Artigo: Gestão de Relacionamento na Dinâmica de lançar as sementes do verbo

A Arquidiocese de Belo Horizonte, orientada por seu primeiro servidor, dom Walmor Oliveira de Azevedo, e no compromisso de inovar e avançar nos trabalhos de evangelização, caminha para implantar seu sistema de CRM – sigla do termo em inglês Customer Relationship Management. Em livre tradução: Customer (cliente), Relationship (relação) e Management (gestão). A ferramenta está sendo delineada nas reuniões semanais da Comissão da Construção da Catedral Cristo Rei, que ocorrem às quintas-feiras, na Cúria Metropolitana.

Podemos dizer que CRM é uma estratégia para gerenciar todos os relacionamentos e interações entre uma instituição e seus públicos. Isto significa dedicar mais atenção ao planejamento e à gestão dos diferentes modos de interagir. Para ajudar a entender melhor o CRM, um exercício oportuno é se recordar do passado e perceber como éramos, sutilmente, observados e conhecidos, a partir do que comprávamos, ou do modo como nos comportávamos nas escolas.

No passado, em empórios, vendas, armazéns, casas comerciais, tudo o que um cliente comprava era registrado em um pequeno caderno – a caderneta de registro. Lá estava discriminado tudo o que foi adquirido e o valor de cada item. Ao final do mês, o cliente, após receber seu salário, quitava a sua dívida. Mas caderneta de registro era bem
mais do que um simples controle a respeito de dívidas. O dono do estabelecimento, ao anotar todas as compras de seus fregueses, conseguia identificar hábitos de consumo. Assim, ele negociava com seus fornecedores exatamente os produtos que, de fato, eram importantes para seus clientes.

O dono da venda sabia quais mercadorias eram mais requisitadas, conhecia também o valor que cada pessoa gastava em sua loja e tinha como estimar a renda de seus fregueses. Até as datas de aniversário, de casamento e de batizado dos clientes eram registradas nas cadernetas. Por conhecerem bem seus fregueses, os comerciantes
conseguiam oferecer novas mercadorias, enviavam para as famílias os produtos que possivelmente teriam boa receptividade. Percebe-se que as cadernetas de registro mensal eram fonte de inúmeras informações para o dono do comércio.

De modo semelhante, as cadernetas de estudantes eram valioso instrumento para as escolas conhecerem seu público. Nestas cadernetas estavam reunidas a identidade do aluno, a filiação, o endereço, a presença e a ausência nos dias letivos e as notas. Continha o currículo do aluno matriculado. Era um documento que permitia fazer
inúmeras leituras sobre o perfil dos estudantes.

Hoje, os tempos são bem diferentes, especialmente porque em vez das cadernetas, temos inúmeras possibilidades oferecidas pelas tecnologias digitais. E a partir dessa realidade, precisamos integrar o CRM em nossas dioceses, paróquias, comunidades, pastorais e movimentos, para conseguirmos enxergar melhor quem são os nossos paroquianos ou quem é o povo de Deus do qual somos pastores. Necessitamos identificar o perfil de nossas assembleias dominicais, semanais e esporádicas, para servirmos melhor – com mais eficácia e eficiência.

A Igreja precisa qualificar, continuamente, os modos de interagir com os fiéis, para evangelizar com mais ardor. Com o CRM, é possível “sentir melhor o cheiro do nosso rebanho”, como nos convoca o Papa Francisco, valendo-se de ferramentas gerenciais. Adequando-nos à cultura contemporânea, necessitamos de softwares de CRM que permitam às dioceses, paróquias e comunidades gerenciarem melhor todas as interações com seus paroquianos atuais e futuros. O CRM fornece dados sobre a história de vida dos fiéis, bem organizados, e permite à Igreja, a partir de qualificada interação com diferentes públicos, conquistar ainda mais credibilidade. A maioria dos CRMs tem recursos para gerenciar nomes, e-mails, números de WhatsApp, dados sobre frequências às Missas, pastorais, instituições sociais vinculadas à Igreja e muitas outras informações. A partir dessas ferramentas, na interação sistematizada com fiéis, podemos obter feedbacks e descobrir pontos que merecem ser aprimorados na dinâmica da
evangelização, por exemplo.

Bill Gates nos ensina: “O modo como coletamos, gerenciamos e utilizamos as informações irá determinar se ganhamos ou perdemos”. A Igreja precisa entender esse novo paradigma. Necessitamos de ações positivas, diálogo aberto e respostas rápidas para criarmos novas estruturas pastorais. Assim, “a renovação missionária das paróquias
exige de nós imaginação e criatividade para chegar às multidões de afastados” (DAp, 173).

Requer-se imaginação para fazer com que nossas paróquias tornem-se comunidades de comunidades, em que os fiéis leigos e ministros ordenados participem da conversão pastoral e da ação missionária, com o objetivo de evangelizar todas as pessoas. Exige-se criatividade, para que as paróquias efetivamente sejam células vivas
da Igreja (cf. DAp, 17), descentralizando suas atividades (cf. DAp, 365, DGAE 101). Assim, as comunidades paroquiais poderão atender melhor as pessoas, preparar agentes de pastoral com novas mentalidades, formar discípulos missionários, sendo lugar da acolhida, da oração, da Palavra e da Eucaristia.

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