27 de novembro de 2016 – Advento, 1º Domingo Ano A

“Advento” quer dizer “vinda”. Estamo-nos preparando para comemorar a vinda de Jesus no Natal, 2000 anos atrás, mas o 1º Domingo do Advento, com que inicia o ano litúrgico, nos convida a olhar para o futuro, “ficar atentos e preparados” para a segunda vinda de Jesus (parusia) nas nuvens “nos últimos tempos”.

 

1ª Leitura: Is 2,1-5

O profeta Isaías atuava entre 740 e 700 a.C. em Jerusalém (capital do reino do sul, Judá). Na sua primeira fase criticou a prática de um culto religioso sem justiça social (cap. 2-5), depois acompanhou a política durante a guerra siro-efraimita e as insurreições contra a dominação do Império Assíria. Is anunciou o nascimento de um menino salvador na casa de Davi (7,14; 9,1-5; 11,1-6) e um futuro messiânico e escatológico (“nos últimos tempos”, v. 2). A leitura de hoje contém a visão escatológica do Antigo Testamento (AT); os povos estrangeiros convertidos para Javé, a peregrinação ao Templo de Jerusalém, centro do universo; a paz entre as nações (cf. 56,6-8; 60,11-14; Zc 8,1-23; 9,10; Sl 46,9s; 76,4).

O texto de hoje parece fora do contexto, deve ser uma inserção posterior no tempo pós-exílio (cf. a romaria dos povos em cap. 60 e as promessas de Zc 8 para reconstrução do templo). Os vv. 2-4 se reencontram (com algumas variantes e um acréscimo) em Mq 4,1-3, o que indica uma fonte comum, na qual se teriam inspirado os redatores (posteriores) dos dois livros.

Visão de Isaías, Filho de Amós, sobre Judá e Jerusalém (v. 1)

Um novo título introduz a pequena coleção de oráculos dos caps. 2-5 ou o conjunto formado pelos caps. 2-12 (cf. 1,1; 6,1; 13,1). O nome Isaías (hebraico Yeshaiáhu) significa “o Senhor (Yhwh-Javé) salva” ou “salvação do Senhor”. Ele é “filho de Amós”, ou de um Amós desconhecido ou no sentido metafórico, entende-se como discípulo e herdeiro da profecia de Amós no reino do Norte (Samaria) por volta de 750 a.C.; a crítica social de Is é parecida à do vaqueiro Amós (Am 7,14), mas seu estilo é mais litúrgico (cf. Is 6) e messiânico.

Acontecerá, nos últimos tempos, que o monte da casa do Senhor estará firmemente estabelecido no ponto mais alto das montanhas e dominará as colinas (v. 2a)

O monte onde foi construído o templo e a cidade de Jerusalém é o “monte de Sião” (cf. v. 3b). Não é tão alto, sua altura é de 743m acima do nível do mar (o monte das oliveiras já tem 827m); na verdade, o monte “mais alto” da terra é o monte Everest com 8848m (na divisa do Nepal com a China). Mas é a presença do Senhor que faz com que o monte Sião seja culminante e torne-se o centro do mundo.

A ele acorrerão todas as nações, para lá irão numerosos povos e dirão: “Vamos subir ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que ele nos mostre seus caminhos e nos ensine a cumprir seus preceitos” (vv. 3a-4).

O profeta tem em vista a peregrinação ou subidas regulares por ocasião das grandes festas em Jerusalém (cf. Dt 16,16; Sl 122,4). No futuro, todas as nações participarão delas (Is 60,3; 66,20; Zc 8,20-22; 14,16-17). Muitas vezes na história, as “nações”, ou seja, os povos pagãos, vinham para atravessar, guerrear ou saquear o pequeno país de Israel/Judá. Nesta visão de Is, virão para fins pacíficos, para aprender e adorar (cf. 45,14).

A expressão “Deus de Jacó” não se encontra em outro lugar em Is, mas é frequente nos salmos (Sl 46,8; 75,10; 76,7; 84,9). Jacó era o neto de Abraão e recebeu o apelido de “Israel” (Gn 32,29; 35,10); teve doze filhos de quem descendem as doze tribos de Israel. “Deus de Jacó”, portanto, equivale a “Deus de Israel”.

Porque de Sião provém a lei e de Jerusalém, a palavra do Senhor. Ele há de julgar as nações e arguir numerosos povos (vv. 3b-4a)

Observa-se o paralelismo: “de Sião… a lei” e “de Jerusalém, a palavra”. A palavra de Deus é denominada “lei” (lit. instrução; hebraico: torá); como em 1,10; 5,24; 8,16; 25,4; 30,9; 42,4, uma diretriz que não basta conhecer, mas que é preciso viver no concreto da existência. Na origem, esta palavra se aplicava a cada uma das instruções dadas no santuário, ao mesmo tempo doutrina e decisão, ensinamento e preceito, em conformidade com o decálogo (dez mandamentos) e ligadas aos oráculos no culto. Para o judaísmo, a Torá designa a “Lei de Moisés”, denominada em grego Pentateuco (cinco rolos, ou seja, os primeiros cinco livros da Bíblia)

A função judicial de Deus será também a do rei messiânico (11,3s; 16,5). Aqui, ela ultrapassa de longe os limites do reino de Israel. Lógico que haverá de julgar segundo a lei e não arbitrariamente.

Estes transformarão suas espadas em arados e suas lanças em foices: não pegarão em armas uns contra os outros e não travarão combate (v. 4b)

Como a lei aplicada (julgamento) traz justiça e “o fruto da justiça será a paz” (32,17), os instrumentos de guerra transformam-se em ferramentas de progresso pacífico. A palavra (instrução, lei) substitui a guerra, a educação diminui a violência (cf. 11,2-9; leitura de amanhã). A Tradução Ecumênica da Bíblia (p. 602) comenta: O fim das guerras faz parte da maioria das representações escatológicas, onde é o próprio Senhor quem quebra as armas de guerra: Os 2,20; Zc 9,10; Sl 46,10; aqui, as nações se encarregam disso, de comum acordo depois de receberem a instrução divina. Em Jl 4,10, a profecia de Is e de Mq é convertida no seu contrário. Esta visão da paz… está provavelmente em relação com o próprio nome de Jerusalém, “cidade de paz”.

Vinde todos da casa de Jacó, e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor (v. 5)

A “casa de Jacó” é o povo de Israel (cf. v. 3). O monte é como um farol luminoso, que ilumina e orienta o mundo todo, como Jerusalém para a romaria dos povos em 60,1-3 (cf. a romaria dos magos seguindo a estrela em Mt 2,1-12). A “luz” é símbolo de salvação, sobretudo quando é a de Deus (cf. 10,17; 60,1). A instrução (lei) é igualmente comparada à luz em Sl 119,105; Pr 6,23.

A Bíblia do Peregrino (p. 1691) comenta o monte Sião e a peregrinação, lembrando o contrário em Gn 11 (torre de Babel): Um movimento de peregrinação festiva (Dt 16; Sl 122), se transforma em visão profética do futuro. O espaço projeta-se no tempo, a distância se torna futuro remoto. O monte torna-se centro de duplo movimento: centrífugo de irradiação, de lei e palavra, centrípeto de afluência universal. O monte faz com que o acesso seja subida, e se fundem convergência, progresso e ascensão em movimento único e universal, encabeçado pela “casa de Jacó”. Todo o episódio de Babel fica anulado: Diante da torre soberba, está o monte da presença de Deus, diante da confusão de línguas, está uma “palavra” que todos compreendem; diante da dispersão, a reunião. A profecia se cumpre em Pentecostes.

Esta visão bem no início de Is dá o tom para muitas outras: perto do final do livro, em cap. 60, ouvimos de uma luz que resplandece sobre a cidade e atrai os povos e Jerusalém torna-se uma casa de oração pra todos os povos (56,7). No meio do livro temos uma visão de um banquete para todos os povos e do fim das lagrimas e da morte (25,6-8). Em 19,23-25 ouvimos de uma estrada que reconcilia os antigos inimigos Egito e Assíria com Israel e todos os três serão abençoados por Deus. Em 9,1-6 se fala de uma luz, que desponta sobre guerras e trevas, e de um menino que será o príncipe da paz sem fim.

Também para a Igreja, a visão inicial continua um desafio e um convite. A Igreja é “católica”, ou seja, é para todos os povos, deve atrair todas as pessoas para a palavra e presença de Deus e ser uma comunidade acolhedora e oficina de paz.

 

2ª Leitura: Rm 13,11-14a

Depois da parte doutrinal (caps. 1-11) da carta mais longa de Paulo, o apóstolo passou para exortação da vida cotidiana da comunidade (caps. 12-13). Falou da humildade e caridade, do amor para com todos os homens, mesmo para com os inimigos, da submissão necessária às autoridade civis e resumiu toda lei no amor ao próximo. Conclui sua exortação sobre a conduta cristã com uma recomendação que podemos chamar escatológica (sobre as últimas coisas: volta de Cristo, juízo final, …).

Vós sabeis em que tempo estamos, pois já é hora de despertar. Com efeito, agora a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé (v. 11).

Para Paulo, o tempo presente é breve e cheio de angústias, pois a figura deste mundo passa e espera-se a salvação como em dores de parto (8,18-22; 1Cor 7,26-31). “Despertar” (e levantar-se) alude à ressurreição (cf. Ef 5,14). Nas suas cartas consideradas autênticas, Paulo espera por uma vinda de Cristo (parusia) em breve, ainda em vida (1Cor 15,51s; 1Ts 4,15-18). Num tempo posterior, discípulos dele precisam corrigir esta expectativa imediata da parusia (2Ts 2,1s; cf. 2Pd 3).

A Bíblia de Jerusalém (p. 2141) comenta: Esta consideração é um dos fundamentos da moral paulina. O “tempo” (kairós), parece designar a era “escatológica”, aquela que a Bíblia dominava “os últimos dias”, inaugurada pela morte e ressurreição de Cristo e coextensiva ao tempo da Igreja peregrinante, ao tempo da salvação (2Cor 6,2; cf. At 1,7); ela se opõe ao período precedente mais por uma diferença de natureza do que por uma simples sucessão temporal. O cristão, desde agora “filho da luz”, liberto do mundo mau (Gl 1,4) e do império das trevas, toma parte no reino de Deus e do seu Filho (Cl 1,13); ele já é cidadão dos céus (Fl 3,20). Esta “situação” nova dirige toda a moral (cf. 6,3).

A noite já vai adiantada, o dia vem chegando: despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz. Procedamos honestamente, como em pleno dia: nada de glutonerias e bebedeiras, nem de orgias sexuais e imoralidades, nem de brigas e rivalidades. Pelo contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo (vv. 12-14a).

A Bíblia do Peregrino (p. 2730) comenta: A conduta cristã não é mera consequência da fé, mas também dinamismo rumo a consumação. Costuma-se chamar a parusia “dia do Senhor”. Pois bem esse dia desponta: é hora de despertar, de despojar-se de hábitos noturnos e vestir-se para o dia e a luz (Is 52,1), ou para uma batalha iminente. Veste a armadura será o próprio Jesus Cristo Senhor. A imagem se quebra, indicando o inexprimível.

“Despojemo-nos (variação: “rejeitemos”) das ações das trevas. “Vestir-se de Cristo” lembra o batismo (Gl 3,27; Ef 4,24), as “armas da luz”, cf. a “armadura de Deus” em 1Ts 5,8 e Ef 6,11-17. No AT, Deus se arma contra seus inimigos (Is 11,4s; 59,17; Sb 5,17-23). Os ímpios são os que dormem nas trevas do pecado, enquanto os cristãos são sóbrios e vigilantes, não devem participar das orgias romanas durante a noite nem de brigas e rivalidades (cf. 1,26-32; 1Cor 1,10-13; 3,3s; 5,1.9-13; 6,12-20).

A Nova Bíblia Pastoral (p. 1383) comenta: A vida nova em Cristo é como o alvorecer. Essa manhã radiosa que se aproxima convida a despertar, a libertar-se da noite do pecado e da injustiça, para revestir-se das armas da luz. É uma chamada para o dia radiante que desponta, inaugurado pela ressurreição de Jesus Cristo. Estes versículos são como uma janela aberta para vislumbrar o momento da salvação definitiva (1Ts 5,4-8).

Evangelho: Mt 24,37-44

Com o primeiro domingo do Advento começa o ano litúrgico A, ou seja, os evangelhos deste ano A são, quase sempre, de Mt, o primeiro evangelho na ordem do Novo Testamento, atribuído tradicionalmente ao apóstolo Mateus.

Uma análise mais moderna coloca em cheque esta atribuição porque demostra que ele não foi o primeiro que escreveu um evangelho (boa nova sobre a vida de Jesus), mas copiou o texto do evangelho de Marcos (cerca de 70 d.C.) e o mesclou com outras fontes; cf. a análise no comentário do evangelho de Mt 9,9-13 (vocação de Mateus) no Tempo Comum 13ª Semana 6ª feira e no dia do santo (21 de setembro). O que se pode afirmar com certeza é que escreveu para judeu-cristãos, talvez na Síria (Antioquia), por volta de 80 d.C. Como se refere muito ao AT citando os profetas, sua posição na ordem da Bíblia se justifica.

O evangelho de hoje é tirado do discurso escatológico (sobre o fim) de Jesus que se estende por dois caps. 24-25. Mt copiou quase toda primeira parte (24,1-36) de Mc 13, e a segunda parte pega da outra fonte Q (comum com Lc) e acrescentando depois parábolas da fonte Q (vv. 45-51; 25,14-30) ou de fonte ou autoria própria (25,1-13; 25,31-46).

Mc escreveu no meio da guerra judaica (66 a 73 d.C.), e a destruição de Jerusalém (em 70 d.C.), anunciada por Jesus, já é fato consumado, passado. Para os judeus, a destruição de Jerusalém e do templo parecia o início do fim do mundo, e para os cristãos da primeira geração a volta de Jesus era iminente (cf. 2ª leitura). O gênero apocalíptico apresentou o Filho do Homem vinda nas nuvens (Dn 7,13s; cf. Mc 13,24-27; Mt 24,29-31) e fazia cálculos sobre o fim (Dn 7,25; 9,24-27).

A Nova Bíblia Pastoral (p. 1244) comenta: A comunidade não deve ficar fazendo cálculos sobre o tempo em que se darão esses eventos que foram anunciados. O que importa é que a esperança depositada no Filho do Homem não leve a comunidade a nenhuma atitude que conduza ao afastamento dos seus compromissos. Daí o apelo à vigilância…

A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé. Pois nos dias, antes do dilúvio, todos comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E eles nada perceberam até que veio o dilúvio e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem (vv. 37-39).

Esta parte Mt tem em comum com Lc 17,26s.30. É um exemplo bíblico (Gn 6-7) que alerta para a necessidade da vigilância permanente. A “vinda” (Lc 17,16.30: “dia”) do Filho do Homem com sinais cósmicos já foi descrito nos vv. 26-31.

Em textos judaicos, a geração antes de dilúvio foi descrita como perversíssima. Em Mt e Lc, faz as coisas mais normais: comer, beber e casar-se. O texto quer alertar a comunidade sobre o despreparo.

Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será deixado. Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e a outra será deixada (vv. 40-41)

Mt toma dois exemplos da vida cotidiana, do trabalho masculino e feminino (em Lc 17,34, também dormem) e não se diz a razão da separação, o por quê um é levado e outro não. Imagina-se a separação feita por anjos (cf. v. 31).

Esta parte, Mt tem em comum com Lc 17,31-35 (fonte Q). No mesmo discurso Mt 24,17-19 segue Mc 13,15-17 que descreve a fuga da guerra judaica como acontecimento do fim do mundo. Para Mt, a guerra já passou, mas a alerta continua atual.

Portanto, ficai atentos! Porque não sabeis em que dia virá o Senhor (v. 42).

“Ficai atentos”, lit. vigiai; o verbo aparece aqui pela primeira vez em Mt, mas não significa perder os sono, sim estar preparados (cf. 25,1-13; Mc 13,33.35). O Dia do Senhor pode ser “aquele dia” (24,36; 26,29).

A Bíblia de Jerusalém (p. 1885) comenta: Vigilância, que propriamente significa “abstenção do sono”, é a atitude que Jesus recomenda aos que esperam sua vinda (25,13; Mc 13,33-37; Lc 12,35-40; 21,34-36). A Vigilância nesse estado de alerta supõe uma esperança firme e requer uma presença de espírito sem desvanecimentos, que toma o nome de “sobriedade” (1Ts 5,6-8; 1Pd 5,8; cf. 1Pd 1,13; 4,7).

“Em que dia” (a tradução latina Vulgata tem: a que hora) “virá o vosso (‘vosso’ foi omitido por nossa liturgia) Senhor”. Ao transformar o “senhor (dono) da casa” (v. 43; Mc 13,35) em “vosso Senhor”, Mt alegoriza a parábola original. Além do sentido escatológico, temos a importância da vigilância antes da paixão de Cristo (no jardim Getsêmani; 26,36-46).

Compreendei bem isso: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. Por isso, também vós ficai preparados! Porque na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá (vv. 43-44).

A comparação do Dia/Vinda do Senhor com a surpresa com que age o ladrão é tradicional (Lc 12,39s; 1Ts 5,2; Ap 3,3). O ladrão arromba a casa, cavando um buraco na casa de taipa ou por baixo da parede para penetrar na casa (cf. 6,19; Jó 24,16).

A Bíblia do Peregrina (p. 2377) comenta nossa leitura no contexto: Os exemplos ilustram a incerteza: quando? A quem caberá? No tempo de Noé (Gn 6,9-12), a vida continuava quando sobreveio a catástrofe; assim são as catástrofes naturais. Outras desgraças chegam em plena vida e atividade sem razões. Enquanto o homem dorme, o ladrão vigia (cf. Jó 24,15-16; 27,20). A incerteza é a única certeza. Portanto, uma só conclusão: em lugar de curiosidade, vigilância (cf. 1Ts 5,2; 2Pd 3,10; Ap 3,3; 16,15). Ilustra-o a seguir com três parábolas: o servo fiel, as dez moças, os três administradores.

Nós vivemos 2000 anos depois. O que estes textos sobre a vinda de Jesus nos podem dizer ainda? A comunidade de Mt, que pertence à segunda geração dos cristãos, já se mostrou cansada em esperar pela vinda do Senhor (cf. 2Pd 3)? Aconteceu a destruição de Jerusalém com Jesus tinha predito, mas a volta dele parecia demorar. Mt não diz que chega logo, mas salienta que chega de surpresa, reforçando a importância de vigiar, ser sóbrios e estar sempre preparados.

Como vivemos 2000 anos depois, muitos interpretam o texto referindo-se à morte individual que pode chegar imprevista. Mas nossa fé católica insiste na volta de Cristo (Credo), ou seja, que a história do mundo tem uma meta que deve ser levado em conta. “Para Deus mil anos são como um dia” lembra 2Pd 3,8 (= Sl 90,4).

Como no tempo de Noé estamos em perigo de sentirmos nos confortáveis como todo avanço tecnológico, mas a crise nuclear de Cuba na Guerra Fria (1961) e as crises ecológicas (Tschernobyl, Fukishima, aquecimento global etc.) nos mostram que o fim pode chegar de repente para todos nós. É necessário ficar atento e vigiar!

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