciar qualquer tipo de apoio religioso à violência e à corrupção. Não é à toa que as principais autoridades religiosas, articuladas com o poder romano, querem a morte de Jesus.

“Ao entardecer, Jesus e os discípulos saíram da cidade”; outra tradução: Quando sobrevinha a noite, Jesus e seus discípulos saíam da cidade. Não se trataria mais de um fato isolado, mas de um costume (cf. vv. 11.19.27; 13,1; 14,3; 14,26).

Na manhã seguinte, quando passavam, Jesus e os discípulos viram que a figueira tinha secado até a raiz. Pedro lembrou-se e disse a Jesus: “Olha, Mestre: a figueira que amaldiçoaste secou” (vv. 20-21).

Este é o único milagre de castigo nos evangelhos, mas existe um nos At 5,9-11 e muitos na tradição dos rabinos. A eficiência da palavra de Jesus (a maldição de v. 14 se cumpriu logo), ilustra, segundo Mc, o poder da fé e da oração (vv. 20-25).

Jesus lhes disse: “Tende fé em Deus. Em verdade vos digo, se alguém disser a esta montanha: ‘Levanta-te e atira-te no mar’, e não duvidar no seu coração, mas acreditar que isso vai acontecer, assim acontecerá. Por isso vos digo, tudo o que pedirdes na oração, acreditai que já o recebestes, e assim será (vv. 22-24).

A Nova Bíblia Pastoral (p.1240) comenta: A figueira secou, expressando o alcance da ação de Jesus no Templo. A comunidade que se forma a partir das palavras e ação de Jesus pode, então, colocar de lado a montanha (onde o Templo estava construído) e começar novo caminho, baseado na efetiva confiança em Deus e na vivencia do perdão.

A Bíblia do Peregrino (p. 2428) comenta: Um dia Jeremias esmigalhou um jarro de louça e explicou aos presentes que dessa forma o Senhor quebraria o povo e a cidade, “como se quebra uma vasilha de louça e não é possível recompô-la” (Jr 18,1-2.10-11). Aquilo que o profeta fez com as mãos, Jesus o faz com a palavra: amaldiçoa e deixa estéril a árvore simbólica. O resultado, a figueira seca, completa a ação simbólica, a maldição: entre as maldições de Dt 28 e Lv 26, várias se referem a árvores frutíferas. Para a comunidade cristã o sentido é claro. Para a instrução imediata dos discípulos, Jesus toma um dado particular e dá a seu comentário uma direção inesperada. Não fala da rejeição dos incrédulos (Sl 37,22), mas da oração dos fiéis. Com isso prolonga uma frase pronunciada antes no templo, “casa de oração”.

Como deve ser a oração? Tendo em Deus uma fé que confia em seu poder e quer escutar, “que peça confiante e sem duvidar” (Tg 1,6). O exemplo é uma hipérbole expressiva, talvez proverbial (cita-o 1Cor 13,2).

Enquanto Mt valoriza o poder do crente (17,20; 21,21; cf. Lc 17,6), a fórmula de Mc evoca o de Deus em resposta à fé (cf. 5,36; 9,23; 10,27; 11,24). O v. 24 é chave para a teologia da prosperidade (cf. o artigo de Luiz Alexandre Solano Rossi: A Bíblia reinterpretada pela teologia da prosperidade, Revista Vida Pastoral, nº. 303, maio-junho de 2015, p. 17-24).

Quando estiverdes rezando, perdoai tudo o que tiverdes contra alguém, para que vosso Pai que está nos céus também perdoe os vossos pecados” (v. 25).

Falando de oração, por associação, é atraído o tema do perdão no Pai-Nosso (que Marcos não cita, cf. 14,36). Alguns manuscritos acrescentaram o v. 26: “Porém, se não perdoardes, também o vosso Pai, que está nos céus, não vos perdoará as vossas ofensas” (influência de Mt 6,15). A instrução de Jesus a seus discípulos encerra-se com a referência ao “Pai do céu”.

O site da CNBB comenta: O Evangelho de hoje nos leva a questionar se a Igreja é para nós o local privilegiado para o encontro com Deus e o crescimento da fé ou é o local de práticas que têm por finalidade a nossa promoção pessoal, o lucro, a competição e a concorrência entre as pessoas, o desenvolvimento de sentimentos como ciúmes, rancor, raiva, ira, inveja, etc. A Igreja deve ser o local onde se cria comunhão entre nós e o próprio Deus e entre nós mesmos, como irmãos e irmãs. Tudo o que diverge disso não corresponde ao plano de Deus e faz com que a nossa presença na Igreja seja ocasião de pecado.

 

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