30 de Setembro de 2020, Quarta-feira: alguém na estrada disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que fores.” Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça” (vv. 57-58).

26ª Semana do Tempo Comum 

Leitura: Jó 9,1-12.14-16

Entramos hoje no segundo discurso do sofredor Jó respondendo a seus amigos visitantes (cap. 9-10; cf. a lamentação do cap. 3 e o primeiro discurso dele nos cap. 6-7). O questionamento inicial de Jó ignora o discurso de Baldad (cap. 8) e retoma o discurso do amigo Elifaz (caps. 4-5) acerca de quem pode entrar em disputa judicial com Deus.

A Bíblia do Peregrino (p. 1076) comenta: Depois das razões insípidas de Baldad, espécie de parêntese irrelevante, Jó avança outro bom trecho em seu caminho audaz, olhando para si. Inútil deter-se em refutar Baldad: pode conceder tranquila e ironicamente o que ele falou e até mais, e pode competir com os amigos em cantar a grandeza de Deus. Qual a conclusão? Exatamente o contrário, a crueldade de Deus. Baldad proclamou a justiça de Deus concebida em termos de juiz que retribui a bons e maus; Jó o nega redondamente: quando envia suas calamidades, Deus não distingue entre inocentes e pecadores e, se distingue, é para favorecer os perversos. Mas não é essa a justiça que preocupa Jó, a do juiz imparcial. Cada vez mais se apodera do protagonista a ideia de um confronto com Deus, e que Deus seja intimado a comparecer e tenha de discutir e responder a Jó, tendo finalmente de reconhecer a inocência de Jó. O resto, comparado a essa vitória judicial, não importará, nem sequer a própria vida. Ao mesmo tempo que a ideia o penetra, Jó reconhece o despropósito do projeto: estaria Deus disposto a comparecer, a responder, a deixar-se vencer com os argumentos de Jó? Pela força, Deus o supera; argumentando, Deus o enreda; diante da justiça, Deus é soberano; uma tentativa de purificar-se seria vã. Contudo, a ideia do confronto persiste, e Jó sonha com o impossível: processar Deus diante de um tribunal superior. É absurdo, e no entanto mentalmente Jó compõe e pronuncia o discurso fingindo que faria contra Deus (cap. 10): é uma acusação implacável, baseada sobretudo na conduta de Deus com a própria obra; acusação de maus tratos e denúncia de perversas intenções secretas.

Na dinâmica da obra, o leitor deve ter sempre ante os olhos Deus que olha e escuta sem que Jó o veja. Finalmente, Jó dá razão a Satã? Amaldiçoa Deus nesse discurso? No plano de Satã não, porque este apostava que a religiosidade de Jó era interesseira, e aqui a relação de Jó com Deus é mais desinteressada que nunca, até o desprezo da própria vida. Tampouco suas palavras são uma blasfêmia despeitada; antes, expressam uma terrível sede de justiça, referida em última instância a Deus. Sim, as palavras de Jó não são um bendito resignado e simples, como no prólogo. Por baixo do desespero alenta a esperança; apesar de tudo, é em Deus que ele busca sua justiça.

Jó respondeu (a seus amigos e disse): “Sei muito bem que é assim: como poderia o homem ser justo diante de Deus? Se quisesse disputar com ele, entre mil razões não haverá uma para rebatê-lo. Ele é sábio de coração e poderoso em força; quem poderia enfrentá-lo e ficar ileso? (vv. 1-4).

Jó dá razão ao seu amigo Elifaz, repetindo suas palavras (4,17). Em seguida, transpõe a questão a outro plano, que o preocupa, o plano de Deus. Deus sempre tem razão: inútil discutir argumentar, enfrentá-lo. Mais grave. É uma razão que muitas vezes não entendemos. Contudo o homem, com Jacó em Gn 32, não recua em sua luta com Deus, embora saia sempre mancando.

Ele desloca as montanhas, sem que elas percebam e as derruba em sua cólera. Ele abala a terra em suas base se suas colunas vacilam. Ele manda ao sol que não brilhe e guarda escondidas as estrelas vv. 5-7).

À luz da profecia e da sabedoria, o autor apresenta um breve hino no estilo dos salmos (vv. 5-10) ao Deus criador das montanhas, do sol e das estrelas, com seu poder de abalar a terra e as montanhas (cf. 1Sm 2,8; Am 4,13; Mq 1,3; Jó 5,9; 38,6; Sl 75,4; 104,5). É o Deus terrível das teofanias cósmicas, que transtorna suas próprias criaturas: a firmeza das montanhas, o ritmo regular dos astros.

Terremoto e trevas se juntam com frequência na teofania (Hab 3; Sl 18; Is 13,10-13;24; Jl 2,10; 3,15-16; Jó 14,18; 18,4 e cap. 26). A terra repousa sobre “suas colunas”, que Deus “abala” e faz “vacilar” por ocasião dos terremotos (38,6; Sl 75,4; 104,5; 1Sm 2,8). Hoje sabemos que os terremotos são causados pelas placas tectônicas estão em movimento e se chocam por causa do cerne quente da terra. Os vv. 5-7 evocam as imagens escatológicas da época (cf. Am 1,1; 8,8s; Is 2,10; Jr 4,23s; etc.). “Guarda escondidas as estrelas” para impedi-las de aparecer e brilhar. Br 3,3-35 menciona a ordem inversa para brilhar.

Sozinho desdobra os céus, e caminha sobre as ondas do mar (v. 8).

O autor remonta dos fenômenos físicos atuais às origens da criação. Então Deus “desdobra os céus” (cf. Is 44,24; 51,13; Jr 10,12; 51,15; Zc 12,1) e “caminha sobre as ondas (lit. o dorso) do mar”, quer dizer, impôs-lhe seu império e dominou-o nas origens; a mesma expressão em Dt 33,29 (acerca da personificação do mar, cf. 7,12). Na mitologia da cidade antiga de Ugarit, o deus Baal tinha que vencer o deus monstro do mar (símbolo das forças do caos) para colocar ordem na criação. Trata-se do mesmo monstro marinho mencionado como antigo inimigo de Deus mencionado em 3,8; 7,12.

No NT, o relato de Jesus andando sobre o mar quer mostrar sua divindade (Mc 6,48p).

Criou a Ursa e o Órion, as Plêiades e as constelações do Sul (v. 9).

A “Ursa” é uma constelação que aponta para a estrela polar, “as Plêiades e o Órion” (cf. 38,31; Am 5,8) são constelações próximas da do touro. As Plêiades são um conjunto conhecido desde a Antiguidade como “Sete-estrelo”; o cinto do Órion é chamado no Brasil de “Três Marias”. As “constelações (celas) do sul” talvez sejam as câmaras do vento sul, conforme 37,9 e Sl 78,26. A identificação dessas constelações é apenas provável. A tradução grega lê: “aquele que fez as Plêiades e Vênus e Arcturo e as Câmaras do Sul”; a tradução latim (Vulgata): “Arcturo e Órion e as Híades e as Câmaras do Sul”.

Faz prodígios insondáveis, maravilhas sem conta (v. 10).

Jó termina a sua primeira parte citando outro versículo de Elifaz (5,9)

Se passa junto de mim, não o vejo, e quando se afasta, não o percebo. Se ele apanha uma presa, quem ousa impedi-lo? Quem pode dizer-lhe: O que está fazendo? (vv. 11-12).

Do cósmico passamos para o humano, da grandeza para a sutileza (cf. a presença de Deus na brisa suave em 1Rs 19). Estranha proximidade de Deus, palpável e imperceptível, próximo e invisível.

“Quem pode dizer-lhe: O que está fazendo?” (cf. 2Sm 16,10; Ecl 8,4). Nossa liturgia omitiu o v. 13: “Deus não precisa reprimir sua cólera, diante dele se curvam as legiões de Raab.” Rahab, monstro do caos, é a personificação mítica das águas primitivas (cf. 7,12; 26,12; Sl 87,4; 89,11; Is 30,7; 51,9). A Bíblia do Peregrino (p. 1077) comenta: Essas imagens completam a visão cósmica com um aspecto desconcertante, ou talvez a canalizem para essa aplicação irracional. Deus irado, vitorioso, prepotente. Como se Deus caçoasse da pobre teodiceia humana, e o homem tivesse de recorrer a imagens inumanas.  

Quem sou eu para replicar-lhe, e contra ele escolher meus argumentos? Ainda que eu tivesse razão, não poderia replicar, e deveria pedir misericórdia ao meu juiz. Se eu clamasse e ele me respondesse, não creio que daria atenção à minha voz” (vv. 14-16).

Ao deparar com essa irracionalidade opressora, Jó se refugia numa série de frases irreais, como possibilidades que a fantasia vai oferecendo e que a lucidez do sofrimento vai descartando.

Quem sou eu para “replicar-lhe”, i.é, defender-me? Esse verbo tem muitas vezes um sentido judicial: tomar a palavra na qualidade de testemunha ou para defender sua própria causa (as traduções grega e síria leem: não sou ouvido). Diante desse Deus todo-poderoso, que é ao mesmo tempo “juiz” e parte, Jó não pode recorrer às formas ordinárias e legais do procedimento humano. Jó chega até a duvidar de sua inocência (vv. 20s). Ele atenta mais na aparente arbitrariedade dos julgamentos de Deus (cf. v. 24) do que em sua infinita sabedoria que será defendida por Sofar no cap. 11. As suspeitas e questionamentos de Jó buscam quebrar a concepção que vincula sofrimento e culpa; ele rejeita a teologia da retribuição defendida por seus amigos. A conclusão que Jó tira da sua situação é que não tem absolutamente nada a perder ao falar direta e francamente com o próprio Deus (v. 35).

Evangelho: Lc 9,57-62

De 9,51 a 18,13, Lc se afasta do roteiro de Mc e junta material da fonte Q e material próprio numa viagem de Jesus a Jerusalém que se estende por quase dez capítulos e pode ser considerada a peça central do terceiro evangelho.

O evangelho de hoje tem seu paralelo em Mt 8,19-22, é da fonte Q (comum com Mt), mas Lc acrescentou a terceira cena. A Bíblia do Peregrino (p. 2489) comenta o evangelho de hoje: Três cenas de seguimento ilustra o começo da marcha de Jesus. São personagens anônimas, típicas. A primeira e a terceira tomam a iniciativa sem serem chamadas, a segunda é Jesus quem a chama. Nos três casos, é decisiva a prontidão, o desprendimento de outros vínculos, a disposição de enfrentar o desconforto. Tudo isso dominado pelo desejo de seguir em companhia do Senhor.

Não se deve iludir, pois o seguimento de Jesus é exigente. As respostas de Jesus são radicais. Ao primeiro candidato, Jesus enfrenta com a dificuldade de não ter lar; ao segundo, Jesus não lhe permite distrair-se. Ao terceiro recomenda a mesma atitude firme de seguir em frente que caracteriza o início da subida a Jerusalém (9,51).

Enquanto estavam caminhando, alguém na estrada disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que fores.” Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça” (vv. 57-58).

Os rabinos (mestres judaicos) costumavam acolher discípulos em suas casas que funcionavam como escolas. Mas Jesus é pregador itinerante (4,43p). Diversamente de Mc e Mt, Lc nunca mostra Jesus em casa que seja própria dele ou de seu grupo (cf. 5,29p). Jesus se aparece com o patriarca Jacó na paisagem pedregosa de Betel, onde “pegou uma pedra do lugar, colocou-a como travesseiro e deitou-se naquele lugar” (Gn 28,11). Pr 27,8 compara o “vagabundo longe do lar” com o “pássaro que fugiu do ninho”. O salmo da criação canta, entre outras coisas, as habitações de aves e animais (Sl 104,12.17s; sobre as raposas, cf. Sl 63,11; Ez 13,4). No decorrer da viagem, Ben Sirac considera desonroso e desgraçado viver de esmola (Eclo 40,28-30).

Seguir Jesus é caminhar sem pátria nem lar. Jesus fala sobre os pássaros e os lírios que o Pai celeste alimenta e veste (12,22-31; cf. Mt 6,25-34). Assim deve ser a pobreza quotidiana do pregador itinerante, do discípulo missionário cuja primeira preocupação não é alimento nem vestimenta, mas é “o reino de Deus, e essas coisas vos serão acrescentadas” (12,31).

Nem um lar o Filho do homem tem! O termo “Filho do homem” pode significar simplesmente “ser humano” (em hebraico: “filho de Adão”; cf. Sl 8,5; Ez 2,1 etc.), assim Jesus queria dizer: “Até os animais tem tocas e ninhos, mas eu, como ser humano, não tenho residência fixa.” Mais provável, porém, é o significado apocalíptico que vem de Dn 7,13s, onde um ancião (Deus) entrega o reino de Deus a um “filho do Homem que vem nas nuvens” e “cujo reino não terá fim” (citado no anúncio à Maria, cf. Lc 1,32s); ele contrasta com as bestas-feras dos reinos pagãos. Em Dn 7,29, este Filho do Homem é identificado com o “povo dos santos”. Em alguns círculos judaicos (por ex. no livro apócrifo do Apocalipse de Henoc), este Filho do Homem foi identificado como indivíduo: é o Messias que virá e julgará o mundo no final dos tempos (cf. Mc 2,28p; 8,38p; 9,9p; 13,25p; 14,62p; Lc 11,30p; 12,8.40p; 17,22-30p; 18,8; 19,10; 21,27p.36; Mt 13,41; 25,31).

Jesus não podia ser acusado ou preso por utilizar este título “filho do homem”, por causa da ambiguidade do significado, mas o aplicou a si mesmo com predileção, não só para indicar sua futura glória celeste, mas também para expressar sua humilhação humana (cf. anúncios da paixão em Lc 9,22.44; 18,31p; 22,22p; 24,7; cf. Jo 3,14).

O discípulo que queria seguir Jesus no texto não vai entender o pleno significado da resposta (antes da Páscoa), mas para o leitor cristão de Lc (depois da Páscoa) se esclarece. O Filho do Homem, aquele que ressuscitou e voltará para julgar o mundo, tinha que viver na pobreza absoluta e sem lar. Aquele que “vem das nuvens” (21,27p; cf. 22,69p), é do céu, aqui na terra não tem lar. Já seu nascimento se deu no caminho, fora de casa no meio de animais, “não havia lugar na hospedaria” (Lc 2,7). O Filho de Deus se fez verdadeiro homem (filho do homem na carne humana; cf. Jo 1,1.14; Fl 2,5-8) e mostra através da sua pobreza, que seu “reino não é deste mundo” (cf. Jo 18,36).

Não se deve interpretar mal o texto e trocar a exigência da pobreza (cf. 14,33; 18,22p) pelo trabalho sem descanso (cf. Jo 5,17). Jesus viveu pobre, não estressado.

Jesus disse a outro: “Segue-me.” Este respondeu: “Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai.” Jesus respondeu: “Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu, vai anunciar o Reino de Deus” (vv. 59-60).

Em Mt 8,21s, é o discípulo quem se apresenta. Em Lc, é Jesus quem toma a iniciativa de chamá-lo, como em 5,27 e Mc 1,17p; ele o envia para anunciar o reino de Deus.

O homem chamado queria “primeiro ir enterrar meu pai” e assim cumprir um dos deveres mais sagrados do judaísmo e do helenismo como se lê nos relatos patriarcais (cf. Gn 23, a única terra que o nômade Abraão adquiriu foi para enterrar sua esposa) e no livro de Tobias (Tb 2,3-8; 4,3-4; 14,10-13).

A resposta de Jesus numa forma paradoxal é chocante, como um provérbio paradoxal joga com o duplo sentido (físico e espiritual) da palavra “morto”. Quem só conta com esta vida (como os saduceus, cf. 20,27; At 23,8), recebe ao final honras fúnebres, mas Jesus vem trazer uma vida nova (cf. 5,36-39p). O que acabou, acabou (cf. Hb 8,13; Ap 21,1.5).

Jesus se posiciona em favor do mandamento “honrar pai e mãe” (18,20p; cf. Mc 7,10-13p), mas aqui fala da ruptura com a própria família, ruptura que ele mesmo realizou (8,19-21p; 11,27p) e exige dos seus seguidores (14,26). A comunidade a experimentou também após a páscoa (18,29-30p). Mas esta atitude radical combina com o amor e a piedade? Mais uma vez se trata de manifestar o contraste entre este mundo e o reino de Deus. Quem segue a Jesus, deve ser sinal do reino com suas palavras e seu estilo de vida (20,34-36; cf. Jr 16,1-9;).

Os que confiam seu horizonte a esta vida mortal é que se ocupem de enterrar; eles por sua vez serão enterrados. Jesus chama a uma vida nova, ele é “a ressurreição e a vida” (Jo 11,25). Se o discípulo chamado voltar atrás para se despedir da sua família (como Elias permitiu, cf. 1Rs 19,19-21; Lc 9,61s) e participar do luto familiar, perderá a chance de acompanhar Jesus a Jerusalém e testemunhar sua morte e a ressurreição. Se o discípulo seguir sem olhar atrás agora, poderá consolar sua família (e muitos outros) futuramente com a mensagem da ressurreição e da vitória de Jesus sobre a morte, ou seja, “anunciar o reino de Deus” (acréscimo próprio de Lc, cf. Mt 8,22). Os mortos estão com Ele, com Ele viverão (cf. 20,38p).

Um outro ainda lhe disse: “Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares.” Jesus, porém, respondeu-lhe: “Quem põe a mão no arado e olha para trás, não está apto para o Reino de Deus” (vv. 61-62).

Os dois primeiros diálogos se encontram também em Mt; este terceiro é próprio de Lc. Dá aos três um sentido particular, colocando-os na perspectiva da partida de Jesus, exatamente antes do envio dos setenta e dois discípulos (10,1-16). O candidato ao discipulado o chama de “Senhor”, uma expressão de fé comum em Lc (cf. 5,8.12; 7,6 etc.; cf. At 2,36; Fl 2,11).

Estes dois versículos evocam o chamado de Eliseu (enquanto arava a terra) por Elias (1Rs 19,19-21); Lc já aludiu a Elias nos vv. anteriores (v. 54; cf. a ressurreição do filho da viúva em 7,11-17 com 1Rs 17,17-24). Mas Jesus é mais importante e mais exigente que Elias, que deixava o seu discípulo despedir-se dos seus. Quem ara, segura com a mão a rabiça, olha para frente para traçar um sulco reto. Olhar para trás foi a fatalidade da mulher de Ló (Gn 19,26).

“Não está apto para o Reino de Deus”, para “entrar” nele (cf. 18,24-25p) ou para “anunciar” o Reino de Deus como no v. 60 (cf. 4,43; 8,1; 9,2.11; 16,6).

O site da CNBB comenta: Seguir Jesus significa muito mais do que ser um repetidor doutrinário, significa ser capaz de assumir o seu Projeto como algo próprio, ser capaz de olhar para o futuro e visualizar o Reino de Deus, fundamentar a própria existência nesse Reino, fazer da esperança da sua realização o motor propulsor da própria vida e entregar-se de corpo e alma, com tudo o que se é e que se tem na luta em prol da plena realização desse Projeto, renunciando a todas as conquistas humanas obtidas e a todas as formas de segurança que este mundo pode oferecer. É ser totalmente livre de todos os apegos deste mundo para amar a Deus de forma total e exclusiva e fazer desse amor a grande motivação da construção do Reino e a causa da própria felicidade.

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