28 de Outubro de 2018, Domingo: Jesus disse: “Vai, a tua fé te curou”. No mesmo instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho (v. 52)

1ª Leitura: Jr 31,7-9

A 1ª leitura foi escolhida em vista do cego no evangelho de hoje. Ele suplicou e Jesus não o rejeitou, mas recebeu e atendeu seu pedido, como na leitura diz: “Os cegos e aleijados…, suplicantes, eu os receberei” (cf. vv. 8-9).

Em Jr 30-33, os textos são dedicados ao tema da restauração de Israel e Judá. O trecho de 30,1-31,22 é uma colação poética e pertence provavelmente à escola deuteronomista. A Nova Bíblia Pastoral (p. 991) comenta: As primeiras poesias foram colecionadas e elaboradas durante a reforma de Josias (2Rs 22-23) para exaltar a volta dos exilados de Israel do Norte e sua reunificação com Judá em torno de Sião (31,5-6.15.18.20) … O anúncio de retorno e de restauração foi em seguida estendido e ampliado aos exilados na Babilônia (30,3-4.8-9.17; 31,1 etc.).

Isto diz o Senhor: “Exultai de alegria por Jacó, aclamai a primeira das nações; tocai, cantai e dizei: ‘Salva, Senhor, teu povo, o resto de Israel’ (v. 7).

O destinatário pode ser o reino do Sul, Judá: o irmão que ficou em casa deve alegrar-se com a volta do irmão pródigo (o reino do Norte, “Israel”) que acabou na invasão dos assírios em 722 a.C.), mas unificado o “resto” continua sendo a “cabeça”, primeira das nações (Dt 28,13), “povo” do Senhor.

O texto hebraico tem: “Salva, Senhor, teu povo”; o texto grego tem: “salvou seu”. O grito por socorro (cf. 2Sm 14,4 dirigido ao rei), libertação e salvação (cf. Sl 118,25) tornou-se uma aclamação: Hosana. Assim Jesus foi aclamado rei-messias na sua entrada de Jerusalém (Mc 11,9-10p). O evangelho de hoje é o último episódio antes dessa entrada.

Eis que eu os trarei do país do Norte e os reunirei desde as extremidades da terra; entre eles há cegos e aleijados, mulheres grávidas e parturientes: são uma grande multidão os que retornam (v. 8).

Este v. pode ser um acréscimo que amplia o horizonte, ou seja, aos exilados judeus na Babilônia (“país do Norte… desde as extremidades da terra”) em época posterior, mas respeitando o tema, a imagem e o esquema do êxodo. “Cegos e aleijados” desfilam também em Is 35,5s; simbolicamente pode designar o desânimo dos exilados: estão presos no país estrangeiro, paralisados por medo ou inércia, e não veem perspectiva no futuro.

“Mulheres grávidas e parturientes” simbolizam dor e fecundidade: uma gravidez dificulta o caminhar, mas é penhor do futuro (cf. o nascimento de Jesus em Lc 2); um parto angustia com sua dor, mas liberta redobrando alegria.

Eles chegarão entre lágrimas e eu os receberei entre preces (v. 9a).

A Bíblia de Jerusalém (p. 1534) comenta: Texto surpreendente. Poderíamos cair na tentação de corrigi-lo, como fez o grego para ler “partiram em lágrimas, e na consolação os trago de volta” (cf. Sl 126,5-6), mas seria, sem dúvida, uma correção fácil. Pode-se inferir que no caso seriam lágrimas de arrependimento.

A Tradução Ecumênica da Bíblia (p. 765) traduz “Chegam em lágrimas, suplicando: Tem pena” e eu os conduzo” e comenta: Eles gritam “Tem pena!” porque se desviaram, cf. 3,21. Mas o Senhor os conduz para o caminho certo, rumo a um lugar seguro.

Eu os conduzirei por torrentes d’água, por um caminho reto onde não tropeçarão, pois tornei-me um pai para Israel, e Efraim é o meu primogênito” (v. 9b).

A Bíblia do Peregrino (p. 1924) comenta: Passamos à imagem paterna: Ex 4,23; Dt 8,5. “Primogênito”: parece aludir à história de Manassés e Efraim, segundo Gn 48,8-20: o mais novo anteposto ao mais velho.

 

2ª Leitura: Hb 5,1-6

Na segunda secção (4,15-5,10) sobre o sumo sacerdote Jesus (cf. 2,17; 3,1; 4,14), o autor anônimo desta carta (ou “exortação”, 13,22) escreve sobre o sacerdócio não só a respeito da união com Deus, mas da solidariedade com os seres humanos. Para mostrar esta segunda parte, ele apresenta uma definição de “todo sumo sacerdote” (vv. 1-4), aplicando-a em seguida a Cristo (vv. 5-10).

Hb é o único escrito no NT que declara Jesus sumo sacerdote. Na época, ninguém levava a ideia de Jesus como sacerdote. Ele não pertencia à classe dos sacerdotes (o sacerdócio do AT era hereditário), era operário e depois visto como profeta e mestre (cf. Mc 4,38; 6,15; 8,27-29). Nas suas palavras e ações rejeitava as preocupações com a pureza ritual (Mc 15-17p; 7,1-23) e recusou-se a dar valor absoluto ao repouso sagrado no dia de sábado (Mt 12,1-13; Jo 5,16-18; 9,16; cf. Mt 9,13; 12,7). Nem o fato de Jesus sacrificar a própria vida foi considerada sacerdotal, porque não aconteceu num lugar santo; foi o contrário, a execução de um condenado pelo sumo sacerdote em oficio, Caifás, chefe do sinédrio em Jerusalém (Lc 3,2; Mc 14,60s; Jo 18,13.24). A morte na cruz foi vista como maldição (cf. Dt 21,23; Gl 3,13), ao contrário da bênção que se atribuía ao cumprimento de um sacrifício ritual.

Todo sumo sacerdote é tirado do meio dos homens e instituído em favor dos homens nas coisas que se referem a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e no erro, porque ele mesmo está cercado de fraqueza. Por isso, deve oferecer sacrifícios tanto pelos pecados do povo, quanto pelos seus próprios (vv. 1-3).

Para demonstrar Jesus como sumo sacerdote, o autor de Hb se restringe aos elementos essenciais do antigo sacerdócio; nada sobre o ritual da consagração de sumo sacerdote (banho, unção, vestes sagradas, imolação de animais, cf. Ex 29; Lv 8), apenas a expressão mais vaga possível: “Todo sumo sacerdote … é constituído” (v. 1; cf. 8,2).

Não se trata de uma definição completa de sumo sacerdote; deixa de lado o aspecto da autoridade que foi colocado em 3,1-6. Aqui insiste unicamente no aspecto da solidariedade. “Todo sumo sacerdote é tirado do meio dos homens e instituído em favor dos homens nas coisas que se referem a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados” (v. 1). Todo sacerdote é intermediário entre Deus e os homens e atua através de rituais de celebrações e sacrifícios (diferente de um profeta que fica com a palavra); ele recebe as oferendas do povo, preside o sacrifício e devolve a bênção de Deus (cf. Nm 6,22-27). O sumo sacerdote não pode ser um anjo, mas pertence a mesma raça humana, com suas fraquezas e seus pecados. Como ser humano, o sumo sacerdote entende a fraqueza do povo e “deve oferecer sacrifícios tanto pelos pecados do povo quanto pelos seus próprios” (v. 3; cf. Lv 9,7s; 16,6.11).

No Antigo Testamento (AT) se preocupava muito mais em marcar as separações para assegurar melhor a relação entre o sumo sacerdote e Deus (cf. Dt 32,9). Exigia-se a severidade contra os pecadores, a recusa de qualquer comprometimento com eles (cf. o zelo violento dos levitas em Ex 32,25-29 e de Fineias em Nm 25,6-13). Longe estava a ideia de indicar a humildade como caminho para o sacerdócio, pelo contrário, celebrava-se a extraordinária dignidade do eleito de Deus (Eclo 45,6-13; 50,5-11). Para chegar a isso, muitos ambiciosos não recuaram diante de nenhum meio (cf. 2Mc 4). Mas era implícito que o sumo sacerdote também era pecador (Ex 32,1-4; cf. em Nm 12, só Míriam foi castigado, mas Aarão não, embora tivesse o mesmo pecado).

Ninguém deve atribuir-se esta honra, senão o que foi chamado por Deus, como Aarão (v. 4).

Para ser sacerdote é mister um chamado de Deus. Aarão, o irmão de Moises, é o modelo do sumo sacerdócio, ele foi “chamado por Deus” e consagrado por Moises (Ex 40,12-15).

Ninguém se torna sumo sacerdote por si mesmo, elevando se orgulhosamente acima dos outros homens…; ao contrário, o acesso ao sacerdócio exige uma humildade perante Deus, atitude da qual o sacerdote permanece unidos aos outros homens… Uma análise mais atenta dos textos bíblicos permitia discernir que a solidariedade com os homens era uma exigência para o exercício do sacerdócio e que o próprio Deus havia barrado o caminho aos orgulhosos (Nm 16-17). O autor de Hebreus releu os textos antigos à luz da Paixão de Cristo, descobrindo esses aspectos (Vanhoye, p. 62.65).

Deste modo, também Cristo não se atribuiu a si mesmo a honra de ser sumo sacerdote, mas foi aquele que lhe disse: “Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei”. Como diz em outra passagem: “Tu és sacerdote para sempre, na ordem de Melquisedec” (vv. 5-6).

Neste último ponto de humildade (v. 4), Cristo se mostrou solidário com os homens, “não se atribuiu a si mesmo a honra” (lit.: não se glorificou a si mesmo) de ser sumo sacerdote, foi Deus, seu Pai que constituiu, como testemunha a Escritura através de dois Salmos: “foi aquele que lhe disse: ‘Tu és meu Filho, eu hoje te gerei’” (v. 5; cf. 1,5; Sl 2,7). Este Salmo 2 pertencia a liturgia da posse do novo rei em Israel: o sumo sacerdote ungiu o rei e o declarou Filho de Deus (cf. 1Rs 1,39; 2Sm 7,14). O Cristo é o messias (rei ungido), descendente de Davi. Em Jerusalém, o rei Davi atuava também como sacerdote (2Sm 6,14s). Mas Davi era da tribo de Judá, não da tribo sacerdotal de Levi, a qual Moises e Aarão pertenciam. Por isso recorre-se a outra ordem do sacerdócio no Sl 110/109: “Tu és sacerdote para sempre na ordem de Melquisedec” (v. 6 citando Sl 110,4). Melquisedec era rei de Salém e “sacerdote do Altíssimo” (anterior a Aarão) que abençoou Abraão e lhe ofereceu pão e vinho. E Abraão, por sua vez, entregou-lhe o dízimo (Gn 14,18-20).

Assim Melquidesec era uma figura que servia para os judeus reconhecerem certo sacerdócio ao rei Davi e seus sucessores e seu direito de receber o dízimo do povo. Mas para os cristãos, Melquisedec prefigura o sacerdócio de Cristo (sem genealogia, cf. cap. 7) e podia ser associado ao sacrifício de Cristo (pão e vinho da Eucaristia).

 

 

Evangelho: Mc 10,46-52

Ouvimos hoje a cura do cego mendigo que segue Jesus após sua cura. Uma característica do evangelho de Mc é o segredo messiânico. O cego viu mais do que aqueles que não tinham problema de vista, i. é que Jesus é o filho de Davi, ou seja, o messias.

Esta cura do cego pouco se parece com a anterior (8,22-26). O episódio de Jericó, pelo grito do cego, prepara imediatamente a entrada em Jerusalém e se integra assim num bloco de quatro atos significativos de Jesus: cura do cego (10,46-52), acolhida triunfal (11,1-11), maldição da figueira (11,12-14) e purificação do templo (11,15-19; evangelho de amanhã). A esses atos seguirão as controvérsias com as autoridades e uma instrução para os discípulos sobre o futuro e o final.

A Bíblia do Peregrino (p. 2426) comenta: Através do realismo narrativo da cena impõe-se o paradoxo da situação. O cego, condenado por sua doença e reprimido pelo povo, percebe o que os outros não veem. Ouve mencionar Jesus de Nazaré, invoca o “filho de Davi”. A sua fé, embora imperfeita, é um órgão mais penetrante: “não tendo olhos vê”. Por ela receberá de Jesus o dom da visão recuperada. Nele cumprem-se as profecias: “verão a glória do Senhor… abrir-se-ão os olhos dos cegos” (Is 35,5; 42,7.18). Imediatamente “segue” Jesus, que mandara “chamar”. Um itinerário exemplar, de fé e iluminação, chamado e seguimento.    

Jesus saiu de Jericó, junto com seus discípulos e uma grande multidão (v. 46).

Para “subir” (v. 32) a Jerusalém partindo da Transjordânia (v. 1), Jesus tem de atravessar o Jordão e passar pela cidade das palmeiras, Jericó, refazendo de certo modo o itinerário dos israelitas (Js 3-6).

Jesus está cercado de uma “multidão”, provavelmente peregrinos que iam para a festa da Páscoa em Jerusalém (cf. Lc 2,41-50; Dt 16,16). Os judeus evitavam o caminho pela hostil Samaria (cf. Lc 9,51-55) e preferiam descer pelo vale do Jordão e a partir de Jericó, situado 250m abaixo do nível do mar, subir a Jerusalém passando pelo deserto da Judeia (cf. Lc 10,30).

O filho de Timeu, Bartimeu, cego e mendigo, estava sentado à beira do caminho. Quando ouviu dizer que Jesus, o Nazareno, estava passando, começou a gritar: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” (vv. 46-47).

Como não havia INSS na época, uma pessoa deficiente muitas vezes era mendigo para ter seu sustento. Em Mc, ele tem nome completo: “o filho de Timeu, Bartimeu”; nos relatos paralelos é anônimo (Lc 18,35; conforme seu costume, Mt duplica as pessoas e ainda o relato: Mt 20,30; 9,27).

Enquanto o povo de Nazaré não teve fé no seu conterrâneo Jesus como messias (cf. 6,1-6; cf. 1,9; 3,21.31-35), o próprio Jesus é conhecido como “nazareno” ou “nazoreu” (cf. Mt 26,71; Lc 18,37; Jo 1,45; 19,19; Apg 2,22; 3,6; 4,10; 6,14; 10,38; 22,8; 26,9). Em At 24,5, os cristãos são chamados assim.

O seu grito é uma confissão messiânica (cf. 8,29), Jesus é um descendente legítimo do rei Davi, o anunciado e esperado (Jr 23,5; 33,15; Zc 3,8); cf. a aclamação na entrada de Jerusalém em 11,10 e seu ensino no templo em 12,35-37 (sobre o Sl 110). “Filho de Davi” era título popular do Messias (cf. 11,10p; 12,35; Mt 9,27; 15,22; 20,30s; 21,9.15; Lc 3,23 etc.).

Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem piedade de mim!” Então Jesus parou e disse: “Chamai-o”. Eles o chamaram e disseram: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama!” (vv. 48-49).

Em Jericó, Herodes Grande (cf. Mt 2) tinha construído um palácio como residência luxuosa do inverno para escapar do frio em Jerusalém. Portanto, o grito do cego perto deste palácio tinha algo de subversivo (cf. vv. 47s). O grito do pobre na porta do rico incomoda (cf. Lc 16,19-21). O povo o repreende porque grita, pelo que grita.

Jesus, porém, ouve o grito do oprimido (cf. Ex 3,7) e manda chamá-lo. Como rei ideal, tem o dever de escutar e aliviar os pobres (Sl 72,12s). Jesus aceita a confissão, além de confirmá-la como brotada da fé (v. 52). O grito do cego prepara a aclamação do povo na entrada de Jesus como messias, descendente (filho) de Davi em Jerusalém (cf. 11,9s; “Hosana” em hebraico, significava “socorro, salve”).

O cego jogou o manto, deu um pulo e foi até Jesus. Então Jesus lhe perguntou: “O que queres que eu te faça?” O cego respondeu: “Mestre, que eu veja!” (vv. 50-51).

Jogar o manto, abandonar as vestes é sinal de agitação emocional, alvoroço ou pânico (cf. 2Rs 7,15). Em Jerusalém, muitos estenderam suas vestes pelo caminho para receber Jesus como rei (11,8p). Aqui o mendigo deixa para trás sua única posse, o manto para dormir à noite (cf. Dt 24,12s; Ex 22,25s).

A pergunta de Jesus a respeito do desejo do pedinte lembra o v. 36 e sublinha sua autoridade real que acabou de chamar o cego como que numa audiência.

O cego responde como um título respeitoso: “Rabuni” (no NT, ainda em Jo 20,16), uma forma mais respeitosa ainda que “Rabi” (9,5) denotando afeição. Mt e Lc (ou talvez já uma segunda edição de Mc, Deutero-Marcos, que Mt e Lc poderiam ter usado) converteram esta expressão em “Kyrie” (Senhor). A Tradução Ecumênica da Bíblia (p. 1942p) comenta:  Com este título respeitoso, “meu Senhor” (de “rab”: grande) dirigia-se a palavra aos doutores da lei, mas também a outros personagens. Dirigidos a Jesus (11,21; 14,442, cf. 10,51), este título é reproduzido em Jo 1,38 por mestre (grego “didáskalos). Pelos fins do século I, a palavra perdeu o valor vocativo e passou a designar os doutores da lei (donde o uso ainda atual da palavra “rabino”).

Jesus disse: “Vai, a tua fé te curou”. No mesmo instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho (v. 52).

Em vez de relatar um gesto de cura, é a palavra de Jesus que consta: “Tua fé te salvou”. Esta fórmula, já conhecida desde 5,34p (cf. Mt 9,22; Lc 7,50; 17,19), revela que o relato desta cura é uma história de fé e seguimento. Como Pedro, o cego declarou sua fé em Jesus como “Cristo” (messias, filho de Davi; cf. 1,1; 8,29); ele foi chamado por Jesus e abandonou sua posse (manto) como os primeiros discípulos (1,16-20; 2,14). Agora, curado, “seguia Jesus pelo caminho” a Jerusalém. Desta vez, não é necessário Jesus mandar calar sobre sua identidade messiânica e sua divulgação (segredo em Mc, cf. 1,25.34.44; 3,11s; 5,43; 7,36; 8,25.30; 9,9), porque Bartimeu segue Jesus para a cruz (cf. 8,34). Ele inverte a incompreensão de 4,11s (citado de Is 6,9s; cf. Jo 9,39-41).

Ele é o último discípulo que segue Jesus voluntariamente (pela menção dos filhos, podemos supor que Simão Cireneu, pai de Alexandre e Rufo, também se tornou discípulo, cf. 15,21).

A Nova Bíblia Pastoral (p. 1240) comenta: No início da cena o cego está “à beira” do caminho; ao final segue a Jesus “no” caminho, justamente quando Jesus está quase chegando a Jerusalém para seu confronto final com os poderes aí estabelecidos. A cura que Jesus proporciona ao pobre marginalizado o converte em modelo de discípulo.

O site da CNBB comenta: Existem muitas pessoas que passam por sérias dificuldades e sofrimentos, que resultam em exclusão social. O Evangelho de hoje nos mostra uma realidade muito triste: a maioria das pessoas que são excluídas da sociedade também são excluídas da Igreja e do próprio relacionamento com Deus. Vemos que os seguidores de Jesus, que deveriam contribuir com ele para que houvesse a inclusão de todos no Reino são os primeiros que excluem o cego Bartimeu, pois querem que ele se cale. O Evangelho de hoje exige de todos nós um sério exame de consciência sobre os nossos valores e sobre a forma como nós vemos a religião e o seguimento de Jesus para que, em nome dele, não excluamos ninguém. O Mestre chama, conduzamos até ele.

 

 

Voltar